Schoolgirl Life

Acordo.

__________ P.O.V.

Eu deveria sentir raiva de Bang Chan.

Seria a reação mais plausível nesse momento. Um instinto natural de auto defesa. Afinal, fui ensinada a nunca permitir que ninguém, nem mesmo meu pai ou Jungkook levantasse o tom de voz para falar comigo. No entanto, o que sinto está longe de ser um sentimento agressivo, porquê a atitude de Chan desperta em mim algo que raras vezes deixo aflorar em uma discussão.

Fraqueza.

E isso é péssimo.

PÉSSIMO.

Porquê sei que não tenho mais forças para mascarar qualquer atitude que ameace derrubar minha pose. Penso que o que vivi com Lee Minho já foi desgastante, contraditório e bastante confuso para minha cabeça.

— Argh, será se você não cansa de ser insuportável?!— Ele solta meu braço de maneira brusca, e eu ergo a cabeça para encarar seu rosto visivelmente irritado.

— Quê?! E você?! Desde que surgiu na minha vida, a única coisa que sabe fazer é me atormentar como um babaca infantil e sem noção que só me dar paz na escola quando desaparece não sei pra onde. Não me venha com essas perguntinhas imbecis, beleza?! Não, eu não me canso de ser insuportável, do mesmo jeito que você não cansa de ser hipócrita!

— Minhas atitudes são reflexos das suas. Eu tentei ser simpático quando falei com você pela primeira vez. Eu tentei! Foi você que veio com quatro pedras nas mãos, esbanjando essa arrogância e esse narizinho empinado pra cima de mim!

— Porquê eu não curto falsidade, Bang Chan!

— E o que te garante que eu estava sendo falso?!

— Minha intuição!

— Mas que ótimo argumento esse seu. — Ele ironiza.

— O suficiente para me convencer.

— Então sua conclusão foi essa? — Eu assinto. — Você achou que eu estava fingindo?

— Achei.

— Mas eu não estava, meu Deus!

— Estava sim!

— Já disse que não!

— E já ficou claro que eu não acredito!

— Argh! — Ele esfrega o rosto e os cabelos. — Quer saber, Jeon? Pense o que você quiser. Não vou perder meu tempo tentando convencer alguém que se nega a compreender o lado dos outros.

— Ótimo. Agora será se eu posso ir embora ou você quer falar mais alguma coisinha inútil para mim? — Meu tom sarcástico faz suas pálpebras tremerem e seu maxilar trincar.

Sei que minha indiferença o irrita.

— Por que você é assim?

— Você acabou de me fazer uma pergunta parecida, sabia? — Resmungo entediada e enfio as mãos no bolso do sobretudo. — Mas se quer saber, eu sempre fui assim.

— Não, você não era assim.

— Tsc. — Rio soprado. — Como se você me conhecesse…

— Talvez eu conheça. — Estreito o olhar diante de sua certeza mascarada pelo semblante franzido e me confundo.

O que ele quer dizer?

— Garanto que não conhece.

— Não pode ter tanta certeza.

— Julgar minha personalidade de longe não te faz conhecedor da verdade.

— Tem razão. — Ele ergue o queixo e suspira. — Até porquê, algumas pessoas mudam com o tempo, não é?