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- É... sim? - Falei nervosa. - É minha sim. 

- E esse colar? Mara, isso é ouro. Custa mais que a parcela do nosso carro. 

- Eu estava mexendo em minhas jóias antigas, e achei. Lindo não? 

- Sim, linda. - Me entregou a pulseira. 

- Você não deveria estar trabalhando? 

- Resolvi vir mais cedo, vou trabalhar aqui de casa. - Pegou seu computador e se sentou na cama. - Pega uma cerveja para mim.

- Depois, deixe-me te contar um negócio, Marília me contratou. Como sua secretária. 

- Que bom amor, isso é ótimo, agora faz o quê eu pedi. - Segurou minhas bochechas. 

- O quê? 

- A cerveja, Maraisa. - Apertou meu rosto. - Onde anda essa cabeça? 

- Desculpa, vou pegar. Eu tinha esquecido. 

Fui até a cozinha e voltei com uma lata para ele.

- Obrigada.

- Pensei que ficaria feliz em saber que tenho um emprego que pode nos dar bastante rendimento financeiro.

- Quer que eu pule de alegria? Quer sair para comemorar? Quer ir jantar fora? 

- Quero que pare de ser seco desse jeito! - Sai do quarto. 

Que saco! 

Quero saber em que momento da vida Danilo ficou frio desse jeito. Ele não era assim. Lembro-me muito bem de até alguns meses atrás qual ele vivia grudado comigo. Depois, começou a ser frio e grosso, jogando em minha cara que eu não podia ter um filho dele, e que seu dinheiro não duraria muito tempo, pois sustentar uma casa com duas pessoas sozinho estava começando a ser complicado. 

Mas o quê posso fazer? Lhe trai. Porém, sabe o quê sinto? Sinto que é impossível quê eu tenha vivido tudo que o amor pode provocar. 

Desde frio na barriga aos olhares perdidos nas nuvens, no ar. Ter lembranças das reações à tímida troca de olhares e aos primeiros sorrisos da paquera. Lembro-me de termos passado isso quando nos conhecemos, a muito tempo atras.

Enfim, sem deixar de lado o arrepio na espinha do primeiro beijo seguido do olhar feliz, porém envergonhado. Mas não posso negar que há dores em amar. Há a desilusão que todo mundo conhece e a tristeza por não ser agrado aos olhos de quem tanto se quer bem. Por muito tempo eu quis ser a pessoa perfeita pra ele, porém não consegui. E foi por isso que ele disse que foi procurar essa pessoa perfeita em outro lugar. Procurar calor em outros braços. 

No começo, nosso amor era agradável, leve e colorido. Antes de nos casarmos. Quando o amor é agradável, colorido e leve que basta um sopro pra formar bolhas de sabão só pra representar o que ele causa, sinto que amando é possível levitar. Assim, o que doeu fica tão pequeno e insignificante que daqui do alto ninguém consegue lembrar. 

Depois de um tempo tudo esfriou, aí eu encontrei Marília. E as palavras dela estão rodeando minha cabeça a alguns dias. 

Flashback On. 

"Você se casou muito nova então? 

- Sim. 

- E ele já lhe traiu? - Concordei com a cabeça. - Veja, por quê sua consciência pesa? Você só deu o troco. 

- Companheirismo, Marília. 

- Apenas do seu lado, não é? É isso que está me falando. - Suspirou. - Mas enfim, e quando você se deu conta que não gostava tanto dele como anos atrás? 

AMANTE - malila (adaptação)Onde histórias criam vida. Descubra agora