Capítulo 16

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Era contraditório o quão ensolarado estava o dia, o calor aquecia a todos na cidade e o começo da tarde era tão agradável que os moradores de Nova York se viam tentados a largar os compromissos, bem no meio da semana.

Sete exatos dias passaram-se, os jornais haviam arrumado outra pessoas para ser manchete e a nova escola com muito mais preparo para o gêmeo menino, estava ansiosa para recebê-lo. Diferentemente do mesmo, que via a futura nova rotina como algo tedioso e de insignificância, já Violet não conseguiu se chetear por muito tempo com o irmão. É Claro, uma semana era tempo demais para jovens crianças, mas não para os adultos, que se concentravam em um mesmo pensamento:

A mãe biológica. 

Clarissa segurou a mão que Tyler a ofereceu enquanto caminhavam até o carro, e a manteve ali por todo o trajeto, até que estivessem em frente a um apartamento pobre da zona periférica. A mulher não sentia nada ao olhar em volta, já o homem ao seu redor estava conflituoso entre pena ou temor de que tudo fosse manipulação.

O encontro com Sabina estava para acontecer, Hades vestia roupas básicas mas visivelmente caras, não sentia qualquer emoção além de uma incerteza ao fundo de sua mente. Não se sentiu a vontade para segurar a mão da mulher que o criou, ato que para ele foi apenas uma ação inocente baseada em seu querer, mas que para sua mãe foi visto e sentido como rejeição.

Tyler viu seus tenis brancos tomarem uma coloração terrosa enquanto caminhavam, a sujeira o incômodou por um instante, até que decidiu ignorar. Seus dedos da mão direita estavam entrelaçados ao da mulher alta ao seu lado, e seu filho os acompanhavam em silêncio.

O elevador era antigo, um espelho manchado e muito riscado refletia o reflexo da família, ao sentir um aperto forte de Clarissa, o homem de cabelos loiro escuro a olhou sorrindo para passar alguma segurança. Com um alto chiado, as portas de ferro se abriram e um corredor longo e mal iluminado pode ser visto.

Antes de bater na porta de madeira escura com o número de identificação correto, Tyler respirou fundo e disse:

— A hora que quiser ir embora, sem explicações ou qualquer comentário, apenas diga que quer ir embora e iremos, tudo bem? – Seu olhar encarava a criança loira, que apenas acenou com a cabeça em confirmação.

TYLER ARANTES

Eu não gostaria de estar aqui, o lado pobre e fodido da cidade, mas Clarissa não queria essas memórias gravadas nas paredes da nossa casa, mesmo não entendendo seu raciocínio, concordei em irmos até a mulher, e eu descobriria futuramente que a única coisa certa da qual fizemos foi impedi-la de entrar em nosso lar.

Um restaurante não era viável, um local público do qual poderia nos sujeitar a exposição gratuita e desnecessária. Portanto, aqui estávamos, vendo a porta de madeira escura e velha sendo aberta aos poucos após um única batida.

— Oi, Tyler. – Eu não gostei de seu tom, foi provocativo e senti meus braço se arrepiarem em agonia, seu olhar demorou em meu rosto até que ela sorriu ladino e escaneou a mulher ao meu lado.

Clarissa não expressou qualquer reação, sendo logo ignorada pela mexicana que cravou sua atenção em Hades.

— Oi, querido... – Ela abaixou-se levemente, tentando ficar na mesma altura que o menino.

Eu não saberia dizer que efeito isso teve em meu filho, ele só a olhou por tempo suficiente para que ela ficassem envergonhada arrumando sua postura, vendo-o não ter reação, nos convidou para entrar.

Dois bebês e quatro amigosOnde histórias criam vida. Descubra agora