Schoolgirl Life

Patético.

___________ P.O.V

Sento-me sozinha nos degraus de uma das escadarias da escola, e contemplo o movimento dos estudantes que começam a chegar no distrito para atravessar a calçada em busca do prédio principal, para o início de um novo dia de aula. Tento focar minha atenção nos pequenos flocos de neve, que aos poucos, caem do céu, e embranquecem a grama e o piso de concreto, mas é inútil. Fito a tela do celular apenas para ver as horas e guardo-o no bolso do casaco em seguida.

Hoje completa pouco mais de duas semanas desde aquele dia no boliche. O peso da confusão que protagonizei no sábado ainda cai sobre minhas costas de forma maçante, mas tento levar tudo de uma maneira irrelevante para que minha cabeça não fique tão pilhada.

Noto que não existe parcialidade na situação, porquê algumas pessoas já vieram até mim dizendo que o que fiz foi foda, que Minho sempre foi um escroto metido à valentão, e que ele merecia coisa muito pior para parar de se achar o dono de tudo só porquê é um integrante do tão falado The Eigth. A porcaria desse tal nome que até hoje não procurei saber tantos detalhes.

Percebo então, que Lee Minho é alvo da antipatia de muitos do Yochida, e isso faz meu lado maldoso gritar de satisfação.

Porém tudo torna-se extremamente irritante no momento em que alguns defensores de Minho passam por mim e me lançam olhares cheio de hostilidade. Murmuram coisas ofensivas ao meu respeito e até dizem que eu deveria está presa por agressão. Falam que sou apenas uma riquinha esnobe que tem o rei na barriga e acha que pode sair por aí fazendo o que quer. Que devo perdão pela atrocidade que fiz. Algumas garotas mais fascinadas por Minho, cochicham o quão prazeroso seria arrancar meus cabelos como uma forma de vingança por eu ter batido no bebê delas.

Eu poderia sentir mágoa ou receio das barbaridades que falam sobre mim, entretanto, ser julgada por desconhecidos que são inúteis na minha vida já se tornou uma rotina, e não me causa nada além de estresse momentâneo.

Contemplo o céu nublado e o bafo do vento úmido que antecede uma possível chuva bate contra meu rosto e ameaça bagunçar meus cabelos presos com uma fita preta. Raspo os dentes pelo lábio inferior e me atento ao Audi vermelho que estaciona numa das vagas em frente ao colégio. Noto que duas pessoas saem do carro e se encaminham para a entrada. Observo-os de longe e meu coração acelera quando reconheço a cabeleira loira de Hwang Hyunjin que passa pela calçada ao lado de sua irmã Yeji, atraindo olhares curiosos.

Ele segura a alça da mochila de couro em seu ombro e passa a mão livre pelas madeixas claras, jogando-as para trás. O garoto caminha com atitude, como se fosse o dono do lugar e de tudo que há nele.

A arrogância emana de seus poros, e fica mais nítida na forma indiferente que ele trata quem se atreve atrapalhar seu caminho para puxar algum assunto que ele não aparenta considerar importante.

Hyunjin demonstra uma frieza que não lembro de presenciar no dia da confusão, e isso me faz pensar que talvez só Lee Minho possui o poder de amendrontá-lo.

E isso é extremamente esquisito e curioso.

E eu realmente preciso descobrir o que motivou Minho a partir pra cima de Hyunjin com tanta raiva, porquê tenho certeza de que não foi algo banal que causou toda aquela balbúrdia.

Ou talvez pode ter sido qualquer coisinha idiota, já que estamos falando de um marginal encrenqueiro que ama aterrorizar geral.

Respiro fundo e jogo esse assunto de confusão lá pro fundo da mente. Volto assistir os irmãos Hwang que avançam em passos decididos até a escadaria onde estou sentada. Yeji cochicha sobre algo para o irmão que solta uma risada gostosa e a empurra levemente pelo ombro, fazendo-a rir também. Ambos se divertem com o assunto que compartilham, e eu quase sorrio com a felicidade dos dois. Porém a alegria que contamina Hyunjin não dura mais que poucos segundos, porquê o sorriso bonito desaparece de seus lábios no exato momento em que seus olhos caem sobre mim.