"A Toman não é o lugar certo para você ter experiências que o ajudarão a crescer como adulto. Então todos, por favor, embarquem em jornadas para achar seus valores. Eu também perseguirei a minha própria para achar o que é importante para mim. E, tal...
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Setembro de 2005
A garota de cabelos compridos com mechas descoloridas nas pontas, batom suave cobrindo os lábios e vestindo suas melhores roupas, cruzou os braços e bateu o pé impaciente. O sol escaldante daquela tarde fazia com que a espera parecesse ainda mais longa.
"Eu não vou recebê-lo amanhã. O Mikey sabe que essa é a data de soltura do Kazutora e eu não tenho certeza se ele vai simplesmente ignorar esse fato. Preciso estar ao lado do Mikey para evitar que o pior aconteça. Além disso... sei que eu iria só atrapalhar o 'reencontro' de vocês."
Ela se lembrou das palavras que ouviu do irmão na noite anterior e olhou no relógio do celular mais uma vez. A ansiedade a cada minuto mais acentuada.
A jovem de apenas quatorze anos, parada na calçada diante da saída do Reformatório de Tokyo, esperava por aquele momento pelos últimos dois deles. A expectativa de poder tocá-lo, sentir seu cheiro, ouvir sua voz e encará-lo nos olhos sem supervisão ou a placa de vidro os separando percorria seu corpo e estacionava no estômago, como o bater de asas de dezenas de borboletas.
E não era apenas isso. Shiori tinha algo importante para dizer, algo que nem mesmo Baji sabia. E que, no fundo, era a verdadeira razão para seu nervosismo.
O portão se abriu. O jovem de cabelos negros rebeldes, estampados com mechas louras, atravessou a saída para a rua e observou o ambiente à sua volta, sem demonstrar emoções.
Ele estava diferente da última vez que se viram e, por um instante, a garota se perguntou como o namorado conseguiu tintura de cabelo no reformatório, se não foi ela mesma quem levou. Mas ele estava indiscutivelmente bonito e o entusiasmo se sobrepôs a qualquer dúvida.
"Kazutora-kun!!!!" ela não pode se segurar. Os movimentos automáticos, como uma reação à saudade acumulada que já não conseguia mais conter, a impulsionaram.
Shiori correu, pulou e o abraçou.
As mãos de Kazutora percorreram a cintura e estacionaram sobre as costas para acolher o corpo dela. Foi um toque gentil. Ela sentia tanta falta disso que nem percebeu que aquele abraço foi bem menos apertado do que se esperaria de alguém que estava há dois anos sem receber contato físico de quem gostava.
"E o Baji?" ele se desfez do abraço para encarará-la.
"Bom... o aniki não pôde vir hoje... mas está ansioso para ver você!"
"Entendo. Ele está com o Mikey, não é?" apesar de melancólico, Kazutora não pareceu surpreso.
"O que?!... Não! Quer dizer... sim. Mas o aneki só está preocupado com como o Mikey-kun vai reagir em relação à sua soltura. Não sabemos se ele ainda guarda rancor ou quer se vingar de você. O Keisuke-anii só quer te proteger."
