𝐀𝐓𝐎 𝐗𝐕𝐈𝐈: alguns lados de sunghoon.

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"Aprendi que não posso exigir o amor de ninguém. Posso apenas dar boas razões para que gostem de mim. E ter paciência para que a vida faça o resto.
Shakespeare."

A recente cor tingida em meus fios era
refletida diante do espelho em minhas mãos. O objeto era manuseado com extremo cuidado por mim, afinal, ele é de minha mãe e se eu quebro ele, adeus, Kim Sunoo. Ademais disso, eu analisava o quão eu combinava com a cor rosa - ou qualquer tinta em questão - e havia ficado extremamente belo.

Amor próprio é essencial. Já me disseram que se você não se ama, não tem como amar outra pessoa. É uma tarefa puxada, sei que sim, mas devemos amar até mesmo os mínimos defeitos em nós mesmos.

Eu ando ouvindo all of me em excesso, mas a letra dela não deixa de ser fundamental para todas as coisas que giram em torno de mim.

─ Eu sei que sou, bonito e gostoso. E eu sei que você, me olha e me quer. ─ cantarolei me virando na direção de um Heeseung que ria em cima de minha cama. Vi seu celular em mãos e percebi que o bendito tinha me gravado. Levanto-me em questão de segundos, deixo o espelho sob a escrivaninha e coloco as mãos na cintura ao mesmo tempo que encarava Heeseung. ─ Ai, Hee. Você sabe que sou tímido.

─ Você não parecia tímido enquanto dançava snapping mais cedo. ─ rebateu num tom claro de vitória. Heeseung conhecia meus pontos fracos ─ ou pelo menos alguns em questão e sempre os colocava sob mim.

Heeseung 1 x eu 0.

Ele sabia o quanto eu me solto ouvindo
determinadas músicas, e essa é uma delas.

─ Ah, a música me deixa num estado ótimo, meu anjo. Um novo mundo surge quando estou conectado com ela. ─ respondo-lhe aproximando-me de si. Me deito ao seu lado na cama, ficando a brincar com seus dedos da mão esquerda. Sorrisos nasciam de maneira involuntária e eu deixava a mão restante de Heeseung fazer carinho em mim. ─ Tem certeza de que não vai falar com o Sunghoon? Vocês
precisam se resolver, ele brincou com seu
coração e fez você crer em mentiras.

─ Eu ainda não tô preparado para todas as coisas que vamos debater. Eu não digeri as cenas vistas e presenciadas. Foi e está sendo difícil para mim. ─ o garoto se afasta um pouco e coloca as duas mãos ao redor das pernas. Deitou a cabeça, de modo que nossos olhares ainda se encontravam, e pergunta: ─ Você ainda gosta dele, né?

─ Eu não sei o que sinto por ele. ─ sou
sincero ao confessar tal coisa a Heeseung. Vendo todos os recentes acontecimentos em nossa vida, eu não desejava manter assuntos ocultos. É duro admitir, mas Suzy e Chaehyun tinham uma certa razão em achar que sinto algo por Sunghoon. Eu sinto, só não sei o que. ─ Ele me deixou muito mal no passado e você bem sabe disso. E, sei lá, eu não sei
se estou pronto para qualquer que seja esse emaranhado de sentimentos. Não quero que pense mal de mim, ele foi seu namorado e eu não tenho direitos sob o que vem depois.

─ Eu não pude ser o livro inteiro dele, é bem verdade, mas eu desejo que a próxima pessoa o deixe feliz. Eu só quero ver ele feliz, embora não seja comigo.

Heeseung se assemelhava ao desapego, logo se sacrificando pelo bem daquele que em momentos atrás lhe causou danos. O rapaz tentava soltar as rédeas da antiga paixão para que o mesmo pudesse ser feliz. Eu não sei se conseguiria ser assim.

Agora, eu sentia que havia orgulho em cada palavra ou ação minha. A árdua provação de entender, ceder e do querer consumia até mesmo as entranhas de meu ser.

Ir ou não ir, eis a questão.

( . . . )

As conversas se estendiam por longos minutos naquela manhã de terça. Garotas olhavam para mim enquanto sussurravam com as amigas mais próximas, já alguns meninos apenas pareciam satisfeitos com todo o esplendor que eu exibia. Ok, fui longe demais, mas é bem verdade isso aí.

