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Raphael desceu para tomar café da manhã, a mãe e o pai já estavam ali. Gwyn fazia panquecas de chocolate que com toda certeza eram para ela, enquanto Azriel comia ovos e panquecas comuns sentado a mesa.

A mãe de Raphael estava radiante naquela manhã, os cabelos presos em um coque alto que deixava apenas finas mechas soltas e onduladas moldando o rosto, o vestido creme de alças era de um tecido leve que marcava as curvas e os seios e o ventre ainda minimamente inchado.

Raphael sorriu vendo o brilho no rosto corado e contente da mãe e então se dirigiu até a mesa onde o desjejum estava posto e olhou para o pai que o analisava sério, mas Raphael fez o mesmo botando que Azriel usava roupas casuais, escuras, mas casuais e as munhequeiras com apenas dois Sifões.

- Não vai trabalhar? - perguntou Rapha casualmente se servindo de ovos e bacon.

- Enquanto seu irmão ou irmã não nascer, não - disse Azriel e Raphael ergueu as sobrancelhas olhando para o pai.

- Mamãe sabe se cuidar sozinha, e ela tem eu e Adonis para ajudar...

- Não vou sair de perto dela - disse Azriel com firmeza e Gwyn se colocou ao lado do parceiro, uma mão segurando um prato cheiro de panquecas de chocolate com morangos e chantily e a outra puxando a cadeira e se sentando em seguida.

Raphael viu a mão do pai discretamente indo até o encosto e o segurando, como se de alguma maneira a cadeira pudesse desabar ou virar e ferir Gwyn.

- Eu já disse que é um exagero - disse a ruiva pegando os talheres. Raphael não esperava mesmo que ela dividisse as panquecas.

- Quando estava esperando você e Adonis, seu pai tinha muitas missões e espionagem para fazer, mas não ficava muito tempo longe e estava tudo bem...

- Então por que isso agora? - questionou Raphael levando uma fatia de bacon dourado a boca.

- Por que eu quase perdi o nascimento de vocês - disse Az com uma sombra de ressentimento passando por rosto. - Fui para uma missão no continente, fiquei dois meses fora, depois que voltei, cinco dias depois vocês nasceram... Prematuros.

Gwyn olhou para o parceiro com aqueles olhos azul oceano, os olhos de Raphael, e viu o músculo no maxilar do mestre espião repuxando.

- Mas chegou a tempo... - disse Raphael e seu pai continuou com aquela expressão impassível no rosto.

- Adonis está cuidado das coisas, então posso ficar - retrucou Az.

- Mas sabe que se precisar vai ter que ir - disse Gwyn recostando as costas no encosto da cadeira e Azriel a olhou, um brilho de preocupação nos olhos. - Az... Está tudo bem, Rapha está aqui, Emerie e Mor, Nestha e Cassian, como da última vez.

Azriel respirou fundo e assentiu com a cabeça e Gwyn levou a mão esquerda aos cabelos do illyriano afagando ali e ele sorriu para ela, de maneira que Raphael sabia que ele o pai sorria apenas para a mãe.

Gwyn afastou a mão dos cabelos de Azriel e voltou- para a faca prata que usaria para cortar as panquecas e Raphael analisou o anel de parceria da mãe no dedo anelar. Era simples e delicado, uma safira da cor dos olhos da mãe e dos Sifões do pai rodeada por pequenos diamantes e nas laterais do anel pequenos espirais que erma semelhantes a sombras. As sombras de Azriel. Essas inclusive saiam do mestre espião e espiralavam bem calmas em volta da Gwyn, da barriga del assim que a se sentou e começou a comer.

- Então - disse a ruiva com a boca cheia. - Lissa, é?

Raphael que tomava um suco de laranja praticamente engasgou e olhou lata os pais que o olhavam com as sobrancelhas erguidas e olhares sugestivos.

- Bem... - pigarreou Raphael. - Estamos nos conhecendo melhor.

- Com ela brilhando como um sol no meio de Velaris e depois trancada com você no quarto? - questionou Gwyn levando um garfo de panquecas a boca com um sorrisinho no rosto. Azriel segurou um pequeno riso.

