𝐀𝐓𝐎 𝐈𝐕: e estava bom demais para ser verdade.

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"Só porque alguém não o ama do jeito que você quer que ame, não significa que esse alguém não o ama.
Shakespeare."

Antes mesmo da minha pessoa conseguir
colocar a mochila na banca de sempre, logo fui abraçado por Heeseung. Ele parecia diferente hoje, tipo, os seus sorrisos estavam bem mais constantes que os demais dias e mesmo que eu saiba que sua personalidade é algo doce e adorável em diversas situações, isso ainda
estava me deixando curioso.

─ Hee. ─ chamo sua atenção após o
abraço. Ele indica que eu posso falar e
continuo: ─ Sua carência voltou?

─ Não posso ser carinhoso com você? Assim você me magoa, Sun. ─ retrucou visivelmente chateado.

Acabo revirando os olhos diante disto e me sento na cadeira. Heeseung puxa a cadeira vizinha e a coloca ao meu lado, segura minha mão e fica mexendo com meus dedos.

Ok, eu estou ficando preocupado com ele.

─ Você está feliz por causa do menino que ficou naquele dia? ─ acabo indagando quando eu já não aguentava mais aquele silêncio chato.

As primeiras aulas seriam de biologia, ou seja, provavelmente a professora falaria sobre o trabalho. E, consequentemente, meu amigo faria com Sunghoon.

─ Estamos nos conhecendo. ─ ele diz usando um tom de menina meio apaixonada. Fodeu, ele caiu nas garras do amor. ─ Ele é legal.

Nunca achei que alguém como ele pudesse ser assim.

─ Ele te trata bem? ─ Perguntei aproveitando a oportunidade de que estávamos falando sobre o tal crush
misterioso do meu amigo.

─ Como o verdadeiro príncipe que sou. ─ Heeseug comenta ainda mexendo em meus dedos. Nossos olhares se encontram por alguns segundos e eu percebi que, mesmo não sabendo quem era a pessoa que havia ganhado o coração de meu amigo, ele estava feliz por isso. Talvez dessa vez o relacionamento pudesse durar, não sei.

─ Fico feliz por isso. ─ afasto meus dedos dos seus e presto atenção nas pessoas na sala. Toda via, a minha visão acaba se voltando para Sunghoon, este que conversava com Jungwon no outro lado da sala.

A conversa de ambos parecia bastante
interessante ao meu ver. Jungwon parecia um pouco nervoso mas mexia suas mãos de maneira meio rápida, já Sunghoon dava alguns poucos sorrisos entre a conversa.

─ Agora, me diga, e a sua história com o Jungwon?

Pisco rapidamente meus olhos desviando meu foco dos meninos para Heeseung, ele via para onde eu olhava e sorriu de modo um tanto quanto malicioso. Bato levemente em seu ombro, respondendo em seguida:

─ Seremos o par principal da peça. Isto não é incrível? ─ contei todo empolgado. Ainda não havia caído a ficha de que, sim, eu seria o par romântico de Yang Jungwon. Apenas no teatro, toda via, ainda seria o meu par romântico.

─ Você me parece apaixonado por isso. ─ Heeseung comentou enquanto analisava suas unhas. Retira de um de seus bolsos uma pequena lixa e dá início a uma breve arrumação nas mesmas. ─ Sunoo, sei que tem um crush por ele mas viver num amor unilateral não é saudável. Você sabe que ele ama o Jay, não é?

─ Um dia eu supero, ok? Enquanto isso não acontece, eu vou admirar aquele menino.

( . . . )

Quando a tarde chegou e consequentemente minha aula de teatro veio, eu não vi Sunghoon na escola. Eu não sei se agradeço ou se fico ressentido, mesmo não entendendo o porquê do último sentimento listado.

A aula de Yeji conseguia fazer eu não
pensar no emaranhado de sentimentos que começavam a surgir em meu íntimo.

─ Como eu disse a vocês anteriormente. ─ Yeji começou a falar depois de um tempo em meio ao silêncio. Dedico o meu foco para ela. ─ Hoje será dado o nome da peça que faremos. Visto que ultimamente alguns jovens estão se dedicando menos a cultura do teatro no quesito de ver peças ou até mesmo participar, atrevi-me a trazer algo diferente para esta peça escolar. Uma crítica a sociedade, o que me dizem?

Escuto vozes mais dispostas que antes, sinal de que todos haviam aprovado tal iniciativa de Yeji.

─ Particularmente Romeu e Julieta me
agrada. Agora, imaginem só uma versão
nos dias atuais em um país conservador e
ditador de regras, hum, que não são uma
das melhores. Vamos recriar a peça do
querido Shakespeare a transformando em
algo levemente cotidiano, com o seu quê
de autenticidade e mostrando o que, sim,
pessoas passam. ─ ela nos dizia bastante
animada. Eu sabia que Yeji é uma pessoa
bastante carismática e quando deseja algo, luta muito para conseguir.

─ Terá a cena do beijo? ─ Yuna, a menina que também havia sido escalada para o elenco, indaga.

De modo involuntário acabo corando.
Até porque eu seria o centro e, consequentemente, eu beijaria.

Sendo Yang Jungwon para mim está tudo bem.

─ Com certeza. Faremos algo simples e
técnico. ─ falou e eu tive de colocar na minha mente que seria técnico. ─ Apenas para dar vivacidade a estória. Afinal, Romeu teve suas carícias com sua Julieta. ─ naquele momento ela olhou de mim para Jungwon e balancei a cabeça consentindo.

Quando estou no palco sou um com o
personagem. Todas as mágoas, problemas e vida pessoal somem conforme vou avançando na cena.

─ E dentre os dois quem fará quem? ─ Xiaoting pergunta ao lado de Chaehyun. Mais uma vez os olhares estavam em mim e em Jungwon, até porque seríamos o centro ali.

─ Eu não desejaria ditar um como a menina e o outro como menino. Sabem que detesto rótulos, somos todos nós mesmos sem perder a essência. Toda via, Sunoo você poderia ser a representação da Julieta?

─ Posso sim. ─ respondi sorridente a ela.

─ Ainda são cinco horas e como já
resolvemos uma parte de tudo, vocês podem ir para casa. ─ diz sorridente. ─ Até semana que vem, meus amores, se cuidem.

Finalmente tudo acabou e agora sim posso posso descansar um pouco. Dessa vez, não fui com Chaehyun até sua casa, decidi andar um pouco e passar em uma lanchonete que fica nas proximidades do parque e comprar um salgado para comer. Após ter minha comida em mãos e provar da mesma, eu saio do estabelecimento parando na entrada para organizar o dinheiro e tudo mais.

Eu não sei por quais razões decidi focar em um casal que estava muito longe de mim. Eles pareciam bastante felizes estando na companhia um do outro, o mais alto se apoiava no ombro do mais baixo e parecia não se incomodar com a altura.

Tinham as mãos entre-laçadas de modo que isso me deixou todo soft pelo casal. Consegui ainda visualizar ambos trocando carícias para, no fim, se beijarem.

Uma cena fofa, eu com certeza diria. Isto é, até o momento que quando ambos estavam mais perto e eu não precisava forçar a visão para ver seus rostos. Logo percebi ser Heeseung na companhia de Sunghoon.

Sunghoon era o menino misterioso que Heeseung falava de modo tão apaixonado para mim.

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