capítulo 23

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Tenho consciência de que foi eu que causei aquela situação. Mesmo assim, parecia o certo.

Ao ver ela, sentada na cama, com a face séria e com um grande rubor nas bochechas e nariz, o formato do rosto dela me lembra a de uma gazela, daquelas bem pequenas e finas.

Mesmo esta garota estando com raiva, é assustadoramente linda.

Queria nunca ter te conhecido. - bufou levantando da cama com os braços cruzados.

Que vergonha de sua parte Caleb, querer proteger alguém que não lhe quer — uma voz em minha mente me diz

Eu... peço perdão - Falo ficando de cócoras, olhando pra baixo.

Você mentiu.

Então nesse meio tempo Hakis lhe contou tudo... eu não poderia merecer uma maldição pior que essa. Não era pra eu ter ensinado a ela minha linguagem.

Menti sim... não vou deixar algo ruim acontecer contigo.

A encaro nos olhos, depois de segundos, dou um sorriso, tentando cortar o clima tenso.

Não deveria! - ela aumentou o tom de voz.

Mas irei mesmo assim - Meu sorriso desapareceu, me levantei do chão limpando a poeira em minha cintura, deixando ela sozinha no quarto (sem trancar a porta como da última vez no outro cômodo)

Encarei aquele horrendo corredor estreito do barco, sem contar que algumas teias de aranha estavam no canto das 4 portas que ali existiam, o chão de madeira rústica falsa e empoeirada

Um lugar como esse, me incomoda, odeio aranhas.

Odeio aranhas com toda a força que tenho em minha alma

Eu queria ter respostas mais detalhadas daquele dragão.

...

Ingrata!

É que ela é, uma ingrata.

INGRATA

Depois daquilo, resolvi beber mais, mais e mais bebida, suponho que quatorze doses e meio copo de bebida estavam em  meu bucho, resolvi ver o mar, passei a mirar o que parecia ser golfinhos a saltitar, prateados ao luar, pensei que poderia ser apenas efeito da bebida, talvez sim, ou não.

Pouco importa, eles são encantadores e lindos.

Esqueci de perguntar para Jonas qual era a composição que havia no líquido, achei delicioso o gosto.

Os mais cinco copos daquilo deixou zonzo, e o balanço repentino do barco não ajudava nem um pouco. Vomitei algumas vezes tudo que comi, o que me deixou com bafo. (Com certeza absoluta)

Contei mentalmente, números de um a dez, várias vezes, depois encontrei uma lagarta marrom ao meu lado, a coloquei em um vaso de cerâmica, que não continha nenhuma planta, só terra. Coloquei no cantinho do barco, longe do alcance de pessoas, ninguém verá, a única que verá ela vai ser a Hakis.

Fiquei naquele lugar, deitado, olhando as estrelas e a Lua, dava pra sentir a brisa fria, mas por algum motivo, não era tão desagradável como eu sentia antes.

Algumas horas se passaram e comecei a ver os pequenos raios de Sol chegar e fazer o céu estrelado desaparecer, formando um azul que aparentemente era bom de se ver, Jonas apareceu e se assustou quando me viu encolhido, caído, ao lado esquerdo da proa, Chuva me acompanhou a noite toda ao meu lado, me vigiando.

Caleb! Você está péssimo. — Jonas diz com uma voz entristecida, me ajudando a levantar.

Nem me fale... - dou um sorriso sem graça, as olheiras estavam presentes em meu rosto, indicando que não consegui dormir.

Chegamos ao nosso destino, Halaven, a terra dos perdidos e feiticeiros. Essas bandas são muito conhecidas por conter almas horrendas que comem quem se aventura na floresta de noite. (Nesse momento estava a pensar que tudo poderia ficar pior do que já estava)

Aisty lou ki mumu. — Hakis fala com a voz trêmula.

Não não Hakis, não tem lobos por aqui, não se preocupe. - digo tirando uma blusa em minha bolsa, que estava rasgada. A usei para limpar meu rosto.

Daremos um jeito nessa situação, ouvi falar que essas almas que tem por aqui, odeiam crianças.

Para nossa sorte, temos Hakis conosco.

Por mais que eu queira, não poderia fugir daquela situação precária. Chloe insistiu em não conversar comigo o dia todo. (também não fiz muita questão de ver a cara de brava dela)

E quem se importa, Caleb? Você não deveria se importar. Se concentre em acabar com a guerra.

Naquela pequena praia, passamos o dia inteiro falando agradavelmente sobre a vida dos nossos parentes distantes e de quem já se foi, depois ao entardecer montamos pequenas cabanas para cada um dormir.

A fogueira que havia minha frente fazia estalos, a madeira estava a queimar e desaparecer aos poucos, e a formar uma pequena fumaça que fazia alguns desenhos indecifráveis no ar e logo depois desaparecer. Vi um caranguejo que parecia uma pedra, ir em direção ao meu pé.

Talvez seja comestível... mas não vou arriscar morrer com uma toxina mortal deste bicho.

Aquilo deveria ser normal pra mim e para os outros, migrar de um local para outro. Já fiz isso várias vezes na infância.

Que sensação estranha.

Asthu ya Lu bocota! ‐ Hakis diz me mostrando um mamão.

Onde arranjou isso? - Digo olhando para o mamão.

Logo pego o fruto, era pesado e grosso, imaginei que poderia ser um tipo diferenciado de abóbora.

Uau, temos uma refeição maravilhosa para a janta!


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⏰ Última atualização: Mar 12 ⏰

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