7. Don't say a word while we dance with the devil

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OUTUBRO, 2018 

5 meses atrás 

Mal começou o mês e eu saía de mais uma das milhares de reuniões completamente exaustivas que estava participando nas últimas semanas. Henry Campbell (aquele bonitão que a Lucy gostava de almoçar junto) estava nessa reunião, que foi sobre planejamento entre o staff. Saiu da sala junto comigo resmungando sobre a dupla pressão que estava sofrendo.

- E além de ter que demonstrar os resultados das metas propostas para o Sr. Stein, ainda preciso lidar com esse cliente que ultimamente está sendo uma pedra no meu sapato! - Henry desabafava a caminho do refeitório para o almoço mais tardio que eu já havia feito desde que me mudara.

Todos os outros presentes na reunião haviam feito a pausa para almoço no horário certo, tendo voltado algum tempo depois, mas Henry e eu optamos por ficar montando a estratégia para atender a demanda desse cliente que realmente estava começando a afetar mais setores.

Henry era supervisor regional de vendas, um cargo parecido com o meu, a única diferença é que eu era supervisora de filial, ou seja, só era responsável por essa em que trabalhava, enquanto ele era responsável por essa e mais duas filiais da Califórnia. Mas vendas e logística são setores que andam juntos e por isso precisávamos resolver em conjunto.

- Por causa da limpeza das caixas de água, fizemos a comida com quantidade um pouco menor, porque era o que tinha disponível de água. Infelizmente acabou. Achamos que todos já tinham almoçado. - Kiara, a nutricionista da empresa disse assim que foi abordada por nós. Faziam essas limpezas de tempos em tempos, era algum padrão de qualidade para manter as certificações ambientais.

- Bom, tudo bem. Podemos almoçar em algum restaurante aqui perto. Obrigado! - Henry disse para Kiara e eu sorri, em seguida demos meia volta em direção a saída do local.

Assim que chegamos ao primeiro andar, eu planejei ir para a minha sala para pedir alguma comida, pois pensei que Henry havia dito no plural, eu e ele, apenas por educação, já que havíamos ido juntos até o refeitório. Não queria ser inconveniente e me auto convidar para o acompanhar.

- Bom, então vou para minha sala. - Eu disse apontando para a direção que eu deveria seguir no corredor.

- O quê? Você não vai almoçar comigo? - Ele perguntou surpreso.

- Você não me chamou para ir com você, não quis ser intrometida. - Dei um risinho.

- Ah, para. Vamos? Só sobrou nós dois sem comer. - Ele riu.

- Eu só vou até minha sala pegar minha bolsa. 'Tô morrendo de fome. - Finalizei com uma risada.

Sai andando depressa antes que conseguisse ouvir sua resposta. Abri a porta em um baque surdo, assustando Lucy que estava concentrada escrevendo um e-mail.

- Onde você estava? - Ela me perguntou com a mão no peito devido ao susto. - Você quer me matar?

- Reunião com todos os supervisores. - Fui até o armário onde guardava minhas coisas. - Desculpe pelo susto, eu só vim buscar minha bolsa. Acredita que acabou a comida?

- Quando eu almocei, sozinha, sabe? - Enfatizou dramatizando. - Havia uma pilha de pratos na pia da lavanderia. Então eu imaginei que estavam fazendo limpeza. Você sabia que não podem lavar nada quando estão fazendo isso? A engenheira de segurança que me contou esses dias.

- Sabia. É porque a água fica retida em um outro reservatório, só liberam o suficiente para manter o funcionamento dos bebedouros e descargas. Não daria pra gastar lavando pratos, não é? - Respondi rindo. - Desculpa não ter respondido suas mensagens. O Sr. Stein estava no nosso pé. - Falei parando na porta.

Mistérios do Destino // H.SOnde histórias criam vida. Descubra agora