26. I'll be gone too long from you

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MARÇO E ABRIL, 2019

Foi bem estranho quando Harry foi para Londres. Foi estranho porque eu pensei que sentiria mais sua falta do que eu realmente estava sentindo.

Talvez fosse o fato de que tínhamos passado as últimas semanas longe um do outro, já que ele estava o tempo todo no estúdio. Então eu meio que tinha me acostumado com isso.

- Duas semanas. - Harry suspirou do outro lado da linha.

As ligações, no entanto, eram algo que eu passei a esperar sempre, porque eu também tinha me acostumado com elas.

- Vão passar rápido, H. - Eu também suspirei do meu lado da linha.

- Eu tinha que viajar logo agora? Não, quero dizer, logo agora que nos resolvemos? Devíamos ter conversado antes.

- Isso eu concordo. - Soltei uma risada. - Mas as coisas aconteceram como e quando tinham que ser.

- Bullshit. Você que ficou se cagando de medo de admitir que me ama.

- Ah, claro. E você foi muito corajoso, não é?

- Bem... Na verdade, sim.

Eu não via Harry naquele momento, mas conseguia mentalizar perfeitamente suas expressões faciais. Ele provavelmente tinha arqueado as duas sobrancelhas quando disse 'bem...', como se estivesse considerando a situação, também teria deslizado o lábio inferior um pouco para fora, quase formando um biquinho, para em seguida inclinar a cabeça levemente para a direita ao completar com 'na verdade, sim'.

Caralho. Eu tô muito apaixonada.

- Idiota! - Xinguei, porque eu não tinha argumentos contra aquilo.

- Sinto sua falta. Muito. Mal posso esperar para ver você.

- Eu...

Escutei um grito ao fundo que dizia "Tommmmmm" e, por isso, parei de falar.

- Tommmm! - A pessoa repetiu. - Já está na hora de buscar as crianças na escola.

Comecei a rir e Harry me acompanhou.

- Quem é que está gritando aí?

- É a Jenny, esposa do Tom. Eu 'tô na casa deles.

- Achei que...

- Tom, vá buscar as crianças! - Escutei Jenny gritando mais uma vez.

- For goodness sake, cara. Dá pra você responder a sua esposa?! - Ouvi Harry falando e claramente não era comigo.

- Oh, ele está aí do seu lado? - Perguntei rindo mais ainda.

- Ele 'tá finalizando uma música para mim nos aparelhos dele, porque segundo ele "os dele são melhores do que os dos estúdios".

- E são mesmo. - A reposta de Tom veio instantânea.

- Ei, Tom! - Eu disse rindo.

- Oi, Liza! Quando você vem para a Inglaterra? - A resposta veio com eco, imaginei que eu estivesse no viva-voz agora.

- Hm... Fazer o quê? - Perguntei confusa.

- Nos visitar, é claro.

- Bem, ninguém me convidou. - Soltei uma risadinha.

Clap!, foi o som seco que ouvi em seguida.

- Ouch! Por que me bateu? - Harry resmungou.

Mistérios do Destino // H.SOnde histórias criam vida. Descubra agora