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Depois que chegou em casa e tirou aquele vestido que por mais que fosse leve parecia pesar mil quilos em seu corpo, Lissa se deitou na cama vestindo uma camisola mais simples e menos reveladora. Ela tentou dormir, mas ficou virando de um lado para o outro sem parar, fora quando viu o sobretudo de Raphael sobre a cadeira em frente a linda penteadeira de madeira trabalhada.

Lissa fora até ali e pegou a peça de roupa que ficou enorme e quente em volta de seu corpo, como se fosse o próprio Raphael e sorriu levando o tecido ao nariz e aspirando o cheiro dele. O coração de Lissa se apertou, mas ela não podia simplesmente ser tão descuidada, não podia deixar aquilo continuar pelo menos nós três dias e duas noites que Ameer estivesse em Velaris.

A princesa então voltou para a cama e se deitou agarrada no sobretudo de Raphael, com o tecido bem próximo de seu rosto, com o cheiro nele a ninando até o mais profundo sono.

*
Lissa e Nikos acordaram na horário de sempre, tomaram café e então voaram para o Forte, apenas para quando chegassem no ginásio não encontrassem Raphael, que geralmente na estaria os esperando.

Os primos então decidiram esperar o guerreiro e treinador. Várias minutos intermináveis, então Nikos decidiu começar o treino de Lissa sozinho e ela aceitou, talvez se distraindo o tempo passasse mais rápido e logo Raphael apareceria... Mas não, o treino acabou e ele não apareceu.

A mente de Lissa virou um turbilhão, pensava nos por quês, será que havia ferido o orgulho de macho dele na outra noite? Será que ele estava bravo com ela ao ponto de não aparecer para treina-la? As possibilidades faziam o corpo de Lissa adormecer. Tudo o que ela menos queria era afastar Raphael.

*

Mais tarde, já no meio da tarde, a princesa fazia companhia a Ameer e o irmãozinho dele com Lissa, as crianças brincavam correndo pelo grande jardim da casa do rio, rodeando arbustos, canteiros, fazendo cascalhos brancos voarem enquanto corriam freneticamente atrás do outro gargalhando.

Ameer e Lissa observavam sentados a uma mesa de ferro com cadeiras trabalhadas em adornos como espirais e uma linda bandeja com bolinhos e chá estava disposta, mais para as crianças do que eles em si.

— Acho que nunca vi Sorin rir tanto — disse Ameer sorrindo casto e Lissa o olhou. — Nossos irmãos já são todos adultos, ele se sente sozinho no palácio. Essie tem sido uma boa amiga.

— Bom, talvez a energia frenética dela passe para ele — disse Lissa vendo a prima e Sorin se abraçando, os dois se balançavam cambaleando até que caíram na grama rindo horrores. Lissa soltou uma pequena risada.

— Eu fico feliz por isso — disse Ameer gargalhando também vendo as crianças simplesmente rolando na grama. — Seu tio parece estar bem atento neles também — Lissa então olhou para trás por cima do ombro vendo Rhysand parado em frente a uma das janelas, braços cruzados, olhar atento a neta que rolava na grama com o vestido caro e cheio de detalhes que indicavam que fora o próprio Grão-Senhor que havia comprado para a netinha espuleta.

— Tio Rhys é ciumento — disse Lissa voltando o olhar para Ameer que ergueu as sobrancelhas escuras. — Com Stella também é assim, acredite.

O príncipe soltou uma risada e então olhou na direção do irmão que corria ofegante e sorridente até si, a pele marrom escura brilhando de suor. O menino então estendeu a mão fechada em punho para o irmão que estendeu a dele aberta de palma para cima.

Sorin então depositou o pequeno cascalho branco que tinha a forma de um peixe.

— Um peixinho, é presente — disse o menino corando e o irmão mais velho abriu um enorme sorriso. Ameer colocou o presente em cima da mesa e levou as grandes mãos a cintura do irmão o pegando e o puxando para si o fazendo rir.

Corte de Sol e Tempestade. CONCLUÍDO. Onde histórias criam vida. Descubra agora