0,10- Visitas e flagrantes

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Estaticamente quais são as chances de algo assim ter acontecido? Vinte e quatro horas atrás eu ainda estava completamente irritada com Theo Zhang e agora estou usando uma camisa dele e deitada na mesma cama em que ele está, eu deviria achar isso normal?

Mas preciso admitir que não me arrependo

Respirei fundo e me levantei, ele ainda estava dormindo, aparentemente tem sono pesado já que eu estou praticamente me remexendo na cama a cada cinco segundos. Me certifiquei de fechar a porta cuidadosamente e assim que foi possível, encarei o meu reflexo no espelho. Não estava tão ruim assim, exceto pelo meu cabelo completamente bagunçado. Bufei e peguei um amarrador de cabelo, deixando uma parte presa.

Eu preciso tomar banho

Bufei e caminhei em direção ao meu quarto. Porém fui surpreendida ao perceber que alguém estava batendo na porta. Mas eu não me lembro de ter deixado ninguém subir, ou avisado na portaria. Provavelmente deve ser Vanessa ou Anajú que esqueceram algo por aqui.

Destranquei a porta e arregalei os olhos ao me deparar com uma visita inesperada e definitivamente irritante: minha irmã mais nova, Ana.

— Quem deixou você entrar?— indaguei em choque.

— Eu fiz cópia da chave da última vez, fora que deixei registrado na portaria que sou sua irmã.

— O que?— rebati indignada. — Como você fez cópia da minha chave?

— Foi fácil, Vanessa vivia largando o chaveiro em qualquer lugar. Eu peguei, fiz a cópia e coloquei de volta.

Eu estou perplexa. Parece que a cada dia Ana fica mais sem noção. Mas agora ela havia passado de todos os limites do que eu considerava "normal", fazer uma cópia da minha chave definitivamente não é algo que eu vou aceitar.

— Me devolve!— ordenei estendendo a mão, ela sorriu de canto. — Agora Ana! Você não pode fazer uma cópia de uma chave sem permissão.

Ela revirou os olhos e colocou a chave na minha mão, fechando a porta atrás de si e cruzando os braços.

— Foi mal, não precisa se preocupar eu só fiz essa. Mas sei que você nem iria me atender se eu avisasse na portaria.

— Você não é mais uma criança, já tem idade o suficiente para saber que isso foi muito idiota — repreendi, ainda irritada.

— Tá, eu sei, já pedi desculpas — ela respondeu impaciente.

É sempre assim. Não existe um dia em que Ana não se intrometa na minha vida, assim a maneira mais fácil é fugir dela e não contar absolutamente nada do que acontece comigo.

Ainda mais que meu colega de quarto é um homem

Espera! Eu não contei para ela que o meu colega de quarto é um cara, e ele está simplesmente de cueca na porta ao lado, depois que dormimos juntos.

Isso não é nada bom

— Fiquei sabendo que Vanessa e Anajú não moram mais aqui, então queria saber se eu posso morar com você.

Arregalei os olhos, só de imaginar essa possibilidade fico mais assustada do que com qualquer outro acontecimento ruim e imaginável. Não, algo assim jamais vai acontecer, nem caso um dia eu perca completamente a cabeça.

— O que? Você não pode!

— Por que não? Eu não quero mais morar em Campo Florido. Não existe mais nada para fazer naquela cidade, só a Aromas e Cores, a praça e uma balada fracassada. Sempre que eu venho para Belo Horizonte eu percebo o quanto lá não faz o meu estilo, não foi por isso que você se mudou?

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