Cap. 50

523 54 0
                                    

O ambiente tinha uma energia completamente diferente das que já senti antes. Uma mistura de medo, hesitação e ansiedade invade por completo meu ser, me fazendo ser obrigada a apertar-se ainda mais contra o braço de Gojo.

Ele leva seu olhar em direção à mim, logo assente com a cabeça, como se estivesse conversando com si mesmo.

–É bem pior do que pensei.

Ele solta. O encaro com uma grande incógnita na expressão facial.

–O quê?

–S/N, note que aqui onde estamos é o local onde marcamos para nos encontrarmos com o xamã, que posteriormente vai quebrar essa sua maldição.

Engulo seco. Algo no âmago da minha alma ardia, uma sensação inexplicável.

Ao longe posso avistar três silhuetas. A pessoa centralizada vestia um yukata acompanhado de um manto. Assemelhava-se às vestes de Suguru.
Involuntariamente meu corpo estremece.

A poucos metros, a pessoa recua um passo, com uma das mãos na cabeça. As duas pessoas ao seu lado o seguram para não cair.

–Que presença forte.

Ele resmunga enquanto se recompõe.

–Me preocupa bastante.

Satoru não tem expressões, parece mais apático. Nunca o havia visto daquele jeito.

–Qual seu nome?

–S/N.

–S/N, preciso que concorde em se submeter aos feitiços e práticas que serão necessárias para conseguirmos identificar um meio de lhe livrar desta maldição.

–Como eu disse, S/N, não vai ser fácil.

Gojo complementa.

–Você vai ficar aqui?

Posso imaginar seu olhar através da faixa que cobria seus olhos, ele dá um sorriso singelo e apoia a mão no meu ombro.

–Não se preocupe.

Apesar de sua resposta ainda me restou uma certa inquietação, eu estava muito nervosa.
Em instantes fui levada a uma sala com diversos amuletos e feitiços escritos em papéis, todo o cômodo era desse jeito, a iluminação era um mistério. Não sabia identificar a fonte de iluminação por meio ótico.

Mas a sala apesar disso estava bem iluminada, até.
Gojo não entra na sala.
Olho para ele com uma expressão apreensiva e ele levanta a mão num gesto que dizia que estava tudo bem.

–Não posso entrar, mas estou aqui, bem aqui do lado.

Não prolongo a conversa pois já haviam fechado a porta.
Agora só estavam eu, o xamã e seus supostos dos ajudantes.
Eu estava tão transtornada que não reagia à nenhum estímulo externo. Nada que eles faziam era suficiente para eu reagir.

Ao mesmo tempo que eu estava sendo tocada de diversas formas e intensidades. Eles anotavam algo em algumas folhas de papel e comentavam entre si.

–É uma maldição sem precedentes. De fato, é algo dificultoso para exorcizar. Mas acho que vale a tentativa.

Foi a última coisa que ouvi depois de sair dos meus devaneios. Imediatamente sinto uma pontada aguda como a sensação de uma lança sendo atravessada pela minha barriga.

Os pulmões secam imediatamente com a dor, que era tão forte que não consegui emitir som algum, até o momento que finalmente o ar invade meus pulmões e um grito estridente sai do fundo da minha garganta, ao mesmo tempo que lágrimas rolam sobre meu rosto.

𝕷 𝖚 𝖝 𝖚 𝖗 𝖞 Onde histórias criam vida. Descubra agora