𝐀𝐓𝐎 𝐕𝐈𝐈𝐈: sempre tem como piorar.

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"Palavras são, na minha não tão humilde opinião, nossa inesgotável fonte de magia. Capazes de ferir e de curar.
JK Rowling."

Minha expressão de incredulidade fazia Park Sunghoon querer rir. Ele tentava ao máximo não rir, queria bancar o sério diante de todos os demais alunos e, mesmo assim, eu queria bater nele, e se possível, até mesmo chorar.

─ Lisa, querida, dever haver um engano. ─ falei calmamente para a mulher em cima do palco. Ela tinha sua atenção voltada para mim e olhava de relance para Sunghoon. ─ O meu par no teatro será Jungwon, e não esse Comensal da Morte.

─ Sunoo, anjo, venha cá. ─ de modo relutante, eu saio de meu conforto e vou até onde ela estava. Subo aquela mínima escada e fico ao seu lado esquerdo evitando chegar perto de Sunghoon. ─ Fique ao lado dele, sim? ─ minha expressão não era uma das melhores, e eu só ficaria feliz comendo alguma coisa.
Fato. ─ Ótimo! Sua aura clara como ouro
se mescla com a aura azulada da jóia que
é Sunghoon. E ambos os brilhos parecem ter sido feitos um para o outro. E agora vamos dar início ao ensaio, vão para seus postos, rápido, rápido.

( . . . )

O que eu e Sunghoon tínhamos já é um conto propriamente dito. Era a desgraça do clichê adolescente com bastante hormônio e, segundo Heeseung - ou pelo menos segundo o que ele disse uma vez - muita tensão sexual envolvida.

Eu amo meu melhor amigo mas detesto seu novo namorado. E tenho dito.

─ Vamos lá, Potter. ─ Sunghoon alfineta
agindo como se este fosse o próprio Draco Malfoy. A vontade de descer o cacete nele só aumenta. ─ São apenas eu te amo e cenas de beijo. Onde habita o seu lado profissional?

Era a cena onde eu devia dizer palavras
belas, românticas e carinhosas a ele. Todos esperavam essa cena a quase minutos teria saído mais cedo, no entanto, eu sempre arrumava uma desculpa para não falar isso a ele – e só faltava Chaehyun jogar seu sapato em
mim por enrolar tanto.

Acredite, Kim Chaehyun com fome e estressada pode resultar nisso.

─ Quer mesmo saber onde habita meu lado profissional? Bem no meio do seu...

Antes que eu fale qualquer coisa de errado, sou interrompido por Lisa: ─ Paz e amor. Sem palavras de baixo calão,
por favor. ─ meneio minha cabeça em sinal de concordância, mesmo que a vontade fosse de xingar por estar no meu limite.

Poxa, dentre tantas pessoas, eu teria de beijar justamente o namorado do meu melhor amigo? Que furada.

Inspiro a maior quantidade de ar possível e olho fixamente para Sunghoon. Dou um sorriso que eu esperava não ser taxado como falso e recito as palavras cedidas pelo ótimo roteiro de Yeji.

De maneira delicada e calma, levo minha
mão até a faceta de Sunghoon, onde acabo por demorar alguns segundos acariciando a pele levemente quente dele. Nossa distância era curta - não aquelas que se você dá um mínimo passo que for consegue beijar o outro, longe disso, e eu já estava em surto por conta dessa em questão - e eu poderia tocar com facilidade seu corpo.

─ Não podemos demorar, se eles nos virem, coisas horríveis acontecerão. ─ falei usando um tom de voz amável mas quem escutasse saberia que existia mágoa e dor ali. ─ Eu não quero perder você. ─ evito pensar muito nas seguintes ações e logo mais abraço o corpo de Sunghoon. Seus braços rodeavam minha
cintura me trazendo para mais perto enquanto eu mantinha meus braços ao redor de seu pescoço. Estando tão perto dele, o cheiro que vinha de si é tão bom. ─ Eu te amo muito, eu não suportaria perder você.

─ E eu também te amo. Eles não vão nos
separar. ─ me afastou brevemente enquanto suas mãos seguravam com bastante delicadeza o meu rosto. Agora sim estávamos muito perto. Perto demais. O que aconteceu com o espaço pessoal?

