Trabalho de Parto

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Priscila Caliari

- Sim. Priscila. Carolynna pode dar a luz um pouco mais rápido. - A doutora disse e senti minha garganta apertar.

- Rápido.. quanto?

- A qualquer momento. - Ela dizia tão calmamente, como se aquilo não fosse apavorante. - Priscila, você precisa estar preparada, ok? O seu filho está bem. Nós estamos fazendo de tudo para que Carolynna fique também, mas isso é mais complicado. Nós estamos cuidando dela agora. Você só tem que manter a calma e esperar. Eu preciso que você passe tranquilidade pra ela.

- Tudo bem. Mas eu quero estar lá quando ele nascer.

- Você vai estar lá, pode ter certeza. - Ela disse e eu assenti. Respirei fundo, tentando ao máximo conter a minha vontade de socar a cara de todos ali e entrar correndo dentro daquele quarto pra ficar perto da minha esposa. A doutora estava certa, mesmo que eu achasse um absurdo me pedir calma com tudo aquilo que estava acontecendo com Carolynna.

- E agora?

- Agora, espere. Vamos te manter informada. Nós vamos fazer de tudo pra salvar Carol e o bebê.- A doutora disse e me deu as costas entrando no corredor.
Por que ela estava falando aquilo? Aquilo era grave, muito grave.

Algo ali estava muito errado, mas eu não conseguia entender. Eu estava com medo.
Já não conseguia controlar meu choro. Eu estava sozinha, mais um vez. Era muita informação para mim, minha cabeça parecia que ia explodir e meu olhos iriam estourar de tanta lagrima. Mas eu não podia fazer nada além de esperar enquanto estavam fazendo algo com Carolynna lá dentro, e eu só podia torcer pra dar tudo certo.

- Não fala comigo. - Carolynna falou me tacando um travesseiro pelo segunda vez.

- Por que você tá assim? - Perguntei calmamente, tentando não perder a paciência, pois aquela era a terceira vez no dia que ela ficava emburrada comigo do nada.

Infelizmente ainda estávamos naquele hospital, e eu ainda era atormentada com os sustos dos "alarmes falsos" que o bebê dava. A essa altura eu já estava sobrevivendo na base dos calmantes. Era muito susto, muito estresse, muita dor de cabeça. Estava realmente difícil aguentar tudo aquilo. Mas eu sabia que isso iria resultar em algo bom, e esse "algo" me deixava muito feliz e me motivava a não enlouquecer.

Era difícil ser paciente o tempo todo, principalmente quando Carolynna tinha suas crises de bipolaridade e passava a odiar minha presença de uma hora para outra.

Ou quando começava a chorar por não estar feliz pelas mudanças que seu corpo estava tendo. A essa altura ela já estava completamente transformada. Sua barriga estava bem maior, assim como seus seios, coxas...

Ela estava odiando, mas eu a achava cada dia mais linda e sexy. Ela se estressava sem ter motivo algum, e as vezes o melhor era coloca-la para dormir, pois esse estresse todo era o maior motivo de tudo aquilo que acontecia com ela. Mas eu não me importava, em certos momentos até achava engraçado a forma em que ela era amável em um momento completamente psicopata no outro.

- Eu não quero ouvir sua voz.

- Se eu fiz algo de errado fala pra mim caralho, não fica de frescura não. - Falei, já me arrependendo em seguida, pois Carolynna me encarou me fuzilando com os olhos. - Desculpa, amor. Não quis ser rude.

- Você não fez nada, Pri. - Ela disse cruzando os braços e encarando a janela.
- Só não estou com o humor muito bom.
Não aguento mais ficar aqui.

- Eu percebi. - Falei sorrindo e me sentei ao lado dela na cama. - Só tenta não se estressar. Meus pais e a Sofi estão vindo pra cá pra te ver. Você vai se sentir bem. - Dei um beijo em seu rosto e ela suspirou alto como se fosse um protesto, como se ela quisesse que eu a beijasse. Eu estava evitando fazer isso depois das milhares de vezes que comecei a beija-la ali e ela simplesmente perdia a linha querendo arrancar todas as nossas roupas.

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