𝙳𝚘𝚟𝚎'𝚜 𝙿𝙾𝚅
𝑶𝒔 𝒎𝒆𝒖𝒔 𝒑𝒂𝒊𝒔 𝒔𝒆𝒑𝒂𝒓𝒂𝒎-𝒔𝒆 quando eu tinha sete anos e desde aí que sou apenas eu e o meu pai. São mais as memórias que tenho com ele do que com a minha mãe, pois na altura não passava de uma criança que não estava a entender o porquê de os pais discutirem tanto ao ponto de numa noite a mãe levar consigo todos os seus pertences.
Devido à profissão de assistente de bordo, ver a minha mãe, por vezes, é um desafio. Hoje em dia a sua ausência não me afeta tanto, claro que gostava de estar com ela mais vezes, mas quando era apenas uma criança, pensava constantemente que o problema era meu.
Eu é que tinha um defeito.
O meu pai sempre fez de tudo para preencher a ausência da minha mãe, mas ele próprio também é um homem bastante ocupado. A forma que arranjou de me compensar por tudo o que eles me fizeram passar é estar constantemente a mimar-me, oferecendo-me presentes caros e até viagens para desfrutar com as minhas amigas.
Só que nada vai substituí-lo ou à minha mãe.
Nada, nem ninguém.
Independentemente de tudo isto, posso dizer que tinha a vida perfeita na Califórnia: vivia numa bela casa com o meu pai, tinha amigas e amigos que apreciavam a minha atenção e a minha amizade e, o mais importante para mim, uma reputação que tinha de manter impecável.
É um defeito que tenho, mas sem o reconhecimento e a validação dos outros, eu não sou nada. A minha psicóloga dizia-me que sou como sou pela relação que tenho com os meus pais, procuro nos outros aquilo que não tenho deles. Tenho noção que essa pode ser uma das razões, mas mudar é tão difícil, especialmente quando já estamos dentro de um ciclo vicioso.
Este é o grande problema que a mudanças para a Austrália traz para mim.
Aqui... Não sou ninguém.
Ninguém sabe quem sou, ninguém sabe o que gosto de fazer nos meus tempos livres, qual o meu prato ou cor favorita, ninguém quer saber dos meus segredos e sentir-se importante quando os partilho.
Sou apenas mais uma das dezenas de raparigas que foi admitida na faculdade para tentar seguir o seu sonho.
E é pelo meu sonho que estou na Universidade de Sydney. Há quem queira ser cantora, dançarina, pintora, escritora, médica, e entre tantas outras profissões. E eu quero ser jogadora de hockey profissional.
A primeira impressão que têm de mim é que sou uma rapariga frágil, delicada e bastante feminina. E sim, sou tudo isso e muito mais, mas tenho o meu outro lado mais desportivo, meio masculino e muito competitiva.
Na minha opinião, não há desporto para homens e desporto para mulheres. Não. Sejamos homem ou mulher, devemos fazer o desporto que gostamos e não ser alvo de preconceito e descriminação por isso. E o caminho até este pensamento chegar a todos ainda é longo, infelizmente.
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𝕰𝖓𝖉 𝖀𝖕 𝕳𝖊𝖗𝖊 [ 5SOS ]
Fanfiction♫ | A vida é feita de encontros e desencontros inesperados, de amores irreais, de solidão, de sorte e azar, de sorrisos e gargalhadas sinceras, dias ensolarados e olhares perdidos, pedidos de socorro, um adeus silencioso... De uma alma atormentada...