teatro ✧ sunsun.

𝐀𝐓𝐎 𝐗𝐈𝐈𝐈: oras, o passado é meio clichê.

"Lamentar uma dor passada, no presente é criar outra dor e sofrer novamente.
Shakespeare."

Ainda que existisse uma altura considerável entre ambos os meninos, isso não impedia Sunoo de ficar bem ao lado de Sunghoon. Este, por sua vez, havia chegado em meados do início do ano, e acabou por cair na mesma sala que nosso protagonista. E, de repente, toda a atenção do Kim foi doada, exclusivamente, a Park Sunghoon, menino das trevas, cria do mal e imitação de Comensal da morte ala sul coreano.

Tal relação era peculiar. Enquanto um
equivalia a arco íris e algodão doce, o
outro, por sua vez, se assemelhava a rituais satânicos com excesso de preto. Uma combinação nada a ver e com tudo haver.

─ Ele usa preto demais. ─ Heeseung, melhor amigo de Sunoo e irmão para toda hora, comentou com o outro assim que o intervalo começou. ─ Será que só tem isso no guarda roupa dele?

─ Ah, Hee, deixe o menino. Ele fica tão bem de preto, ainda mais quando usa as tais calças de couro. Benza deus. ─ o outro respondeu enquanto buscava com o olhar Sunghoon, logo falhando em seguida.

Sunoo conhecia muito bem sua própria
sexualidade para entender que sim, arrastava um baita caminhão pelo outro. Sunghoon, apesar de apresentar feições mais sérias e pouco convidativas, era simplesmente um doce. Tinha um humor estranho, além de possuir uma risada engraçada e uma espécie de gay panic sempre que Sunoo tentava depositar selares em sua bochecha.

Quando um total de quatro meses chegou, Sunoo decidiu contar a Sunghoon que sentia algo por si. Ninguém sabia, exceto ele próprio, que nutria sentimentos por Sunghoon. De início, pensou que logo passaria, afinal, seu
coração se enamorava por pessoas que
certamente não sentiam nada por si além de amizade.

Naquela manhã de sexta alguém decidiu ligar o som no colégio. A batida envolvente de something ecoava pela mente de Sunoo e o mesmo respirou fundo indo até onde Sunghoon se mantinha. Era uma parte mais afastada da
escola e o mesmo conversava com Jungwon.

Ao ver de Sunoo, Jungwon se assemelhava a uma espécie de gatinho adorável que dava muita vontade de cuidar e proteger.

Escondeu-se atrás da parede do local
tentando escutar qualquer coisa que viesse dos dois. Não estava fácil, porém, Sunoo dava o seu máximo para entender.

─... Você acha mesmo? ─ o loiro
conseguiu escutar vindo de Sunghoon. Afastou brevemente os fios de cabelo que insistiam em ficar na frente de sua visão, impedindo que o mesmo visse o outro. ─ Eu não sei.

─ Talvez ele goste. Você o conhece muito
bem. ─ Jungwon alfinetou o mais velho. Era visível um mínimo sorriso por entre os lábios de Sunghoon igualmente a Jungwon. É, ele conhecia bastante Sunoo. ─ Então, diga-me, você gosta dele, né?

─ Eu não gosto dele. ─ foi a primeira coisa que disse após alguns minutos em silêncio.

As palavras de Sunghoon ficaram rondando a mente de Sunoo por alguns instantes antes que o mesmo saísse de onde estava. Pouco ligava para o que viria depois, ele só que abraçar Heeseung e não sair mais dali.

( . . . )

Cenas anteriores.

Sunghoon sentia-se nervoso. Claro, toda a presença iluminada e encantadora de Sunoo sempre o deixava assim, mas, justamente agora, era totalmente diferente.

─ Ai que lindinho. ─ Jungwon havia dito no início da manhã assim que conversou um pouco com o amigo. ─ Enamorou-se pelo amigo, o quão clichê sua vida é?

─ E você é afim do jogador da escola.
Touché. ─ rebateu Sunghoon. Viu Jungwon dar de ombros e seguiram juntos até a sala.

Assim que chegaram na mesma, escutaram a voz alta de Sunoo mesclada juntamente a de Heeseung. Sunghoon riu diante da situação e foi até ambos, deixou a mochila no lugar de sempre e assim que seus olhos encontraram o de Sunoo, ele sentiu as malditas borboletas no estômago.

─ Oi, Hoonie, desculpa pelo escândalo. ─ Sunoo fala assim que abraça o outro. As narinas de Sunghoon conseguiam sentir a essência fraca de perfume que exalava daquele que nutria fortes sentimentos. Era um cheiro agradável e se este pudesse, ele certamente ficaria abraçando Sunoo por longos minutos. ─
É que o Hee me prometeu uma coisa e logo mais eu vou ter ela.

Se afasta. Uma sensação de vazio toma conta do íntimo de Sunghoon, fazendo ele ansiar pelo corpo de Sunoo novamente. O citado se localizava próximo de Heeseung de modo que, sutilmente, Sunghoon acaba por abraçar Sunoo por trás. O que ambos tinham ia além de frescuras e de palavras dos demais, Sunoo era de boa com determinadas situações.

E se havia algo que Sunoo gostava tanto
quanto gostava da companhia de Sunghoon, certamente seria Sunghoon lhe abraçando por trás.

O quão casalzinho ambos são? Certamente a definição de ambos ia além de muitos fatores, e os dois gostavam de tal coisa.

As horas foram se arrastando lentamente. Era como se as mesmas tentassem evitar uma possível confusão - o que veio a se acometer cenas seguintes - e que certamente mudaria muitas coisas.

Jungwon havia feito uma simples pergunta
a Sunghoon, algo simples e de fácil
entendimento. Embora o coração de Sunghoon batesse em um ritmo mais acelerado que o normal, este respirou fundo e continuou sua frase:

─... Eu amo ele, Jungwon. É algo maior do que as palavras, mal consigo explicar com exatidão tudo o que sinto por ele. ─ disse tudo com um belo sorriso estampando sua face. Jungwon bem sabia do lado apaixonado do amigo, compreendia o quão importante Sunoo
havia se tornado em tão pouco tempo. ─ E eu quero me confessar, acha que tenho chance?

─ Do jeito que vocês são, certamente aos
olhos demais já são um casal. Chama ele para confessar e diz o que sente. ─ aconselhou o rapaz. Embora este não mantivesse relações, ele entendia bastante de como conquistar o amado em três dias e aquele blá, blá, blá, meio chato - e agora, necessário - a Sunghoon.

─ E você e Jay?

─ Eu e ele só existe em minha mente. Eu tô de boas por hora.

( . . . )

A famigerada declaração não aconteceu. Sunoo parecia diferente aos olhos de Sunghoon, sorria, mas não era o sorriso costumeiro que sempre ganhava. Falava consigo, só que não do modo como antes. E mesmo que Sunghoon pedisse explicações, Kim Sunoo nada dizia ou
explicava.

Park Sunghoon aos poucos foi cansando de ser tratado de tal modo, ele poderia ser tudo - desde amigo a bobo apaixonado - mas não seria apenas um parágrafo em folhas brancas de rascunhos velhos de Sunoo. Ele era estrofe, verso e poesia.

Sunghoon não seria o epílogo de Sunoo sabendo que o outro mal desejava um prólogo consigo.

E é aqui que vos lhe digo, o quão um mal
entendido pode afetar em duas vidas que, por ventura, se enamoram? Mas, calma, o meio ainda está sendo ajustado de modo que o final seja melhor.

Afinal, o espetáculo só acaba quando as
cortinas se fecham.