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Raphael sabia que não seria fácil encontrar o Caldeirão, porém, lá estava ele, em frente aos Grão-Senhores da Corte Noturna que o olhavam como se nunca o tivessem tido antes. Com toda certeza Rhysand e Feyre estavam ainda absorvendo as palavras de Raphael, o pedido dele.

— É perigoso demais — disse enfim o Grão-Senhor e tio de Raphael. — É arriscado demais levar Hela até lá. Já fora arriscado Nyx ter atravessado até aqui com ela na condição em que está...

— E se trazermos ele até aqui? — perguntou Raphael fazendo o queixo de Feyre quase cair no carpete caro do escritório de Rhysand.

— Não podemos — disse ela. — Se formos movimentar o Caldeirão, para onde quer que seja, todos os Grão-Senhores tem que estar de acordo.

— Então façam uma maldita reunião! — exclamou Raphael com nervosismo e os dois em sua frente trocaram olhares doloridos. — Ela é a nora de vocês, inferno!

— Daria muita dor de cabeça burocrática, Raphael... — ia dizendo Rhysand e o rapaz rosnou. —  E além disso, temos que levar em consideração o desejo de Hela.

— Rapha, eu sei que é difícil... — dizia Feyre e o filho de Azriel deu uma risada incrédula.

— Preferem deixar a definhando até dar a luz do que tentar?

Os dois se olharam novamente e Feyre negou com a cabeça.

— Ela fez a escolha dela — disse a Grã-Senhora. — Por mais que seja doloroso para todos... Hela escolheu o bebê.

— Eu sei disso tia Feyre! — Raphael exclamou quase que em desespero. — Mas temos a chance de salvar ambos!

— É do Caldeirão que estamos falando, Raphael —disse Rhysand não como o tio do jovem feérico, mas como seu Grão-Senhor. — Não sabemos o que ele pode decidir. Lembre-se que Hela não é deste mundo, também não sabemos se ele tem o poder de interferir nela.

— Mas podemos...

— Quando dissemos a você que podíamos pedir para conseguir suas asas e braço de volto você também se recusou — lembrou Feyre. — Se recusou justamente pela incerteza do que o Caldeirão poderia decidir. Não vamos arriscar a vida do bebê.

Rhysand acenou uma vez com a cabeça em concordância enquanto Raphael olhava intercalando entre o macho e a parceira deste em sua frente. Aquilo só podia ser um pesadelo.

— Hela está sofrendo — disse Raphael entre os dentes e Feyre abaixou a cabeça. — Ainda faltam meses para o bebê nascer. E se ela não aguentar até lá? O bebê também vai morrer.

— Estamos fazendo de tudo ao nosso alcance para que ambos aguentem — disse Rhysand.

Raphael deu novamente um riso incrédulo e levou as mãos aos cabelos negros passando os dedos por ali.

— Não pense que se não pudéssemos não salvariamos Hela — continuou Rhysand se aproximando do sobrinho e colocando as mãos em seus ombros. — Ela escolheu, Rapha, e o que podemos fazer agora é respeitar a escolha dela até o fim.

Os dois machos se olhavam nos olhos, um com o olhar suave e o outro cheio de raiva e indignação. Raphael bateu nas mãos do tio e o deu as costas saindo do escritório e ia embora daquela casa, iria planejar uma maneira de ir até o Caldeirão, daria um jeito que arrastar aquela coisa até Hela.

Rapha continuava com os passos firmes ao passar pela escadaria e então parou subitamente ao escutar a risada infantil e alta vinda do andar superior da casa. A risada de Essie.

O peito do jovem macho se apertou de tal maneira que doeu, doeu em pensar que aquela garotinha não fazia ideia de que tinha apenas mais alguns meses com a mãe. Raphael tentou continuar seu caminho, mas não conseguiu e quando viu estava subindo os degraus indo para os corredores do andar superior seguindo o riso de Essie e outro mais cansado.

Corte de Sol e Tempestade. CONCLUÍDO. Onde histórias criam vida. Descubra agora