35. And I would say I love you, but saying it out loud is hard

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AGOSTO, 2019 

- Sabe, mãe, tem tanta coisa acontecendo, às vezes tenho vontade de largar tudo e sair correndo, talvez pegar o primeiro avião de volta para o Brasil.

- Você pode vir embora quando quiser.

- Não! Você não pode me tentar assim! - Eu retruquei, o tom de voz de desespero. - Eu tenho uma convenção em Nova York na semana que vem!

Minha mãe riu do outro lado linha. Eu usava só um dos lados do fone de ouvido e também estava tocando música pelo notebook, na altura máxima. Eu me sentia aconchegada o bastante para ser transportada de volta para casa, como se minha mãe estivesse sentada na cama me ouvindo reclamar da faculdade.

Eu tinha passado por uma situação um pouco chata no trabalho na semana anterior e que foi completamente minha culpa. Eu me esqueci de um prazo e quem recebeu a reclamação foi um dos meus subordinados que, claro, ficou furioso por ter que lidar com algo que eu, como chefe dele, deveria ter resolvido. Incompetente foi a coisa mais agradável que eu ouvi. Foi daí para baixo.

Como sempre, eu me martirizei e me culpabilizei pelo resto da semana. Na verdade, eu ainda não superei. Passei por todo aquele processo de duvidar de mim mesma que todo mundo que me conhece já sabe.

Harry sentiu que tinha algo de errado comigo logo de cara; eu cheguei do trabalho e ele estava me esperando com pizza, chocolate e sorvete. A desculpa foi que havia muito tempo que não fazíamos a noite da pizza e que deveríamos assistir um filme também.

Só que ele voltou no outro dia; outra pizza, mais chocolate e sorvete. E era sobre isso que eu falava com minha mãe ao telefone.

- E você me conhece, mãe. No outro dia eu só queria deixar isso pra lá e fingir que nada tinha acontecido, mas quando cheguei, Harry estava me esperando de novo porque queria ter certeza de que eu não ficaria triste e sozinha.

Eu me lembro que ele disse "eu não posso controlar seus sentimentos, mas se você vai ficar remoendo o que aconteceu, pelo menos não vai fazer isso sozinha".

Era muito difícil seguir em frente quando ele era tudo o que eu queria. E ele só tornava o processo ainda mais difícil quando fazia tudo o que estava em seu alcance para me fazer feliz.

Eu pensei sobre ele sentado ao meu lado assistindo ao filme, sua postura tímida e como ele estava sendo cuidadoso desde que tinha prometido que se esforçaria para ser o que eu precisava no momento: Só meu amigo. Quase parecia quando nos conhecemos, quando ele me buscava no trabalho e me levava em cafeterias. Aqueles tempos, quando fomos à praia em San Diego e quando ele me levou para comprar meu carro foram os melhores da minha vida.

A música que tocou em seguida foi Woman. Escutar sobre os sentimentos de ciúmes de Harry Styles era a última coisa que eu queria, especialmente depois de ter escutado a versão atualizada que era explicitamente sobre mim.

Eu não queria ficar pensando em nada daquilo. Eu me levantei e troquei a música.

- Por falar nisso, até me deu fome. Eu comeria aquela pizza de marguerita, mas saudade mesmo da sua comida... - Suspirei, me virando para me sentar novamente. - Aqui eu só faAAAAAAAAAAAAAAAA - Eu completei minha fala com um grito.

- O que foi? Elizabeth? - Minha mãe perguntou assustada.

- PUTA QUE ME PARIU, HARRY STYLES! - Eu gritei em português, meu cérebro em pane o suficiente para não me lembrar de trocar o idioma.

Harry estava petrificado e de olhos arregalados no batente da porta, um dos pés ainda levantado para dar o próximo passo.

- Você quer me matar de susto?

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