Capítulo 22

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As duas amantes estavam quase enroladas em torno de si, suas pernas nuas entrelaçadas em uma grande cama sob um edredom de seda azul-gelo e lençóis brancos da Frette. Uma delas murmurou em seu sono, movendo-se irrequieta, enquanto a outra ainda permanecia, desfrutando o prazer de sua companhia.

Holland poderia a ter perdido. Deitada ao lado dela, ela estava consciente do fato de que sua noite poderia ter acabado muito diferente. Sarah não precisava perdoá-la. Ela não precisava aceitá-la. Mas o fez. Talvez a morena pudesse se atrever a ter esperança...

— Holland?

Ela não respondeu, pois achava que a loira ainda estava dormindo. Eram três horas da manhã, e o quarto estava envolto na escuridão, a escuridão tornando visível pelas luzes do horizonte da cidade difundida através das persianas.

Ela se virou para poder ver seu rosto.

— Holly? — Sussurrou. — Você está acordada?

— Sim. Está tudo bem, querida, volte a dormir. — Ela beijou-a levemente e acariciou seus cabelos.

Sarah apoiou-se sobre um cotovelo.

— Eu estou bem acordada agora.

— Eu também.

— Posso falar com você?

A mais velh rapidamente imitou a sua posição.

— Claro. Há algo de errado?

— Você está mais feliz agora do que era antes?

Holland a olhou por um momento e gentilmente bateu em seu nariz com o dedo.

— Por que dessa pergunta profunda no meio da noite?

— Você disse que não estava feliz no ano passado. Eu queria saber se você está feliz agora.

— A felicidade é algo que eu sei muito pouco a respeito. E você?

— Eu tento ser feliz. Eu tento me concentrar nas coisas pequenas e encontrar prazer nelas. Sua torta me fez feliz.

— Se eu soubesse que isso faria você feliz, eu teria dado para você mais cedo.

— Por que, você não está feliz agora?

— Eu trocaria meu direito de primogenitura por um prato de lentilhas.

— Você está citando a Bíblia? — Paulson estava incrédula.

A mais velha eriçou.

— Eu não sou uma pagã. Fui criada no episcopaliano. Meus pais eram muito devotos. Você não sabia disso?

Ela assentiu com a cabeça, tinha se esquecido disso.

Seu rosto assumiu uma expressão extremamente séria.

— Eu ainda acredito, apesar de eu não viver como ele. Eu sei que faz de mim uma hipócrita.

— Todos os crentes são hipócritas, porque nenhum de nós vive de acordo com nossas crenças. Eu acredito também, mas eu não sou muito boa. Eu só vou à missa quando estou triste, ou no Natal e na Páscoa. — Ela estendeu a mão para encontrar a sua e apertou com força. — Se você ainda acredita, você deve ter esperança. Você deve acreditar que a felicidade é possível para você também.

Holland oltou sua mão e mudou de posição na cama, deitou de costas, e ficou olhando para o teto.

— Eu perdi a minha alma.

— Porque você diz isso?

— Você está olhando para uma daquelas infelizes que cometeram um pecado mortal.

The Hell Of Holland TaylorOnde histórias criam vida. Descubra agora