Prólogo

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    -Derya!- ouço minha mãe me chamar.

    Ponho o travesseiro em cima da minha cara para não escutar meu nome mais uma vez.

    -Suas cartas chegaram.- Basta minha mãe dizer essa única frase e eu levanto num pulo. Saio esbarrando em tudo, quase caindo da escada umas 3 vezes, mas estou bem aqui com as minhas cartas.

    Sento no sofá ao lado de minha mãe que não para de sorrir como uma idiota. Vovó está em frente ao sofá com uma câmera posicionada na frente de seus olhos, olho para ela meio sem entender.

    -Quando seus filhos perguntarem á mim em umas das noites de historinha da vida ''qual foi a reação da mamãe quando entrou em Harvard, bisa?'' eu vou suspirar e pegar a minha câmera fotográfica e mostrar a foto que vou tirar em 10 segundos.- ela explica.

    Suspiro, enroscando uma mexa do cabelo em meu dedo. Normalmente eu iria sorrir com essa explicação idiota, mas simplesmente é o dia mais importante da minha vida e não posso me dar ao luxo de criar falsas esperanças.

   Começo com as cartas de ''menos importância'' .

   Cambridge é a primeira. Respiro fundo e abro. Aprovada. Suspiro aliviada, pois sei que pelo menos uma faculdade fui aprovada, se não der Harvard, vem Cambridge.

    Princeton. Aprovada. Ouço as duas mulheres suspirarem de nervoso. Pobrezinhas, estão mais nervosas que eu.

    Columbia. Desaprovada. Olho para elas e elas me olham. Mamãe me dá um incentivo com a cabeça e vovó parece mais nervosa ainda.

    Oxford. Aprovada.

    Stanford. Desaprovada.

    Yale. Aprovada.

    Vovó se posiciona melhor com a câmera e minha mãe fecha os olhos como se estivesse rezando, mesmo não sendo religiosa. Sonhei com isso a minha vida inteira, é agora ou nunca.

    Abro a carta rapidamente e pressiono-a contra o peito. Suspiro e vejo.

    Harvard. Aprovada.

   Minha mãe abre os olhos assustada com o grito alto da minha avó, que pula que nem uma doida e eu começo a gritar junto. Pulamos de mãos dadas dizendo:

    -Harvard! Harvard! Harvard! Harvard!

    Minha mãe se junta a nós e para recordar o momento, vovó tira uma foto do momento. A foto que ela mostrará aos meus futuros filhos.





    -Mãe!- grito do andar de cima- Cadê o meu suéter amarelo?

    -O das ovelhinhas?- ela grita mais alto.

    -Não, o de bolinhas.

    Segundos depois ela chaga arfante com os dois suéteres na mão.

    -Acho que mimei muito você- ela diz brincando- corri uma maratona para trazer dois suéteres para você. Dois suéteres. -mamãe reflete enquanto sai andando para fora do quarto.-  Acho que  10 reais como forma de pagamento é aceitável , aceito cartão.

    Rio comigo mesma. Minha mãe vai fazer muita falta. Eu disse que visitaria ela todos os finais de semana, mas ela não parece satisfeita, diz o tempo inteiro que irá alugar um apartamento no campus, é claro que na brincadeira. Você nunca pode acreditar em uma palavra que ela diz, tudo é sempre piada. Essa é a melhor coisa na minha mãe.

    Depois de conversarmos sobre Harvard, que durou umas 2 horas e meia, vovó disse que precisava voltar para casa. Ela me abraçou e disse que sentia orgulho de mim, tive que segurar o choro.

    Encontro minha mãe de pernas cruzadas no sofá com o celular em um dos ouvidos, provavelmente conversando com o namorado, Edgar. Ela me vê e faz um aceno com a mão, indicando para que eu sente ao lado dela, ao invés disso, deito em seu colo e sua mão imediatamente pousa em meu cabelo, fazendo um carinho.

    -Aham, pode ser essa semana, mas antes da partida de Derya. Ela viaja para Harvard dois dias antes de começar a faculdade, para organizar o dormitório e esse tipo de coisa.- Ela faz uma pausa, escutando o que Edgar tem para dizer.- Não, não, hoje não dá, bem. Eu e Derya vamos comemorar no Mc'donalds.- Levanto entendendo o recado, subo correndo para trocar de roupa.

    Eu e minha mãe, em datas comemorativas, costumamos ir ao Mc'Donalds fazer um lanche enquanto fofocamos. Eu e ela temos uma relação especial, algo muito raro de se encontrar. Somos quase melhores amigas, mesmo tendo 30 anos de diferença. Somos só eu e ela. Costumava ser eu, ela e meu pai. Mas ele simplesmente morreu para nós.

    -Ok...tá.... também...beijos, tchau.- ela se despende e joga o celular para o outro lado do sofá- e então? Pronta?- assinto com a cabeça e ela pega uma bolsa em cima da mesa.- Vamos.






Esse capítulo foi beeeeem curtinho, porque é apenas uma ''introdução'' antes de tudo. Não se esqueçam de curtir e comentar.

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