Eu descobri que odeio absolutamente todos os brinquedos dos parques. Mais especificamente, aqueles que giram e me causam náuseas. Qual o sentido de fazer um brinquedo que vai a metros de altura? Isso poderia matar alguém, no caso: eu.
Quando desci da montanha russa parecia que todo o meu estômago estava se revirando, provavelmente não vomitei por sorte. É isso, eu nunca mais vou pisar em uma novamente, é tão humilhante mal consigo enxergar com nitidez tudo o que está na minha frente, já que está tudo completamente embaçado.
— Você disse que esse brinquedo era divertido!— exclamei me segurando em um dos braços de Theo que praticamente me arrastava para próximo de um banco. — Seu mentiroso, eu estou morrendo!
— Sério? Mas essa nem era tão rápida assim.
Olhei para Theo como se quisesse matá-lo, o que eu estava quase fazendo. Quando ele me chamou para vir no parque pensei que seria apenas um encontro divertido, mas não imaginei que seria praticamente um atentado contra a minha existência.
— Como pode dizer isso? Não está vendo que eu estou morrendo? Quem fez esse brinquedo merece absolutamente tudo, menos uma vaga no céu!
— Você precisa de água ou alguma coisa assim?
Suspirei e encostei as minhas costas no assento do banco. Acho que estou me sentindo um pouco melhor agora, principalmente depois que fechei os meus olhos.
— Água, por favor.
Pouco tempo depois, Theo apareceu na minha frente com uma garrafa de água. Ele se sentou no espaço vazio ao meu lado e me olhou um tanto preocupado.
— Está se sentindo melhor?
— Sim. Acho que não sou muito fã de montanha-russa, ou qualquer brinquedo que envolva altura.
— Foi mal, deveríamos ter ido no carrinho bate-bate — ele constatou. — Eu já volto.
Olhei para Theo um pouco confusa mas ele havia desaparecido do meu campo de visão. Preciso admitir, apesar da minha alma quase ter deixado o meu corpo na montanha-russa, fico feliz que Luiza tenha inventado um compromisso, não precisa ser muito inteligente para perceber o quanto essa história dela era fictícia.
— O que é isso?— perguntei animada ao perceber que Theo estava de volta, mas dessa vez segurava dois algodões doces que se pareciam com ursinhos. — É tão bonitinho!
— Eu já queria comprar faz um tempo mas como você não estava se sentindo muito bem.
Sorri e peguei o algodão doce que ele estendeu para mim. Ele é fofo, não só o algodão doce mas Theo também, acho que é a primeira vez que fico tão confortável em um encontro, mesmo sendo totalmente por acaso.
— Obrigada — falei, pegando um pedaço do algodão-doce. — Vou até te perdoar por quase me matar.
— Ainda bem, não estou pronto para perder o meu réu primário.
— Não sabia que Luiza é sua irmã. Você não acha esse coincidência muito grande? Quem diria que eu iria trabalhar na loja da sua família e com a sua irmã. Chega até a ser engraçado.
— Eu também fiquei surpreso. Quer dizer, foi engraçado mas não imaginei que uma coincidência assim poderia acontecer.
— Sabe o que deveríamos fazer? Um jogo de perguntas, já esgotei a minha cota de coincidências.
Theo assentiu. Certo, por mais que nós vemos praticamente todos os dias ainda sinto que não conheço muita coisa sobre ele. Talvez a "stalker" do trabalho dele saiba mais do que eu algum dia vou saber.
Isso é um pouco assustador na verdade
— Eu começo — anunciei levantado a minha mão direita. — Tudo bem, qual o seu filme preferido?
— Não tenho um. Eu gosto de muitos filmes, não consigo escolher. Mas e o seu?
— Eu gosto de Um Lugar Chamado Nothing Hill, ele também envolve muitas coincidências, mas ainda estou em dúvida se é um dos meus favoritos — expliquei enquanto pensava na próxima pergunta. — Você realmente escuta música clássica ou é só quando está bêbado?
— Acho que agora era a minha vez de perguntar — ele riu. — Depende, eu costumo ouvir mas não sempre. Você quebrou uma xícara azul e escondeu embaixo da pia?
Sorri amarelo, acho que esqueci de avisar para ele que dias atrás acabei esbarrando na xícara dele e ela se quebrou em inúmeros pedaços, mas naquele dia ainda achava que ele me odiava, por isso escondi e fiquei em silêncio até agora. Se bem que eu não pretendia contar mesmo sabendo que ele gosta de mim, eu acho.
— Eu vou comprar outra para você — garanti forçando um sorriso. — Vamos pular para a próxima!
— É a sua vez agora.
Para ser sincera, existe algo que estou cogitando perguntar já faz um tempo mas ainda me questiono se seria inesperado demais. Entretanto, tantas coisas completamente inusitadas acabaram acontecendo nos últimos tempos que não acho certo adiar isso.
— Você quer ir no casamento da Anajú comigo?
Theo piscou algumas vezes, ele parecia um pouco perdido. Será que é cedo demais? Só imaginei que ele seria um ótimo par, não é como se eu estivesse pedindo em casamento.
— Está falando sério?
— Sim mas não precisa ir se não quiser, eu só pensei que seria legal.
— Não!— ele exclamou. — Eu vou com você, não precisa perguntar duas vezes.
— Sério?— perguntei animada. — Não achei que você fosse aceitar.
Olhei para Theo sem esconder o quão feliz eu estou. Por que parece que a cada dia que se passa acabo rapidamente gostando mais dele? Nesse ritmo não vai demorar muito para eu acabar me apaixonando completamente por ele, acho que nem sei explicar como estou me sentindo nesse exato momento.
— Carol, será que eu posso te beijar?
Pisquei algumas vezes tentando assimilar aquela pergunta. Um silêncio se instaurou por alguns segundos e eu poderia sentir o meu coração batendo mais forte. Assenti e permaneci estática, esperando para que ele finalmente tomasse a iniciativa, o que não demorou muito. No instante seguinte já estávamos nos beijando.
Confesso que foi difícil segurar o meu algodão-doce enquanto beijava Theo, mas me esforcei o suficiente para que isso desse certo. Creio que agora não preciso mais me questionar tanto se sinto algo por Theo Zhang ou não.
Afinal, a resposta para essa pergunta claramente é sim, e eu não precisei de muito tempo para encontrá-la.
Olá! Estatísticas e Demonstrações está agora em sua reta final, vejo vocês nos últimos capítulos. Beijos!
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Estatísticas e Demonstrações ✓
Teen FictionCarol estava desesperada. Após receber a notícia que as colegas de quarto iriam se mudar, acabou percebendo que não poderia viver sozinha com todas as despesas. Em uma medida emergencial, ela acaba aceitando morar com um garoto, mesmo que ache isso...