Interlúdio

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ABRIL, 2019

Don't you call him what you used to call me



Liza

O quê? Agora essa era a sua estratégia?

Eu murmurava comigo mesma enquanto revirava minhas camisetas em uma das gavetas da cômoda. 

Nas últimas horas, desde que acordamos com quatro pés esquerdos, Harry tinha agido como um absoluto príncipe. Tudo bem que sempre optamos pela dinâmica "fingindo que nada aconteceu" sempre que brigávamos, mas ele estava passando dos limites. Harry parecia a todo custo querer provar que eu é quem estava fazendo de tudo para dificultar nosso relacionamento. E como ele fazia isso? Sendo absurdamente gentil, cavalheiro, carinhoso, engraçado e... arrrrgh.

Será que poderíamos, só dessa vez, nos comportar de acordo com a situação?

Ele agia agora como se eu fosse a bruxa má e horrível e ele a doce e inocente... princesa. E eu já usei essa analogia, né? Mas é que estava usando todas as suas cartas na manga para me transformar na manipuladora da história. Se eu dizia que queria passar em casa antes, ele escolhia frases com sentidos ocultos como resposta. Como um "sim", que na verdade significava jogar na minha cara que ainda faria qualquer coisa que eu pedisse. "Diferente da Liza, que não faria o mesmo". Viu? Manipuladora. Como se eu, de alguma forma, estivesse o direcionando a fazer todas as coisas maléficas que eu tinha em mente e ele, pobre coitado e apaixonado, não tinha opção, senão aceitar. 

- Liza, vamos nos atrasar! For fuck's sake! - Escutei Harry gritar e uma batida na porta do meu quarto. Porta que sempre ficava aberta para que ele pudesse ir e vir, mas eu havia trancado dessa vez porque eu precisava me manter longe dos seus olhos verdes que eram oblívios aos efeitos que me causavam.

Mas que saco!

- Eu já estou indo! - Gritei de volta.

- Por que você está demorando tanto? - Perguntou quando eu abri a porta e quase topei de nariz com ele no corredor.

- Eu não consigo decidir o que vestir. 

- Como assim? Você precisa decidir? Só vamos ao estúdio de tatuagem. Coloca qualquer roupa.

Encarei Harry como se naquele momento ouvisse o maior absurdo já ouvido na história da humanidade. Jamais imaginei o Harry-Fashion-Styles dizendo frases como "coloca qualquer roupa"

- É claro que eu preciso decidir! - Bufei. - Preciso pensar onde vou tatuar e vestir roupas com fácil acesso à essas áreas. 

- Agora você já está inventando.

- Ah é? Certo! Então vou vestir uma calça jeans bem apertada e tatuar aqui – mostrei com o dedo a linha entre a barriga e a perna, quase na virilha, mas próximo ao quadril – assim eu vou precisar tirar toda a calça e o tatuador vai adorar ver a minha calcinha nova de renda. 

Harry fez uma careta, abrindo e fechando a boca algumas vezes tentando formular uma resposta à altura.

- Bem, nesse caso, você vai ter que tirar qualquer roupa que escolher.

Foi uma resposta bem pensada, confesso, porque eu me peguei também sem saber o que retrucar.

- Ok. Então eu vou tatuar na coxa, porque teria uma opção de roupa melhor, mas se eu não escolher e for de jeans, eu vou ter que tirar e aí o tatuador vai ver a minha calcinha. 

- Liza, cala a boca. - Harry rebateu sem paciência e eu gargalhei. - Você vai com essa roupa aí ou não?

- Sim! - Confirmei como se sua pergunta fosse idiota. 

Mistérios do Destino // H.SOnde histórias criam vida. Descubra agora