Graças a Deus a dona da casa tinha calado a boca. Aquela mulher não sabia o que era limites, com certeza. Vim apenas assinar o contrato da casa e ela não parava de falar de plantas e como o gato dela fazia cocô na caixinha de areia.
Peguei a minha cópia do contrato e me despedi dela. Usei o dinheiro dos meus pais e paguei 3 meses de aluguel. Eu já estava usando o dinheiro deles a bastante tempo e um dia a mais ou um dia a menos não iria fazer diferença.
Entrei no carro e sai dali seguindo alguns carros que estavam por ali. Eu não sabia para onde estava indo, só queria ficar dirigindo, me ajuda a pensar. Tinha que bolar um estratégia para conseguir sair daquela casa sem a confusão que eu acho que vai rolar.
Meu telefone tocou e como ele era conectado com o carro desativei a notificação pelo volante. Hoje minha vó resolveu fazer um jantar e eu tinha que ir já que minha vó iria ficar no meu ouvido se eu não aparecesse. Fiz o retorno e fui em direção a casa dos meus pais, já que agora eu tenho a minha casa, no caminho fiz uma pausa para colocar gasolina.
Subi direto para meu quarto assim que cheguei e comecei a me arrumar. Tomei um banho rápido e resolvi não molhar o cabelo. Sai enrolada na toalha e me vesti no closet mesmo. Me sentei em minha penteadeira e comecei a passar uma maquiagem para melhorar meu rosto, aproveitei e dei um jeito em meu cabelo também.
Coloquei uns acessórios e passei perfume e meus cremes de sempre. Me levantei e fui até meu espelho do closet e conferi como estava. Peguei meu celular e tirei uma foto, tinha gostado do resultado. Voltei para o quarto e me sentei na cadeira pensando em uma legenda para a mesma.
@brookemiler: vibes✨
Acabei não pensando em nada legal e dei de ombros postando com minha legenda de sempre. Não demorou muito e minha foto recebeu várias curtidas e comentários. Fiquei rolando meu feed até escutar uma batida na porta. Travei o celular e mandei a pessoa entrar.
- Filha, ainda bem que te achei - minha mãe entrou e veio rápido até mim
- o que aconteceu? - me levantei e arqueei a sobrancelha ficando preocupada
- o Thiago - ela parou em minha frente e me olhou nos olhos - ele sofreu um acidente - ela disse a última parte baixinho.
Meu mundo caiu.
- Como assim mãe? - foi a única coisa que eu consegui dizer - onde ele está?
Não ia conseguir perder mais alguém.
- Sua madrinha está a caminho do hospital. O acidente aconteceu aqui perto. Ela me ligou e pediu para que eu fosse encontrar ela. É tudo que eu sei - ela disse rapidamente e apertou o celular com as mãos.
Não ia aguentar perder ele também.
- Então vamos
Peguei em sua mão e puxei minha bolsa saindo do quarto. Fomos correndo para o carro e dirigi o mais rápido que pude em direção ao hospital. Minha mãe ficou avisando ao meu pai e aos meus tios no caminho. Minha cabeça estava a milhão. Não sabia no que acreditar, no que pensar.
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A cirurgia já tinha terminado e estavam encaminhando ele para o quarto. Todos estavam na sala de espera, nervosos e com medo, muito medo. A médica se aproximou e eu só conseguia pensar no quanto eu era culpada por ele estar assim. Pode parecer birra de menina mimada mas, eu sabia, no fundo eu sabia que aquele acidente teve alguma coisa haver comigo.
Todos foram até a médica e eu, Jazz, Jaxon e Alice continuamos sentados. Ouvi ela dizer que tudo tinha dado certo e que logo logo ele iria estar de volta com a gente. Suspirei aliviada e olhei para porta na mesma hora em que escutei alguém resmungando. "PORRA, QUEM CHAMOU A VADIA?" Meu subconsciente gritou e eu cocei a garganta cruzando minhas pernas e me concertando na cadeira.
Ela foi até minha madrinha e as duas ficaram conversando. Me levantei e sai andando sem rumo pelo hospital. Observei de longe um cara nerd meio gatinho e me aproximei dele. Dei mole afim dele soltar a informação que eu queria e graças a Deus assim ele o fez. Dei uma desculpa qualquer e dei meu número pra ele. Pensando no futuro que poderia ser útil.
Segui o que ele tinha me dito e consegui chegar no quarto do Thiago. Só tinha uma enfermeira lá e quanto me viu ela quis me colocar pra fora. Mas eu ofereci dinheiro e ela não recusou, isso sempre funcionava. Ela me deu algumas instruções e saiu dali pedindo para não avisar nada sobre ela. Concordei e voltei minha atenção para o Thiago.
- Só, por favor. Não vai embora. Fica aqui. É o seu lugar - disse pausadamente e fiquei o observando. Fiquei quietinha até que um médico e duas enfermeiras entraram e me colocaram pra fora. Voltei para a recepção e minha mãe disse que foi informado que ele só iria acordar amanhã.
Todos estavam indo embora menos minha madrinha que disse que iria dormir aqui. Minha mãe ficou com ela e meu pai foi com meu tio Ryan pra casa. Ninguém estava falando muito ou sabia muito o que fazer. Aquilo estava me matando por dentro. A vadiazinha pediu para avisar a ela qualquer coisa e eu apenas concordei com a cabeça.
Entrei no meu carro e fui direto para casa da minha avó. Não iria ficar em casa, naquele quarto, revivendo memórias com ele. Avisei a meu pai que iria pra lá e ele concordou. Mandei mensagem para minha vó avisando e assim que cheguei corri até ela e a abracei. Tirei o peso das minhas costas. Me permiti sentir. Né permiti chorar. Apertei forte minha vó e apensas deixei as emoções surgirem.
O que iria acontecer com ele? O que aconteceu com ele? O que vai acontecer se ele infelizmente não continuar entre nós? O que vai acontecer com todo mundo?
O que vai acontecer comigo?
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A batida do meu coração
Genç Kurguo anjinho que virou rebelde e decidiu viver a vida a sua maneira. Livro da Brooke Cooper Miller Segunda temporada de 'Porque eu?'