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0,11- Revelações surpreendentes

— Espera, o que?

Anajú franziu a testa e me encarou tentando assimilar o que eu havia dito. Acho que talvez ela tenha se perdido na parte em que eu disse ter beijado Theo, eu entendo, até mesmo eu ainda estou confusa.

— Eu escutei direito? Não estou ficando maluca, certo?

— Provavelmente não, eu ouvi a mesma coisa — confirmou Bruce colocando um pouco de chá na mesa.

— Você ainda não enlouqueceu Anajú. Eu acho que acabei terminando em um caso com Theo? Como eu deveria chamar isso? É estranho.

— Espera, você gosta dele?

Acho que não tenho uma resposta para essa pergunta. Foi tudo tão de repente, mas certamente não sinto o mesmo que sentia por ele alguns dias atrás, é mais intenso e ao mesmo tempo não é incômodo, mas sinto que o meu coração agora está lentamente começando a acelerar quando estou perto dele.

— Eu devo estar começando a gostar. Não tenho certeza.

— Mas ele chamou você para sair. Isso é bom, não é?

— Acho que sim — falei, bebendo um pouco do chá. — Eu achei que ele me detestasse. Bruce, como você percebeu que gostava dela?

Anajú arqueou as sobrancelhas. Ela parecia um pouco ofendida, mas não acho que ela seja a pessoa ideal para perguntar como finalmente se atentou à algo, na verdade, ela demorou muito para perceber que gostava dele.

— Não sei exatamente. Provavelmente eu comecei a me interessar por ela quando fez uma piada boba sobre o meu nome. Mas gostar, creio que foi quando tomamos chocolate quente juntos e Anajú me contou que não gostava de café.

— Sério? Você nunca me falou sobre isso. Estou surpresa — ela sorriu.

— Vocês realmente foram feitos um para o outro, tão bregas — eu bufei. — Estou tendo arrepios.

Bruce riu e se sentou ao lado de Anajú no sofá, ela encostou a cabeça no ombro dele e sussurrou algo inaudível. As vezes me pergunto se é possível ter o que eles têm, não que sejam perfeitos, afinal ninguém é. No entanto, acho que depois de finalmente perceberem o que sentiam um pelo outro não conseguiram mais se separar. Então, será que eu ainda preciso perceber se gosto de Theo ou não? Talvez estou me apressando muito?

É confuso. Anajú e Bruce começaram do início mas parece que Theo e eu estamos começando do final. Não seguimos corretamente o que é esperado de um relacionamento, tanto é que moramos juntos antes mesmo de conseguirmos suportar a presença um do outro. Embora, ao mesmo tempo eu tenha certeza que me importo muito mais com ele do que com os meus "relacionamentos" passados.

— Acho que você deveria dar uma chance — opinou Anajú. — Theo é legal, a maioria das pessoas no trabalho pensam isso também. Acho que não custa nada tentar. Afinal, não é como se fosse possível esquecer o que aconteceu entre vocês, não acha?

— Você deve estar certa mas é difícil. Acho que eu nunca gostei de ninguém assim, nem mesmo no ensino médio quando eu poderia jurar que era apaixonada por um garoto da minha sala. Mas ele se mudou e tudo passou tão rápido.

— Não acho que precise se apressar para gostar de alguém. Uma hora vai acontecer, certo?

— Espero que sim.

Respirei fundo e me olhei no espelho mais uma vez, me certificando que a minha aparência está no mínimo razoável. Estou no banheiro de um restaurante enquanto Theo me espera na mesa, ele realmente levou a sério quando disse que deveríamos "resolver isso". Até mesmo se deu ao trabalho de me buscar em casa, o que parece irônico já que literalmente moramos no mesmo lugar, mas segundo ele assim traz uma sensação mais real.

Eu achei fofo

Caminhei em direção a mesa em que estava antes. O lugar é bonito e o tempo está bom, algo que definitivamente torna o clima mais agradável. Theo sorriu brevemente e colocou o cardápio na mesa.

— Você está bem? Depois do que houve entre você e a sua irmã? Não consegui encontrar um momento bom para perguntar.

Por incrível que pareça, eu estou bem. Certamente, não queria ter brigado com Ana mas foi necessário, ela sempre ultrapassa os limites e eu repreendo uma única vez. Acho que talvez agora posso respirar tranquilamente por mais um tempo antes que ela decida aprontar algo novamente.

— Sim. Para ser sincera, me sinto aliviada. Não é justo o que ela fez, eu te disse que ela poderia fazer  estelionato se quisesse. Por enquanto não preciso me preocupar com isso.

— Sabe, ainda não conversamos de fato sobre o que aconteceu naquela noite. Mas eu me lembro de ter dito que não poderia esquecer.

Assenti um pouco envergonhada. Eu não sou uma pessoa que costuma se envolver em casos de apenas uma noite, por isso estou mais tímida do que o normal.

— Não, ainda não conversamos.

— Carol. Sei que pode parecer repentino, ou apressado para você, mas estou sendo sincero. Tenho sentimentos por você que ultrapassam os limites de colegas de quarto.

— O que?— indaguei surpresa. — Como, quando isso aconteceu?

— Não sei exatamente. Mas eu me impressionei quando vi você pela primeira vez, e também fiquei um pouco chocado quando mesmo depois de ter irritado você, ainda assim, colocou uma coberta em mim durante uma noite fria. Parece bobo, eu sei.

— Não é isso!— exclamei. — Quer dizer, eu não achei bobo!

Ele ainda tentava disfarçar quando estava sorrindo. Não sei muito bem como descrever os meus sentimentos por Theo Zhang, sei que não o amo, mas existe uma grande possibilidade para que eu esteja em um caminho que vá direto nessa direção.

É inevitável negar o quanto ele é uma pessoa interessante e que no momento mais inusitado, acabou fazendo o meu coração disparar.

— Sério? Achei que você iria me achar maluco.

— Eu acho, mas só um pouquinho — brinquei. — Não posso dizer que estou apaixonada por você ou algo assim, mas definitivamente meus sentimentos também não são os mesmos que eu deveria ter com um colega de quarto. Assim, eu quero continuar saindo com você, poderíamos ir em encontros se você tiver tempo. O que acha?

— Você é mais sincera do que eu esperava. Acho que ainda temos muitos encontros e conversas para desenvolver.

— Sim, ainda precisamos fazer isso.