Capítulo 10

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Enquanto Sarah estava no Lobby, houve momentos em que ficou convencida de que Holland se lembrou dela. Mas esses momentos eram fugazes e etéreos, e desapareceram como teias de aranha levadas pelo vento. Então, ela, que era uma jovem inocente, começou a duvidar de si mesma.

Talvez seu primeiro encontro com Holland tenha sido um sonho. Talvez ela tivesse se apaixonado pela sua fotografia e imaginou os eventos que ocorreram após Patrícia e John fugir. Talvez tenha adormecido no pomar sozinha e a triste ilusão surgiu do desespero e da solidão de uma menina oriunda de um lar desfeito que nunca se sentiu amada antes.

Era possível.

Quando todo mundo acredita numa coisa e você é o único que acredita noutra, é muito tentador imaginar coisas. Tudo que a garota teria que fazer seria esquecer, negar, suprimir. Então, ela seria como qualquer outra pessoa.

Mas Sarah era mais forte do que isso.

Não, ela não estava preparada para ligar para Holland e falar abertamente sobre sua virgindade, pois isso seria dar atenção a mais para um fato que a deixava parcialmente envergonhada. E não, ela estava relutante em forçá-la a lhe reconhecer ou a noite que compartilharam, porque Paulson tinha um coração puro e não gostava de obrigar ninguém a fazer nada.

Quando viu a confusão no rosto da mais velha, enquanto estavam dançando, e percebeu que sua mente impedia-a de se lembrar, ela se retirou. Estava preocupada com o que uma súbita e forte percepção poderia fazer com ela e com medo de que sua mente pudesse quebrar, como a mesa de vidro de Virginia. Optou por não fazer nada.

Sarah era uma boa pessoa. E às vezes a bondade não diz tudo o que sabe. Às vezes a bondade espera o momento oportuno e faz o melhor que pode.

A Professora Taylor não era a pessoa por quem tinha se apaixonado no pomar. Na verdade, a loira concluiu que havia algo seriamente errado com a Professora. Ela não era apenas obscura ou deprimida, era perturbada. E temia que Holland tivesse tendências alcoólicas, familiarizada como estava com o alcoolismo, por causa de sua mãe.

Mas porque era boa, não iria destroçá-la do jeito que ela havia sido destroçada, forçando-a a ver algo que não queria.

Paulson teria feito qualquer coisa pela outra, a mulher com quem ela passou a noite em uma floresta, se ela tivesse lhe dado um único indício de que a queria. Ela teria descido ao inferno e procurado por Holland, procuraria até que a encontrasse. Teria arrebentado os portões e a arrastaria de volta. Ela teria sido o Sam para o seu Frodo e a seguiria até as entranhas da Montanha da Perdição.

Mas ela não era a sua Holland. Sua Holland estava morta. Tinha ido embora. Deixou para trás somente vestígios dela no corpo de uma clone forte e atormentada. Hollanx quase quebrou o coração de Sarah uma vez. Ela estava determinada a não deixá-la quebrar uma segunda vez.

Antes de Patrícia deixar Toronto e voltar para John e a distopia que era sua família, insistiu em ver o apartamento da amiga. A loira tinha tentado durante dias fazê-la desistir, e a própria Hollamd havia desencorajado sua irmã de sequer aparecer sem aviso prévio. Ela sabia que logo que visse onde sua amiga estava vivendo, Patrícia pessoalmente embalaria Sarah e a obrigaria a se mudar para um lugar mais agradável, de preferência o quarto de hóspedes da mais velha.

Pode-se somente imaginar a reação de Holland para essa sugestão, mas seria algo como: "de forma nenhuma, porra".

Então, no domingo à tarde, Patrícia Taylor chegou à porta de Sarah para tomar chá e dizer adeus antes de Hollanf levá-la para o aeroporto.

Paulson estava nervosa. Teve a virtude cardeal da fortaleza, como uma santa medieval teimosa, e assim seria improvável se incomodar com desconfortos ou desfeitas. Consequentemente, ela não tinha pensado que o sua pequena toca do coelho fosse realmente assim tão mau quando assinou o contrato de aluguel. Era seguro, estava limpo e podia pagar. Mas acreditar nisso e mostrar seu apartamento para Patrícia eram duas coisas diferentes.

The Hell Of Holland TaylorOnde histórias criam vida. Descubra agora