TATO HIPNÓTICO PARTE I

20 4 0
                                    

Sei que deveria estar acostumado aos efeitos fortes da minha medicação, mas quando acordei àquela manhã, senti que meu cérebro estava prestes a explodir

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

Sei que deveria estar acostumado aos efeitos fortes da minha medicação, mas quando acordei àquela manhã, senti que meu cérebro estava prestes a explodir. Abri meus olhos devagar, esperando encontrar o cenário branco e esterilizado que chamava de quarto. No entanto, deparei-me com uma leve penumbra e um chão duro e, por um segundo, pensei que os enfermeiros tinham me deixado no depósito atrás do hospital.

Mas por que diabos eu estaria no depósito? Por que eles me deixariam aqui? Será que era algum tipo de brincadeira? Idiotas, eram eles que deveriam estar internados e não eu.

Lutando contra aquela dor latejante em minha cabeça, levantei-me, devagar, sentando-me no chão. A primeira coisa que reparei foi as minhas roupas. Não estava usando o uniforme cinza desbotado que os pacientes do Hospital Psiquiátrico Santa Bárbara usavam. Estava vestido com uma calça jogger com estampa militar escura, uma camisa e um casaco de couro preto.

Ok, acho que os enfermeiros foram longe demais.

Foi quando reparei na segunda coisa: uma marca estranha e escura tatuada no dorso da minha mão direita.

— Mas que merda é essa?! — exclamei, esfregando a figura com meu polegar, mas, infelizmente, a tinta não saía. A marca tinha cinco pontas, quatro delas curvas e uma central pontiaguda. Havia um círculo em sua base, no qual uma espiral rodava dentro dela.

Por que tinham tatuado aquilo em mim? Será que eles estavam loucos?

E por fim, ergui meus olhos ao meu redor e reparei na terceira e última coisa, que me deixou completamente extasiado:

Não estava no depósito do hospital.

Na verdade, não fazia nem ideia onde eu estava.

Encontrava-me no meio do que parecia ser uma cabana de madeira, com várias aberturas laterais. Havia uma trilha pavimentada estreita que atravessava a mesma, como se ali fosse o trajeto de alguma coisa. Ouvi grasnados altos vindos do lado de fora da cabana. Pareciam patos ou gansos, não sabia dizer.

Desviei meus olhos de um lado para o outro, tentando entender como tinha ido parar ali. Será que estava perdido dentro de alguma fazenda perto da minha cidade? Bom, nem tinha como saber. Fazia cinco anos que não via minha cidade, mas... Não, aquilo era muito esquisito.

Ouvi alguns passos se aproximando atrás de mim.

— Il est là — alguém disse. Sentado e ainda com um pouco de dor, me virei. Uma mulher usando roupas de corrida me encarava, receosa. Ela estava acompanhada do que parecia ser um policial, mas aquele uniforme...

Não era um uniforme de policiais brasileiros.

Meu Deus, onde será que eu estava?

O policial deu alguns passos na minha direção e se agachou para ficar com os olhos na minha altura. Senti um nervosismo tomando conta de mim. Nunca gostei de policiais. E se ele soubesse que eu era um paciente psiquiátrico? E se me obrigasse a voltar para o hospital?

Os Escolhidos de RazielOnde histórias criam vida. Descubra agora