Cap. 51

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Apesar da dor abstrusa que eu sentia, eu ainda estava consciente. As sensações de lâminas me atravessando enquanto aquele cara despejava palavras sobre mim era sobrenatural.

Fiquei me perguntando por quanto tempo eu devia aguentar isso, acho que não vou suportar por muito tempo.

Estava sendo carregada por Yuuji, ele tinha uma expressão confusa no rosto. Não sei como ele chegou aqui, há tantas perguntas que vagam pela minha mente mas no momento eu não tinha forças nem para pensar.

Me permito deitar a cabeça no seu ombro, fecho os olhos e posso sentir seu cheiro. Como se tivesse propriedades soníferas, vou adormecendo.

Aos poucos minha vista vai se adaptando ao ambiente meio escuro, sinto dores por todo o corpo, como se tivesse sido espancada.

Parecia um cômodo diferente, mas a sensação era de que eu estava no meu quarto.
Com cautela posso me sentar na cama, não havia ninguém a não ser eu, e apesar de estar quase no começo da primavera, mais parecia uma chuva de raios caindo lá fora, e o tempo estava fechado e tudo escuro. A única fonte de luz eram os relâmpagos.

Lentamente me levanto, pairo em frente a porta quando involuntariamente sinto um calafrio tomando conta da minha espinha.

Ignoro por um segundo e abro a porta, dou um pulo para trás quando percebo que a porta não dava para o corredor da escola, nem mesmo para um local conhecido.

Parecia mais um plano astral, ou uma expansão de domínio, talvez?
Engulo seco, repenso antes de realmente decidir querer entrar ali, havia uma pilha de ossos, uma luz que iluminava estranhamente esse ambiente.
O chão parecia estar afogado de sangue, um cheiro de morte invadiu minhas narinas.

Sinto uma presença por trás, sem tempo para me defender sou agarrada pela cintura.

–O que fizeram com você, minha pequena maldição?

Eu reconheceria essa voz mesmo se nunca a tivesse escutado antes.
Me esforço para sair de seus braços, mas é totalmente em vão.

–Me solta!

Grito. Eu já estava cansada disso tudo.
Finalmente, pela primeira vez na vida vou tomar uma decisão sensata.

–Chega, Sukuna! Eu não quero nunca mais olhar pra você, eu farei qualquer coisa para acabar com você, nem que custe a minha vida.

Sinto seu toque se afrouxando de mim, apenas um silêncio ensurdecedor toma conta do local, estou apenas fitando meus pés.

Ele dá alguns passos quietos até ficar frente a frente comigo. Me permito encarar sua face, e instantaneamente ele solta uma gargalhada no meu rosto.

Aquela risada era tão maquiavélica, ele ria com tanto desdém que pude sentir um arrepio riçando meus ossos.

Esse gesto me despreveniu de qualquer tipo de defesa, ele se aproxima ainda rindo, enchia os pulmões para soltar aquela risada diabólica, me intimidando a cada instante.

–Ouça.—Ele diz enquanto passa a mão pelo meu rosto, sinto suas unhas pontiagudas acariciando levemente minha mandíbula, uma leve pontada neste mesmo local e sinto um líquido quente escorrendo dali.—Nem nos seus melhores sonhos você conseguirá isso. Está enganando a si mesma, S/N. Não há para onde fugir, nosso elo é muito mais forte que uma maldição.

Ao terminar de falar isso, ele aproxima o rosto e coloca sua boca que estava ardendo de calor no meu pescoço, sua língua passa pela extensão do meu colo e pescoço, limpando o sangue que ali escorria me deixando um arrepio.

Uma breve pontada de coragem crava meu coração, consigo o empurrar com uma força bruta, ele recua alguns passos enquanto com um dedo limpa o canto da boca que ainda estava com sangue.

–Some daqui, caralho! Some de uma vez!

Avanço com o punho fechado em sua direção, quando penso que finalmente o vou acertar, levanto da cama completamente suada e com o pulso acelerado.

Olho em volta e percebo que estava no quarto, mas o dia estava claro. Era apenas um sonho... Não, não era, era apenas um meio de ele se comunicar comigo, através do meu subconsciente.
Praguejo enquanto soco o travesseiro com todo meu ódio, isso não era suficiente. A adrenalina que corria em minhas veias adormecia as dores que eu estava sentindo no corpo, levanto descontrolada e começo a jogar tudo que vejo pela frente.

Estilhaços de vidro iluminam o chão, começo a socar a parede incansavelmente, ali onde os socos eram desferidos já estava começando a ficar manchado de sangue, e eu não sentia nem um pouco de dor.

Se não fosse por Yuuji que adentrou o quarto com pressa, eu com certeza perderia minha mão ali.

𝕷 𝖚 𝖝 𝖚 𝖗 𝖞 Onde histórias criam vida. Descubra agora