Enganada

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Carolynna Borges

- Ok. Vou tentar resumir algumas coisas. -
Priscila começou se sentando na cama. Continuei deitada a olhando prestando atenção em tudo. Ela mexia uma mão na outra, claramente desconfortável. - Eu comecei a ficar famosa muito cedo, tinha 12 anos e fiquei toda animadinha igual você está com minha vida nova, pessoas me amando e querendo minha atenção. Realmente me senti feliz no inicio, era tipo a realização de um sonho e eu estava adorando. Depois de algum tempo virou um pesadelo. Você meio que vira um objeto e tem que fazer tudo que as pessoas querem se você quiser continuar fazendo sucesso. Você deixa de viver sua vida pra viver pros outros, perde totalmente sua privacidade e isso passa a ser um pesadelo. Você me entende, não é? - Perguntou e eu assenti. - Só que aí eu acabei mudando. E foi mudança aos poucos, porque nem eu mesma conseguia perceber o quanto isso estava me prejudicando. Eu nunca soube lidar com críticas, elas sempre foram mais importantes..

- Mas é sempre assim.. - A interrompi e ela me encarou. - Eu também só lia criticas, só me importava com elas. Com um tempo eu parei de ficar me importando com essas coisas. Tem muita mais gente por mim do que contra mim, então simplesmente não dei mais importância.

- E foi exatamente isso que me tez te odiar. - Priscila confessou e franzi a testa.

- Como assim? - Me sentei na cama.

- Você é tão nova e vi que conseguiu tudo muito rápido. E quando te critiquei naquele dia você não deu a minima importância. - Ela disse e soltou um riso forçado. - Se fosse eu tinha surtado. Nunca soube lidar com essas coisas. Quando acontece algo que me deixa muito nervosa eu acabo fazendo besteira.- Ela olhou para os pulsos. Senti uma dor forte no peito e compaixão por ela naquele momento. Vê-la tão frágil, vulnerável e triste fez eu me sentir mal. Priscila estava tremendo e apertava os próprios dedos com força enquanto falava e vi que estava nervosa.

- Eu me importei sim com o que você falou sobre mim. Mas cada um lida com um jeito com críticas - Eu disse e ela assentiu.- Relaxa e termina de falar. - Eu disse segurando o braço de Priscila que já estava beliscando o outro. Não sei porque estava me sentindo tão triste e incomodada com o fato de Priscila ser meio problemática. Talvez eu me importasse com ela, mesmo não querendo. - Meu empresário quis que eu namorasse com Elana por marketing também e fui obrigada a aceitar. Aquela socialite ridicula que estava faminta por fama. Em um momento de fraqueza eu fui pra cama com ela e a engravidei, pra minha sorte, Elana é insuportável, mas é linda. Meus pais descobriram que eu já estava me vendendo por fama e ficaram decepcionados comigo. - Priscila dizia e agora seus olhos já estavam cheios de lágrimas. - Depois de um tempo comecei a trata-los de uma maneira não muito boa, até que paramos de nos falar, porque como eles mesmo dizem, eu virei um bicho. - Ela disse e suspirou secando as lagrimas do rosto.

- E você não vê mais eles? - Perguntei com a voz tremula. Estava sentindo uma angustia estranha. Estava um pouco sensível por ela.

- Vejo as vezes porque eles veem aqui ver a Sofi, mas não nos falamos. - Ela disse prendendo os cabelos em um coque.
Priscila estava inquieta e seu desconforto estava evidente. - Vi na internet que você é adotada e que nasceu no Brasil... -Priscila disse mudando de assunto.

- É. Eu tinha um pai e uma mãe adotiva.
Meu pai sumiu do mapa depois que se envolveu com drogas, então não sei se morreu ou se tá por ai. Tenho uma irmã também, a Maria Luísa, ela é cantora também, mas faz mais sucesso no Brasil mesmo. - Falei encarando minhas próprias mãos.
(N/A:a maria luísa é a melhor amiga da carol na vida real)

- E você tem contato com elas? - Priscila perguntou e fiquei surpresa por estar interessada no assunto.

- Sim! Maria Luísa me liga algumas vezes na semana e minha mãe tá sempre me mandando mensagem. A gente se vê bem pouco, mas eu tento mostrar a elas que não esqueço que elas existem. E também não quero que isso aconteça. - Eu disse e Priscila suspirou.

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