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Não entendia o que estava acontecendo, não sabia bem nem onde estava de verdade, em um momento estava num lugar escuro, molhado e frio e no outro... Estava caminhando sem rumo por uma floresta onde encontrou seres estranhos... Tiveram medo dela, muito medo, fugiram e então ela os deixou para trás e continuou seu caminho sem rumo até que outros apareceram vestindo roupas brilhantes e a capturaram.

Depois estava dento de um lugar fechado e abafado, com cheiro de sangue e mofo, havia barras nas pequenas janelas e sacuia muito. Depois fora arrancada dali e arrastada degraus acima de um grande castelo e então estava de joelhos em frente a uma rainha e um rei que pareceram a reconhecer.

A levaram para um quarto onde a banharam, a vestiram, alimentaram e mataram sua sede. Mas ainda estava vazia, por dentro, um vazio tão profundo e escuro que nao a permitia sentir nada. Apenas um oco.

Duas pessoas chegaram no quarto, uma mulher de cabelos castanhos dourados e um homem de cabelos ruivos vivos como fogo. Correram até ela, a abraçaram, encheram-lhe de beijos e carinhos, choravam por ela... A chamavam de filha. Então eram sua família, pai e mãe, e eram diferentes dos outros, suas orelhas eram pontudas o que a fez levar os dedos a dela e perceber que também era pontuda.

"Vamos para casa"

Eles disseram e então num piscar de olhos estavam num grande palácio cheio de jardins, dourado e muita luz do sol. Outras pessoas a receberam, também chorando, dizendo que não acreditavam que ela estava ali, que tinha sobrevivido. Um homem de pele escura e coroa de sol perguntou se ela se sentia bem. Não conseguiu dizer sim ou não, parecia não saber falar.

Precisava de um descanso, então, sua mãe, uma mulher linda, de uma beleza angelical a levou para o quarto. Gigante e espaçoso, uma linda penteadeira, um casinha de bonecas, várias sacadas tomadas por rosas trepadeiras. Sobre um piso elevado estava sua cama com dossel, se deitou ali e fechou os olhos com sua mãe ao seu lado até que o sono profundo e vazio recaiu sobre si a levando para o verdadeiro nada.

Apenas um lugar escuro, o chão parecendo água e em sua frente algo como uma linha, uma linha vermelha embolada no ar, enroscada em si mesma, rolando e rolando parecendo procurar por uma direção, mas não saia do lugar. O que aquilo queria dizer? Não sabia, apenas sabia chorar e não se mover enquanto olhava aquele fio que parecia agoniado e chorava tanto em sonho quanto na realidade molhando as fronhas dos travesseiros macios.

**

- Ela não disse nem uma palavra - disse Lucien a Hela que estava sentada na sala de visitas do Palácio do Sol junto de Cassandra e Feyre.

Toda a família de Lissa estava ali, mãe, pai, irmão, avó, avô.

- Ela teve sorte que não fizeram nada a ela - disse Elain. - Pelo menos foi o que nos disseram.

- Então ela está intacta, isso é algo bom - disse Cassandra.

- Mas não algo ótimo - respondeu Hela que vestia couro illyriano e tinha uma trança que caia sobre as costas. - Precisamos que Lissa fale, que diga o que aconteceu e a onde está Raphael.

Ao dizer o nome do amigo percebeu alguns incômodos na família de Lissa.

- Algum problema? - perguntou Feyre olhando para a irmã que respirou fundo e passou as mãos na saia do vestido.

- Não.

Respondeu Elain com dureza.

- Então, vamos esperar Lissa acordar e deixar que ela fale - disse Feyre. - Se ela voltou, Raphael deve estar por aí.

- Ou talvez o Caldeirão tenha ficado com ele - disse Helion chamando a atenção de todos. - Pense bem, o filho do mestre-espião queria se sacrificar por você, Hela. Talvez o Caldeirão tenha aceito o sacrifício, afinal, você e seu filho estão vivos.

Corte de Sol e Tempestade. CONCLUÍDO. Onde histórias criam vida. Descubra agora