6. Just can't lie, it was the best time of my life.

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SETEMBRO, 2018 
6 meses atrás

Sábado! Dia de lavar roupas. Ontem Harry e eu chegamos bem cedo do restaurante e eu fui direto dormir, ele não quis ficar, pois tinha aquele compromisso super importante no estúdio. Eu tenho certeza que ele já está produzindo o álbum novo, mas não tive coragem de perguntar. E acho também que ele não responderia.

Desci até a lavanderia do prédio com a minha cesta lotada de roupa social suja. Eu comentei ontem com Harry sobre isso, que eu deveria tentar sair durante o dia, né? Tipo hoje... Usar um short jeans ou qualquer outra roupa que não seja como se eu estivesse indo trabalhar. Mas ele teve uma ideia melhor, me prometeu que amanhã iríamos à praia.

Eu estava bem animada, de fones de ouvido cantarolava enquanto separava as roupas para colocar na máquina, não havia ninguém na lavanderia quando cheguei, ainda era cedo. Não passou muito tempo até que uma senhora que parecia ter uns oitenta anos entrou com uma cesta bem mais vazia que a minha.

- Bom dia! - Ela disse muito simpática.

- Bom dia! Tudo bem com a senhora? - Eu perguntei.

- Eu estou ótima! Hoje está um dia lindo, você não acha?

- Está sim. - Eu respondi sorrindo.

- Pois eu acho que hoje é um ótimo dia para agradecer, sabe, minha filha, todos os dias que estamos vivos.

Aí que senhorinha mais fofa.

- Concordo, a senhora está certa.

No começo, eu não entendi muito bem o porquê de ela estar dizendo aquilo, mas eu acho que idosos são idosos em qualquer lugar, né? Falam com todo mundo e puxam conversa sobre tudo, foi assim que eu descobri que ela havia fugido da Holanda em 1940, com cinco anos de idade, a família toda de Judeus fugiu para os Estados Unidos após o estouro da Alemanha Nazista. Prestes a completar 78 anos, a senhora Elinor era muito feliz e cheia de vida.

Foi uma feliz coincidência ter descido para lavar roupas naquele horário, duas horas depois todas as minhas roupas estavam limpas e eu nem mesmo vi a hora passar, Elinor me manteve em uma agradável conversa durante todo o tempo, subimos juntas pelo elevador e ela me fez prometê-la que iria em sua casa para comer biscoitos e tomar chá no próximo fim de semana.

Estava há pelo menos cinco minutos passando raiva com a fechadura quando a filha da vizinha colocou a cabeça para fora da porta, olhando para mim e depois para os dois lados do corredor, exatamente como ela tinha feito em várias outras vezes. Acho que posso até já ter perdido as contas de quantas vezes ela me encontrou chegando ou saindo.

- Oi. - Ela me cumprimentou pela primeira vez desde que todos esses encontros têm acontecido. Sou sempre eu quem diz "ei" primeiro.

- Ei. Tudo bem? - Parei de tentar virar a chave e olhei para ela.

- Sim... - Ela parecia meio indecisa. - E você?

- Eu estou bem, obrigada. - Sorri para passar confiança. - Qual é o seu nome?

- Emma e o seu? - Ela espremeu os olhos, desconfiada.

- Eu sou a Liza. - Sorrio de novo. - Você precisa de alguma coisa, Emma?

- Não. - Ela negou com a cabeça e colocou o resto do corpo para fora, no corredor. - Posso te perguntar uma coisa, Liza?

- Claro, querida. - Assenti com a cabeça, largando de vez a chave na fechadura e me virando para ela.

- Aquele homem que eu vi chegando com você outro dia... Ele é seu namorado? - Ela perguntou tímida e eu comecei a rir.

- Não. Ele é meu amigo.

Mistérios do Destino // H.SOnde histórias criam vida. Descubra agora