Comento com Heeseung sobre os post-it que tinham vindo parar em meu caderno nas aulas passadas, mas ele não sabia como eles haviam chegado. Segundo ele e suas informações, ele não tinha saído dali e não viu ninguém suspeito.

Certamente não veria, a altura que ele é
comparada a pessoa que eu chuto que seja é bem distante. E eu preciso parar de chamar Sunghoon de palavras e sinônimos que girem em torno de sua altura, mas, fazer o que, não é mesmo?

Pela primeira vez em todos aqueles momentos acompanhando Sunghoon, ele não usava vestes escuras. Pelo contrário, estava todo arrumado de modo simplista, e, ainda sim, cativante.

Esse menino me deixa muito confuso, e eu realmente não sei como agir diante dele. Ele revestia algumas camadas do que eu sou, mexia comigo e eu não devia sentir isso. Embora eu gostasse muito, eu ainda tinha minhas barreiras perante a tudo.

Ao olhar para mim de onde estava, deixou um sorriso triste fazer parte de sua face e eu não sabia como reagir.

─ E aí, um palpite de quem te mandou os
post-it? ─ a indagação vem de Heeseung, que deixou de lado o mangá yaoi que lia. Tentei ver qual era mas o nome não me remeteu a nada. Deposito minha atenção sob ele enquanto deixava uns suspiros escaparem. Eu não sabia se tocava nesse ponto consigo, afinal, a pessoa que eu achava que fosse é basicamente o ex dele.

─ Não sei. A caligrafia é bonitinha mas é
meio desengonçada. Eu achei fofo. ─ acabo por admitir. Embora tudo indicasse que eu devesse ignorar, eu simplesmente me encantava. Eu realmente não sabia o que sentir diante de tudo. ─ Você tem certeza de que não viu quem colocou?

─ Não. O Jake me chamou na hora e eu não reparei tanto. ─ disse. Jake é um dos meninos mais destacados da sala, embora eu não repare tanto nele. Ele só vive lá, quieto na dele. Agora, se Heeseung foi falar com ele, talvez haja um assunto entre ambos. ─ Mas depois você descobre.

Perdurei a ideia de indagar a Sunghoon se
foi mesmo ele que havia feito tal coisa, se
por um acaso ele desejava me conquistar e bancar uma espécie de Romeu asiático. Só que, mesmo que fosse ele, eu não saberia se aceitaria.

Oras, tenho meus princípios e não quero ter má fama. Ele se envolveu com meu amigo e agora vem atrás de mim?

Sem condições.

─ Vou falar com Sunghoon no intervalo.
Resolver nossos assuntos pessoais. ─ Heeseung fala me tirando do transe de tais pensares. Balancei a cabeça concordando - embora.não entendesse o porquê dele tocar em tal assunto justamente agora - e voltei a pensar sobre tudo chegando na belíssima conclusão: o nada.

( . . . )

O clima sob o palco era diferente. A atmosfera exalava sensações diversas, mas, ainda sim, acolhedoras. Não entendi por quais razões eu sentia tal coisa, se era algo de minha mente ou realmente habitava por lá.

Porém, soube que no momento que Park Sunghoon sorriu a mim, eu sabia que algo
havia ocorrido.

Chaehyun debatia sobre um dorama na companhia de Yuna e Xiaoting enquanto eu fingia entender. A minha atenção estava voltada a Sunghoon - eu querendo ou não - e isso só me trazia para mais perto dele.

Parecia até um imã.

Quando nossa atuação começou, um
arrepio passou pela minha pele e eu me
encolhi momentaneamente. Os braços de Sunghoon rapidamente me acolheram e ainda mantivemos o personagem.

Seus lábios tinham o peculiar gosto de um vício rápido e cada vez mais alarmante.
Parecia me prender a ele, e eu, tolamente,
cedia a isso.

Assim que a aula veio a terminar, Sunghoon comenta algo que me faz tremer um pouco na base:

─ Aceita sair comigo essa semana, Sunoo? ─ indagou seriamente. Então deduzo que ele não estava brincando com isso.

─ Eu posso pensar?

─ Leve o tempo necessário mas saiba que eu necessito de uma resposta, ok? ─ veio até mim, se atreveu a deixar um selar em meus lábios mas acabou acertando minha bochecha pelo meu movimento rápido, e finalizou: ─ Se cuide.

Ai, Sunghoon, o que eu faço contigo?

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