Quando a chama da fé nos anjos pareceu curvar-se perante a escuridão, Ele soube que precisaria ir atrás dos escolhidos.
Thiego, Beatriz, Alice e Lorenzo estavam em quatro cantos do mundo, espalhados para que suas chances de serem descobertos fossem...
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Por muito tempo acreditava-se que a corrupção era uma característica inerente e exclusiva dos mundanos. No entanto, até aqueles que carregam o sangue celestial podem se perder um dia. E foi exatamente o que aconteceu.
Aqueles que foram chamados de shadowhunters se esqueceram de seu propósito. Perderam a fé nos Anjos. Mas Ele tinha um plano. Um plano que poderia abalar aquela estrutura avessa que os nephilins corruptos tinham construído.
O primeiro pilar desse sistema se concentrava no Instituto do Chile.
Passava da meia noite, quando um homem caminhava de um lado para o outro dentro de sua sala, sem conseguir dormir. Fechar os olhos era um risco no qual não estava disposto a correr. As fofocas vieram até ele como sopros de vento em uma noite de primavera, quase sem forças. Mas no fundo sabia que nem mesmo os mais inofensivos sussurros deveriam ser ignorados. Muitos caíram por menos.
O homem soube, através de um vampiro qualquer, que o arcanjo foi avistado vagando pela terra. Ele desconfiou que seus motivos não fossem os mesmos. Não era coincidência que o Anjo estivesse por perto exatamente no momento crucial de uma possível aliança com o Instituto da França. "Qualquer aliança cujo propósito não seja a intenção de iniciar uma guerra, é sem sentido e inútil", uma vez disse Adolf Hitler, e não poderia ser mais verdade. Ele gostava daquela frase e sabia que o Anjo era inteligente o suficiente para desconfiar de suas motivações.
Ele se sentou na enorme cadeira do Instituto, que estava sob seu comando, e massageou as têmporas em busca de uma solução rápida para descobrir quem eram os escolhidos do Anjo, que barravam o seu avanço. Os demais caçadores, aliados à sua causa, estavam cobrando um posicionamento, cansados de sobreviverem à hierarquia, que eles julgavam desleal, dos celestiais. O homem acreditava que eles eram como peões, descartáveis e de fácil reposição. Ele conseguia enxergar a liberdade cada vez mais próxima, no entanto, sabia que o arcanjo havia farejado suas intenções, mesmo de longe.
— Santiago? — O homem levantou os olhos e encarou seu fiel companheiro parado no batente da porta do escritório.
— Vá dormir, meu amor — respondeu. — Não vou demorar muito mais. — O rapaz que estava parado à porta deu um sorriso fraco e caminhou na direção de Santiago.
— Você não consegue mais me enganar com suas palavras. Sei que não irá dormir enquanto não descobrir uma forma de encontrar os escolhidos... — Ele se sentou em uma das cadeiras à frente do caçador, mexendo em uma decoração qualquer da enorme mesa de mogno que os separava. — E se for apenas coincidência? — sussurrou, com medo da reação do outro.
— Ricardo. — Ele deu um suspiro, inclinando-se sobre a mesa. — Sei que não é uma coincidência. Os vampiros viram quando o arcanjo raptou uma mulher loira. Ele sabe que não pode confiar em qualquer um, está encurralado. Muitos estão contra as ordens divinas, pois sabem que somos usados pelos anjos e estão cansados... Ele está armando algo, escolhendo humanos para um propósito que ainda não sabemos qual...
