— Porque eu errei com você.
Theo sorriu brevemente e se ajeitou no banco. Ele realmente está me respondendo? Definitivamente esse dia está surpreendente.
— Não deveria ter sido tão impaciente quando me ajudou no primeiro dia, não deveria ter reclamado do seu café, do que você estava assistindo e não deveria ter ouvido música tão alta quando me lembro de pedir para você não fazer isso. Sinto muito.
— Está tudo bem. Espera, você se lembra daquele dia? — perguntei surpresa e ele assentiu.
Estava tão desesperada que não havia percebido esse fato assim que ele me pediu desculpas da primeira vez, eu deveria me sentir aliviada? Porque estou me sentindo.
— Sim. Queria ter pedido desculpas antes mas não consegui.
— Posso te fazer outra pergunta?
Ele assentiu. Não quero parecer inconveniente mas já que esse parece ser o momento para se desculpar, gostaria de perguntar algo que realmente está me deixando curiosa.
— Por que você estava com tanta urgência para se mudar? Acho que o meu foi o primeiro apartamento que viu e aceitou.
— Na verdade, não. Eu já tinha conversado com algumas outras pessoas mas você pareceu ser a mais, como posso dizer, gentil?— indagou pensativo.—Acho que está esperando por um motivo muito surpreendente, mas sinto te decepcionar. Não foi por nada muito grande.
— Sério?
— Sim — ele cruzou os braços. — Eu só queria sair da casa dos meus pais. Acho que o meu pai consegue ser muito insistente quando quer, ele é meio antiquado. Segundo ele deveríamos trabalhar nas lojas dele e casar antes dos trinta, é cansativo, só não queria ter que viver assim durante muito tempo.
Acho que me identifico um pouco com Theo nesse sentido. Não é a mesma situação obviamente, mas um dos principais motivos para que eu me mudasse de Campo Flórido tão rapidamente foi o quanto minha mãe se dedicava a minha irmã, não é como se eu me sentisse deixada de lado, até porque se fosse por isso eu não estaria fugindo tanto de sua presença, mas apenas cansei de exigirem mais de mim do que o necessário.
— Acho que sei como você se sente. Era mais ou menos assim comigo, tirando a parte do casamento, acho que ninguém na minha família se importa muito com isso. Mas era insuportável, caso você encontre minha irmã por uma ironia do destino vai entender o que estou falando. Aquela garota tem um talento excepcional para dar golpes, tenho até medo de ter que visitá-la na cadeia daqui alguns anos.
— Espero não encontrá-la então — Theo brincou, rindo. — Eu não iria contar isso porque estava com vergonha mas acho melhor do que ficar em silêncio.
— O que?
— Eu assisti aquele filme que você estava vendo naquele dia. Não tinha nada demais, acho que acreditei em você quando disse que não era exatamente o que parecia, mas sempre tenho essa mania de confirmar as coisas.
— Sério?— rebati boquiaberta.
— Sim. Mas preferia não ter assistido, ele é horrível.
— Como você descobriu qual era?
— Não foi difícil, só se falava disso na internet. Parece que está bem famoso.
Sorri ainda desacreditada. Acho que agora finalmente posso respirar sem me sentir tão envergonhada como antes, exceto pela parte que ainda assim continuava sendo um filme assustadoramente ruim.
— Você é até engraçado — confessei. — É bem ruim mesmo. Então, agora entende que eu estava falando a verdade? Não sou tão sem noção assim, mas não estamos ultrapassando os limites conversando assim?— ironizei.
— Não sei, será?— ele franziu a testa. — Prefiro não me preocupar com isso.
Sorri e apoiei as minhas costas no assento. Acho que agora seria como se fôssemos amigos, ou, ao menos semelhante ao que colegas de quarto devem de fato ser. Mas algo me incomoda, eu não deveria pensar no quanto o meu colega de quarto fica bonito com a luz da luminária refletindo em seu rosto. Por acaso eu estou olhando de mais?
Ou eu ainda estou nervosa por conta de tudo o que aconteceu
Não me parece certo que no único momento em que estamos nos resolvendo eu simplesmente já esteja imaginando algo que não deveria.
— Por que você sugeriu que viéssemos juntos hoje? Eu não estou incomodado nem nada mas estou curioso. Por acaso, tem algo haver com aquele cara?
— Rodrigo? É, um pouco. Não é que eu goste dele nem nada, mas estava sem graça de encontrar alguém que não vejo já faz muito tempo. Deve ter sido por isso que surtei e acabei trocando as reservas da mesa.
— Foi engraçado, achei que você iria desmaiar quando ele apareceu. Mas não sabia muito bem o que fazer, mas ele provavelmente nem percebeu.
— Eu espero que sim, foi vergonhoso. Mas eu estava mais preocupada com a minha família, não quero conversar com elas em um dia importante assim. As vezes perco a paciência muito rápido. Por isso estava fugindo.
Theo olhou para mim e sorriu brevemente. Posso estar enlouquecendo mas sinto que ele está olhando diferente para mim, algo que me deixa curiosa, será que sempre foi assim? Ou é tão repentino que eu não sei o que pensar? São tantas perguntas.
— Você está bonita hoje.
Engoli em seco e sorri um pouco envergonhada. Definitivamente algo diferente está acontecendo, poderia jurar que ele está me tratando de outra maneira.
— Você também, está bonito.
Três, dois, um. Theo aproximou o rosto de mim e dessa vez, contrariando o que eu havia feito naquela noite, eu me permiti fechar os olhos, até o momento em que ele finalmente me beijasse. Apoiei uma das minhas mãos na madeira do banco e suspirei ao perceber que ele havia colocado uma das mãos na minha cintura.
Acho que essa noite acabou sendo surpreendente até mesmo para mim. Principalmente, quando eu percebi que ainda estava beijando Theo mesmo quando havíamos chegado em casa. O que iríamos fazer depois? Iriamos continuar sem nos falar ou agiríamos como se nada nunca tivesse acontecido? Não importa, não agora enquanto adentramos o quarto dele.
Senti o impacto das minhas costas de encontro com o colchão e fiquei surpresa ao vê-lo tirar o paletó do terno. Uau, ele é bonito mesmo. Sorri e me inclinei, ajudando a puxar a camisa.
Carol, você não precisa se controlar agora, isso não acontece com uma frequência muito grande na sua vida.
Theo voltou a me beijar e abriu o zíper do meu vestido, pouco depois senti o meu sutiã sendo retirado do meu corpo e o nosso beijo parecia se intensificar a cada instante.
— Espera!— pedi o afastando, Theo me olhou um pouco confuso. — Você não vai colocar a Symphony No. 5 agora, vai?— zombei com um sorriso divertido.
— Não, mas eu posso colocar The Weekend se quiser — Theo sugeriu rindo.
— Vamos sem música, já se passaram das dez horas de qualquer maneira.
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Estatísticas e Demonstrações ✓
Ficção AdolescenteCarol estava desesperada. Após receber a notícia que as colegas de quarto iriam se mudar, acabou percebendo que não poderia viver sozinha com todas as despesas. Em uma medida emergencial, ela acaba aceitando morar com um garoto, mesmo que ache isso...