Capítulo 17

602 79 16
                                    

ʀᴏᴍᴇᴜ ᴇ ᴊᴜʟɪᴇᴛᴀ

    São nove horas da noite e eu estou aqui, trabalhando. E eu nem sei por que eles insistem em deixar isso aberto até as onze horas do noite. Todo dia. Sem excessão.

    Nenhuma alma viva põe os pés dentro dessa cafeteria a partir das oito horas da noite, por que eu preciso ficar aqui plantada esperando alguém comprar um café ou um donuts?

    Os meus turnos ultimamente variam muito. Certos dias eu nem preciso trabalhar, em outros dias, eu trabalho cinco horas por dia. Mas vale muito a pena. O dinheiro que eu ganho aqui é maravilhoso. Paguei metade da mensalidade de Harvard, como combinei com a minha mãe, e ainda consegui guardar um dinheiro.

    Talvez eu precise desse dinheiro no futuro. Talvez comprar algumas roupas novas, livros novos. Mas o que mais penso é em viajar. Talvez para Paris, um dos meus maiores sonhos é visitar a cidade das luzes. A bela torre Eiffel, o museu do Louvre, museu de Orsay, arco do triunfo.

    Quando eu fiz dezesseis anos, minha mãe falou que me daria o que eu quisesse. Eu logo pensei em viajar para Paris. Mas a minha mãe negou o meu pedido, a coitada morre de medo de avião e disse que jamais deixaria eu viajar para fora do país sozinha com dezesseis anos de idade. Nessa época, eu fiquei bastante chateada, pois pensei que se a minha mãe não quisesse viajar comigo, quem viajaria?

    Mas hoje penso que eu posso viajar sozinha. Seria até muito legal. Eu adoro apreciar a minha própria companhia. Gosto de passar um tempo sozinha.

    As pessoas veem isso como algo ruim. Encaram a solidão como algo ruim. Mas não é. A solidão existe para conhecermos nós mesmos, para nos conhecer, entender quem somos. Mas não em excesso, nada em excesso é bom.

    Para passar o tempo, trouxe um livro e o meu celular. Detesto ficar sem fazer nada, apenas encarando o teto e remoendo o passado. Isso não me faz bem. Quando fico no tédio, minha ansiedade sobe em grande escala. Começo a roer as unhas e enrolar uma mecha do cabelo em meu dedo.

     Volto para a minha leitura após a minha reflexão de dois minutos. Mas não consigo me concentrar de jeito nenhum. Fiquei o dia ocupada estudando. Isso me deixou esgotada.

    Apoio a cabeça em minhas mãos e fecho os olhos, apenas para descansar os olhos, como a minha avó sempre diz.

    -Ei, Derya- abro os olhos imediatamente e me deparo com aqueles olhos azuis.

    Pressiono a minha mão contra o peito, acalmando o meu coração.

    -Meu Deus- reclamo- Eu podia ter tido um infarto, sabia disso?

    Johnny senta em uma cadeira no balcão e ri.

    -Me desculpa, mas imagina o seu chefe entrar pela cafeteria e ver você dormindo em seu turno?- ele pergunta.

    Levanto da cadeira, andando em direção ao banheiro para lavar meu rosto.

    -Esse café tá horrível- ouço Johnny dizer.

    Chego ao balcão e vejo o intrometido do Johnny se servindo de café e roubando um donuts rosa do pote. Reviro os olhos, quase caindo de sono e me sento.

    -Saia já daí, John- eu exijo sonolenta.

    Ele ri, mas apenas se encosta no balcão. O garoto come o seu donuts, aparentemente muito descontraído e de vez em quando dá umas bebericadas no seu café.

    -Você não tinha dito que esse café estava ruim?- pergunto tentando me manter acordada.

    Ele concorda com a cabeça.

My first loveOnde histórias criam vida. Descubra agora