Capítulo 3

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CLARISSA ARANTES

Estamos a vinte minutos na mesma posição, eu estava em pé com o pequeno garotinho nos braços enquanto ele tinha seu rostinho apoiado em meu ombro, Daner estava sentado a minha frente, apoiando seus cotovelos em cada joelho seu, enquanto meio curvado, olhava para o chão e Andrew estava ao seu lado, segurando a bebê que estava quase dormindo.

Não tínhamos reação e ficamos em silêncio o tempo que conseguimos, apenas pensando.

Mas quando olhei para o bebê em meu colo, desespero me encheu. O pequeno mini tyler tinha seus olhos cheios de lágrimas, seu lábio inferior estava tremendo e eu sabia que um choro estava por vir.

- Merda... - Eu Sussurrei, fazendo meus dois amigos me encararem no mesmo instante confusos.

O bebê ao meu colo começou a chorar, sua boca se abrindo em um grito agudo e insistente, e logo, como se fosse algo de gêmeos, a pequena garota também começou a gritar enquanto lágrimas escorriam por suas bochechas.

Eu comecei a balançar calmamente o mini tyler mas Andrew não estava tão calmo como eu, seu rosto era em puro desespero, ele me encarava com seus olhos arregalados, ele não sabia o que fazer.

- Fome. - Eu cheguei a conclusão - Daner, vá até o supermercado mais próximo, traga leite de bebê, ele é em pó - Avisei, sabendo que Daner ficaria perdido sem nenhuma instrução - E traga mamadeiras também e fraudas.

Daner não se mexeu, ele continuou na mesma posição enquanto me encarava assustado.

- Isso é o essencial, mas você tem dinheiro suficiente para comprar mais coisas, então faça isso. - Ele ainda me encarava em silêncio - Traga tudo o que achar necessário para os gêmeos e tente não demorar.

Eu estava citando ordens porquê sabia que Daner não conseguiria pensar por si mesmo no momento, ele estava tão assustado quanto Andrew e não estávamos nem a duas horas com os gêmeos.

Daner se levanta mas não caminha até a porta como eu imaginei, ele vai até o balcão da cozinha, pega sua carteira a volta para onde estou parada, o olhando atentamente enquanto o choro duplo e insistente é reproduzido pela sala. Meu amigo Daner abre sua carteira de couro escuro e dela tira seu cartão, preto fosco que já usei tantas vezes, coloca o fino cartão sobre a mesa de centro, e em seguida, se senta no lugar que estava antes.

- Não. - Eu digo, recusando o pedido silencioso dele.

- Não posso fazer isso, eu... - Daner passou suas mãos por seus cabelos ruivos, ele estava nervoso e com medo - Eu não sei como fazer isso. - Confessa.

Meu amigo não se referia apenas a compra, ele estava falando sobre toda a situação, ele estava realmente com medo. Eu suspirei alto, não brava ou decepcionada com ele, longe disso, foi por pura compreensão porquê a alguns anos eu estava na mesma situação, não pelo mesmo motivo, mas eu tinha o mesmo pensamento.

- Você consegue, tá legal? - Eu disse, eu confio em Daner e em todo seu potencial, ele não irá falhar com nenhuma missão que eu der para ele. - Só precisa trazer o que eu pedi.

- Talvez seja melhor você ir - Andrew se intrometeu, recebendo meu olhar raivoso como resposta - Não estou dizendo que ele não consegue - Ele se corrige e então meu olhar suaviza - Só acho que você saberá exatamente o que comprar, marcas e essas coisas.

Dois bebês e quatro amigosOnde histórias criam vida. Descubra agora