E no momento exato que ele me beijaria, eu desviei.

Eu realmente não iria conseguir fazer isso.
Não do modo como as coisas estavam. É,
o namoro de Sunghoon com Heeseung havia mexido demais comigo.

─ Pausa para descansar. ─ escuto Lisa
dizer séria. Ela vem até nós dois, nos olha de cima abaixo e dá um mínimo sorriso. ─ Venha comigo, Sunoo. Voltaremos a ensaiar em cinco minutos.

Lisa levou-me até o camarim que existia na parte traseira do teatro. Ela indica para que eu me sente e me oferece água, aceito sua oferta e antes que eu diga algo, ela fala: ─ Yeji me disse que você é um ótimo ator. Não posso mexer no elenco da peça, mas você não me pareceu tão bom assim. ─ eu sabia que ela estava sendo gentil em dizer tais verdades, afinal, essa postura não se assemelha ao Sunoo impecável na atuação. ─ Eu não entendo qual o seu problema com o menino Sunghoon, porém, eu espero que
você não deixe o pessoal se misturar com o profissional. Eu já fiz isso uma vez e tive meu coração partido. O que vale mais a você: ter o seu papel e brilhar ou chorar pois fracassou? A escolha é sua, Sunoo, pode voltar.

Assim que meus pés pisaram no chão do
palco, gostaria de dizer a vocês que tudo
a seguir me deixou feliz. Só que eu estaria
mentindo ao dizer tal coisa, até porque Chaehyun ao lado de Sunghoon não me alegrava.

─ Oppa! ─ Chaehyun chama minha atenção de maneira animada. Não vendo outra opção viável, rapidamente tive de ir até ela. Ao seu lado estava Xiaoting e Sunghoon. ─ Você foi bem na atuação mas não pode deixar o medo falar mais alto. Eu particularmente não gosto de homens, mas o que custa dar uns beijinhos no Sunghoon oppa que é muito
bonito?

─ Custa muita coisa, Chaehyun, e você bem sabe. ─ de repente, a menina fica toda sem graça e não me encara. Um ponto para mim.

Sunghoon não dizia nada e era até melhor
assim. Sua voz poderia ser legal cantando
ou fazendo rap mas, por ora, eu não queria ouvi-la.

Estou virando uma pessoa amargurada, a que ponto eu cheguei?

─ Ele vai me beijar, Chaehyun, não se preocupe. Ainda terá mais ensaios e evidentemente ele terá de me beijar. ─ Sunghoon responde convencido. Sabe a vontade de descer o cacete nesse menino? Ela voltou. ─ Não é mesmo, Sunoo?

─ Isso é o que veremos, Comensal. ─ eu sabia que era mentira isso, mas eu não
deixaria que ele saísse por cima. Não nessa situação, pelo menos. ─ Sei que tenho lábios lindos, porém não é qualquer um que pode provar deles.

Novamente a distância começou a se tornar pequena pois Sunghoon começou a se aproximar, senti vontade de perguntar sobre o tal espaço pessoal quando ele diz: ─ Nem mesmo se eu fosse esse qualquer?

Desde já peço perdão pelo surto que você vão ler, eu juro que não sou uma pessoa de xingar - só quando é bem necessário - mas o caso exige isso.

Puta que pariu, vai se foder, Sunghoon. Que ódio.

E ele ainda conseguiu fazer com que meu
coração erre algumas batidas. Que raiva.

─ Nem mesmo se for você. ─ empurrei
brevemente ele de onde o mesmo estava e me afastei.

Pai, me dá força e coragem para suportar esse um mês sendo par romântico do Sunghoon.

E é nessas horas que eu me pergunto: por que, meu deus?

Ah, e mais uma coisa para a lista de lámurias do Sunoo - que recentemente a crescer bastante em relação os demais
acontecimentos - é que eu tenho de ir atrás do Jungwon e entender os motivos daquele menino safado de não querer mais atuar ao meu lado.

Já dizia o ditado - ou qualquer que seja o
nome que você defina a seguinte frase -: oh vida de cão.

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