- Sim? - respondeu Raphael olhando de um ao outro e pigarreou voltando a atenção ao café da manhã. - Então, acham que vai ser menino ou menina? - ele levou uma garfada de ovos a boca e Gwyn olhou para Azriel, ambos seguravam os risinhos e sorriso que queriam dar, mas, ataram a mudança de assunto indicada pelo filho que estava com os olhos brilhantes feito estrelas desde quando descera as escadas.

*

Nem mesmo os sonhos de quando era menina chegam ao pés da noite passada. Lissa se lembrava bem dos sonhos que tinha quando era apenas uma garotinha apaixonada pelo belo guerreiro Raphael, e não, nenhum deles se equiparava com o que eles viveram na sacada do quarto dele na noite anterior.

Lissa sorriu largo mordendo o lábio inferior enquanto colocava brincos nas orelhas pontudas em frente ao espelho no quarto. Ela gostava de enfeita-las com muitos adornos.

A princesa usava um vestido vermelho de mangas compridas coladas aos braços finos e delicados e que deixava os ombros e o colo generoso dela livres, dando enfase apenas ao colar de outro com um pingente de Sol que ficava um pouco acima dos seios que estavam juntos e levantado pelo corpete justo do vestido.

Então os olhos castanhos desviaram do próprio reflexo indo para o canto e se demorando com a imagem de Maeve recostada contra o batente da porta, vestida de cinza e com os braços cruzados.

- Vai a algum lugar? - questionou Maeve.

Lissa ergueu o queixo jogando um dos cachos pesados do cabelo sobre o ombro.

- Ameer vai partir em breve - disse a princesa com calma. - Vou me despedir.

- Claro que vai - disse Maeve entrando no quarto e indo até a cama da prima que seguia cada passo da fêmea mestiça pelo espelho.

Maeve então olhou para a mesinha de cabeceira vendo o bloco de notas com a mensagem de Raphael. Lissa viu um músculo retesando na mandíbula da prima.

- Desde quando vocês dois estão se envolvendo? - perguntou Maeve com s voz controlada, fria.

- Não faz muito tempo - respondeu Lissa olhando para o pequeno brinco de ouro em sua mão que ia levar a orelha.

- Sabe... Quando você era pequena, eu dizia a ele zombando que você era apaixonada por ele. Raphael dava risada e dizia que era apenas coisa de criança - disse Maeve endireitando os ombros e Lissa engoliu em seco. - Quem diria que uma coisa de criança acabaria dando tão certo.

- Onde quer chegar, Mae? - perguntou Lissa se voltando para a prima que se voltou para ela. Postura ereta, queixo erguido e olhar tão frio que Lissa achou que já sentir a pele congelando.

- Você é uma princesa, uma herdeira de uma Corte, que não é essa e você realmente acha, você acha que ele vai nos deixar para viver com você um dia na sua Corte?

Nos deixar... A família, os amigos...

- Não estamos indo tão além - disse Lissa controlando o temperamento, o fogo que começava a queimar o peito. - Estamos no começo do que quer que isso venha a ser...

- Mas se der certo vai ter que pensar nisso, Lis - o apelido fora carregado em veneno. - Vai ter que pensar no que é melhor, por que sabe, o Sol não cai bem a Corte Noturna.

Com isso Maeve começou a andar de volta a porta e Lissa se voltou para ela com raiva.

- Está dizendo essas coisas por que está com ciúmes...

- Sim, eu estou - admitiu Maeve se soltando para a prima. Mesmo que não tivesse a cor dos olhos de Nestha, o olhar de Maeve era idêntico. - Afinal, eu e Raphael temos uma história muito, muito longa juntos, assim como você e Ameer, que sinceramente, tem muito mais haver com você do que Raphael.

Lissa abriu a boca para responder, mas Maeve saiu do quarto deixando a prima totalmente deslocada para trás. A princesa cambaleou para trás até que a parte traseira de seus joelhos se chocadas contra a cama e a caiu ali, levando a mão sobre o coração que parecia dolorido, por que de alguma forma Maeve havia a ferido num ponto certeiro.

Corte de Sol e Tempestade. CONCLUÍDO. Onde histórias criam vida. Descubra agora