27. I don't think you even realize baby you'd be saving mine

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ABRIL, 2019

Harry estava de volta a Los Angeles pela primeira vez em semanas. Eu havia buscado Gemma e ele no aeroporto poucos dias atrás. Durante todo esse tempo, eu havia repassado várias vezes o discurso que faria quando nos víssemos pessoalmente e pudéssemos finalmente ter "A Conversa". O que eu não esperava era que a minha atenção nesse assunto que eu julgava tão importante seria jogada para escanteio no instante em que meus olhos caíssem sobre sua figura um tanto abatida. E, depois disso, a desculpa para postergar a conversa sobre Sophie era que Harry estava doente e eu não queria parecer egoísta por trazer o assunto à tona em vez de cuidar dele. 

Então lá estava eu, na casa de Harry, agindo como se não houvesse uma tensão crescendo entre nós - ou talvez eu só estivesse imaginando isso. Ou talvez a tensão partisse só de mim. Não dava para saber, eu sempre ficava confusa, porque olhando para Harry parecia que com ele e para ele nada nunca estava acontecendo - só porque aquela era a primeira vez que nos víamos no que, se eu fosse ser sincera, parecia muito mais do que "só algumas semanas", como Harry tão efusivamente tinha frisado várias vezes antes de partir. 

De fato, eu tinha que admitir para mim mesma que eu senti sua falta muito, muito mais do que eu jamais pensei que fosse sentir. E aquele resfriado que fazia Harry parecer tão frágil, indefeso e vulnerável me causava ainda mais remorso por não estar com ele desde antes. 

Gemma havia vindo para LA para passar um tempo com Harry, ou pelo menos foi o que ela havia dito. Eu não tinha mais visto-a desde que os busquei, mesmo que, teoricamente, ela estivesse hospedada na casa dele e eu estivesse passando mais tempo lá nos últimos dias do que na minha própria casa. Gemma estava cuidando da própria vida, e parecia fazer questão de fazer isso em outro lugar, como se ela houvesse pegado no ar que alguma coisa não estava certa entre seu irmão e eu. 

- Eu não acredito que fiquei doente logo agora! - Harry bufou pela milésima vez na última hora. 

Harry era um péssimo doente, só sabia reclamar, fazer birra e teimar que não queria comer. Estávamos apenas descansando no sofá da sala, ele mexia no celular e eu lia um livro, daquele jeito em que mesmo calados precisávamos da presença um do outro, ainda que cada um estivesse fazendo sua própria coisa. Ainda assim, parecíamos um casal de velhinhos, ele reclamava sobre tudo e eu reclamava que ele só reclamava. 

- Eu já volto. - Me levantei do sofá em um pulo. 

- Aonde você vai? - Harry resmungou. - Você vai me deixar sozinho? E se eu morrer durante a sua ausência? 

- Você só está gripado, Harry Styles. - Revirei os olhos. 

- E se eu morrer de saudades?

- Eu só vou na cozinha, relaxa. Se você ver que está partindo desse mundo, me grita e eu volto correndo. 

Ele deu uma gargalhada. 

- Do que vai adiantar? Se eu já estiver morrendo?

- Eu te ressuscito. 

- Se você vier para cima de mim vestida assim vai acabar de me matar. Infartado. 

Harry me deu uma secada e eu segui seu olhar, abaixando minha cabeça e conferindo o pijama bem normal que eu usava: uma camisa de merch de um álbum dos anos 70 de algum cantor, eu tinha pegado no seu closet quando tomei banho ao voltar do trabalho, e um short de cetim com estampa de bolinhas que era realmente parte de um pijama. 

- Você é muito jovem e saudável para morrer de infarto, não acha? - Ele pensou um pouco e eu realmente achei que ele viria com uma justificativa mirabolante como resposta.

Mistérios do Destino // H.SOnde histórias criam vida. Descubra agora