Gabriel

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Priscila Caliari

- Assim que vestir a roupa entre na sala ao lado e fique o tempo todo do lado da sua mulher, não quero ter que socorrer ninguém desmaiado por ver um parto. - Assenti já virando a maçaneta da porta.

Troquei minhas roupas pelas do hospital já fazendo uma nota mental: em hipótese alguma olhar pra baixo.. ficar o tempo todo ao lado da Carolynna.. não desmaiar... NÃO DESMAIAR! Reforcei isso pra mim mesma, não desmaiar!

Adentrei a sala e vi Carolynna ao centro dela. Ao lado de Carolynna estava a doutora e duas auxiliares, uma delas colocava um pequeno aparelhinho no dedo de Carolynna, a doutora me explicou que aquele aparelho se chamava oxímetro e iria servir para sabermos como os batimentos cardíacos de Carolynna estavam.

Carolynna também já estava devidamente vestida com a camisola do hospital, uma touca em sua cabeça e uma espécie de meias nos pés. O semblante dela ainda era de muita dor, senti pena ao vê-la dessa forma.

- Prica.. - Ouvi a voz fraca dela me chamando e fui ao seu lado. - Por favor, fica aqui comigo - Pediu chorosa. Senti vontade de chorar ao vê-la tão sensível.

- Vou estar aqui o tempo todo. - Abaixei deixando um beijo em sua testa suada.

- Estou com muito medo. - Confessou e dessa vez não segurou as lágrimas. - E se eu não conseguir?

- Meu anjinho, não precisa ter medo.-
Limpei suas lágrimas. - Vamos conseguir juntas, logo veremos o rostinho do nosso bebê. Fica calma!

- Vamos lá, Carolynna.. pronta? - Carolynna fungou e assentiu ainda com lágrimas nos olhos. Podia ver que Carolynna estava com medo, assustada. - Abra as pernas e coloque-as no apoio. - Carolynna o fez. - Quando sentir que a contração vier, inspire bem fundo, prenda a respiração e faça força, tudo bem?

- Ok.

No momento seguinte mais uma contração veio, Carolynna ficou inteiramente vermelha, senti o aperto das mãos de Carolynna nas minhas, apertei -as passando força.

Ela puxou todo o ar e o soltou junto com um grito ao fazer a força para empurrar o bebê.

- Misericórdia, que dooor - Carolynna reclamou um pouco desesperada. Eu estava apavorada de vê-la dessa forma, mas precisava me manter calma. - Eu não vou conseguir, ele não vai passar por aqui, eu quero cesárea... - Carolynna em todo o tempo de acompanhamento do pré Natal deixou claro que era contra a cesárea, que o nosso filho somente nasceria de cesárea se não fosse possível o parto normal.

- Você vai conseguir sim, seu bebê quer nascer, Carolynna. Vamos, faça um pouquinho mais de força, evite gritar, isso só vai te cansar mais.- A doutora explicou.

- Você consegue meu amor, você não quer ver nosso bebê? Procura não gritar, você ouviu o que a doutora disse.

- Não é da sua boceta que uma criança está saindo, então não me mande não gritar! - Trincou os dentes ao sentir mais uma contração. - Ahhhh mas que cacete...
- Gritou.

- Isso, Carol, isso. - A incentivou. - Já consigo ver os cabelinhos, ele será cabeludo. - Olho pra Carolynna e a vejo chorando, instantemente meus olhos se enchem de lágrimas ao imaginar meu filho, seria a coisa mais linda do mundo. - Quando a dor vier empurre..... boa, isso mesmo... já consigo ver a cabecinha, estamos quase lá..

Deixo minha curiosidade falar mais alto e dou alguns passos à frente na tentativa de ver meu filho, mas tudo que vejo é muito sangue junto a cabeça do meu filho saindo de Carolynna. Tudo começa a girar, vejo tudo escurecer, as vozes ficando cada vez mais longes...Mas que diabos..

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