Capitulo 14

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Após um longo banho, Clarissa limpou as feridas do filho e o colocou para dormir, logo indo fazer o mesmo com Violet. Clari limpou e colocou gelo na mão vermelha e levemente inchada da filha e, como havia feito com o outro gêmeo, a colocou para dormir.

A coberta rosa com estrelas brancas foi puxada até que chegasse as orelhas da pequena menina. Clarissa soltou um suspiro longo e cansado, se levantou a passos lentos até a porta do quarto, quando ouviu um sussurro tão calmo que pensou ter imaginado.

— Mamãe... – A voz doce de Violet percorreu o ambiente – Tudo vai ficar bem, eu prometo.

A pequena menina garantia com tanta firmeza que Clarissa paralisou, sequer conseguiu se virar para encará-la.

— Eu te amo. – Um suspiro longo veio da menina – Eu cuidarei do Hades.

Escutar a frase partiu o coração da jovem mãe, um sentimento profundo de impotência a preencheu, a jovem menininha deitada na cama estava tentando carregar um peso que não poderia suportar, era uma criança.

Sem qualquer chance de um sorriso, sem a oportunidade de esperança e repleta de confusão, Clarissa fechou a porta levemente e quando o estalo da fechadura soou, a mulher escorregou até o chão com suas costas pressionadas na madeira branca mal pintada com porpurina rosa.

Dez

Quinze

Vinte

Após vinte e cinco minutos de olhos fechados e longas puxadas de ar, a mulher se sentiu pronta para levantar-se, e de pernas trêmulas, caminhou até seu quarto, mas sequer teve a chance de chegar até sua porta, enquanto passava pela sala escura, que recebia apenas a penumbra de uma cidade luminosa, uma voz masculina e rouca a chamou.

— Clarissa... – Um suspiro longo se seguiu – Vem aqui, por favor.

O breve susto com a repentina aparição a fez pular, mas passou logo, finalmente um sorriso se fez presente e caminhando em passos lentos foi-se até o sofa longo e espacoso, não se fez de tímida – Não havia motivos para isso, o conhecia e compartilhavam dois filhos – sentou-se próximo, sua coxa esquerda tocava a dele.

— Tyler... isso dói tanto. – O soluço partiu o silêncio antes instalado, foi alto e transmitia toda a tristeza profunda de seu peito – Violet acha que tem o dever de proteger o irmão, não é justo... ela só tem nove anos!

O homem não respondeu, passou o braço por seus ombros e a puxou para ainda mais perto, deu um leve beijo carinhoso e amigável em seu cabelo, mas ele sentia que seu coração doía mais do que o dela.

— Onde eu errei? por favor, me fale e deixa eu arrumar isso! – Clarissa riu fraco após sussurar a frase, e sentia lágrimas quentes escorrer por seu rosto – Sou brasileira, larguei uma vida fodida para tentar ser alguém,  aceitei ser mãe e tento amar e proteger... onde? – A pergunta inicial se fez presente novamente, mas Tyler não estava pronto para dizer nada, apenas observava a escura sala ao redor de si.

Se sentindo ainda mais infeliz por não receber uma resposta, sem saber como protegeria os filhos, Clarissa caiu em um silêncio pensativo, olhou para o amigo ao seu lado por um instante e depois seguiu a olhar para a mesma direção que ele.

Um

dois

três minutos em silêncio.

— Tyler, diga algo. – Clarissa tentou novamente, se preocupando que o pai de seus filhos e, acima de tudo, seu melhor amigo a odiasse por ser impotente.

A luz dificultava a visão de seu rosto, mas Clarissa se forçava ao máximo para identificar suas feições e no meio da noite escura e silenciosa, ela detectou medo e agonia em seu rosto e só então percebeu que nada poderia lhe preparar para o que viria a seguir.

— Sabina, a mãe dos gêmeos, quer levá-los.

Dois bebês e quatro amigosOnde histórias criam vida. Descubra agora