Capítulo 15

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CLARISSA ARANTES

Uma vez, li em livro tosco e velho, sobre o batom ser a arma fundamental de qualquer mulher e mais do que nunca, precisava estar armada e pronta para enfrentar o mundo.

O céu acordou nublado e Nova York nos surpreendeu com o dia frio, o jornal local falava ao fundo, soando da televisão – Exageradamente grande – da sala de estar, ecoando por todo o apartamento. As crianças corríam pelos corredores, vestidos para a escola e os gritos se juntavam com as falas do jornalista.

Ignorando qualquer ameaça, barulho, gritos ou tropeços que rolava fora do meu quarto, destampei meu batom vermelho e passei com delicadeza até que estivesse completamente satisfeita. Dando um passo para trás, sorri para meu reflexo, eu estava pronta.

Os saltos batiam contra o chão de mármore, me trazendo a breve sensação de controle e poder, atravessei o corredor precisando me desviar de um carrinho de brinquedo e algumas bonecas, três para ser mais precisa. Era como se tudo o que tivesse acontecido na noite anterior, fosse passado, mas todos nós sabiamos que não era isso.

— Mamãe! – Violet correu até onde eu estava, segurando minha calça de alfaiataria enquanto me puxava para a sala.

— Bom dia, querida. Você está linda com essa roupa. – O conjunto de moletom preto fazia a pele branca da minha filha se realçar, ela sorriu timidamente como a criança que era e saiu correndo, antes que eu a elogiasse novamente.

— Oi, mãe. – Hades me disse ao fundo, seu rostinho me recebeu com um leve sorriso e um aceno de mão ao longe. Retribui suas saudações da mesma forma.

Atravessei a bagunça que a sala comum estava, sorrindo ao ver que pelo menos se divertiam juntos. Ao chegar a cozinha, Andrew me entregou uma xícara cheia de café quente.

— Cadê os outros dois?

— Tyler foi treinar e Daner está finalizando um projeto importante, teve que sair cedo. – Andrew sorriu enquanto me respondia, desviou seus olhos dos meus e encarou os gêmeos, enquanto tomava seu café.

— Não vou trabalhar hoje. – Eu levava meu trabalho a sério, mesmo que os motivos da minha contratação seja para benefícios do meu amigo, gostava da empresa e dos negócios, estava frequentemente no escritório e cumpria meus horários, mas hoje eu não sentia forças para um dia de trabalho e era grata por, atualmente, ser tão privilegiada assim para decidir não ir.

— Claro, tire o tempo que quiser. – Ele ainda não me olhava, sorria para as crianças e quando achei que voltaria a falar, tomou um longo gole de café, como se para lhe dar coragem, e engasgou logo em seguida.

Confusa, segui a direção que encarava e me deparei com Violet encima do sofá, balançando os braços enquanto olhava para Hades, fingindo golpear o ar. Meu filho, por outro lado, a olhava confuso e pude observar quando disse baixo:

— Não acho que esteja fazendo certo, Vi.

Ofendida, ela parou no mesmo instante, encarando de cima seu irmão  — Cale a boca, idiota! eu te defendi assim.

— Tudo bem, podemos para por aqui. – Eu sentia vontade de rir, mas não podia, meu pequeno menino a olhava pensativo e parecia magoado. – Vamos, crianças!. – Caminhando até eles, peguei Violet a colocando no chão e apontando para a porta.

Dois bebês e quatro amigosOnde histórias criam vida. Descubra agora