𝐎𝐔𝐓𝐑𝐎: sobre novas conquistas e memórias.

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O letreiro de Hollywood se erguia alto,
magnífico e esplendoroso. Eu, que até então observava ele de minha residência pois morava em uma das casas do bairro, tive o prazer de sentir braços ao meu redor com bastante segurança. Tive meu corpo virado e apoiado por sob a janela aberta do local, e ganhei diversos beijos espalhados pelo meu rosto e pescoço. Mesmo que eu risse pedindo para que Sunghoon parasse, ele continuava com aquelas carícias que provocavam cócegas em minha derme.

─ Hoonie, para. Faz cócegas! ─ continuei pedindo a ele em meio a todas aquelas risadas. Ser sensível em algumas partes do corpo não ajuda em nada, apenas reforça o detalhe de que é um pouco mais fácil de lhe colocar em situações, digamos, comprometedoras.

E Park Sunghoon adora se aproveitar de meus pontos fracos na maior cara de pau.

Ele foi parando de depositar beijos no vão de meu pescoço e ficou me encarando, o que fez eu desviar o olhar para o lado. Segurou meu queixo com extrema delicadeza e o guiou até que ficássemos com ambos os olhares conectados. Era delicado na medida correta, o que somente me encantava cada vez mais; e eu sorria conforme ele sorria para mim.

─ Heeseung ligou, disse que vocês têm um encontro marcado para as... ─ olhou em seu relógio de pulso e em seguida me encarou, dizendo: ─ Duas e meia. E já são exatas duas e dez.

Afastei-me bruscamente de onde estava
e corri em direção ao meu quarto, logo
escutando a risada de Sunghoon como
resposta. Estava com uma boa roupa, era
verdade, só que eu não poderia simplesmente sair usando elas. Fazia alguns meses desde que Heeseung se tornou meu agente pessoal e desde então vem me ajeitando trabalhos no ramo do teatro - e, por incrível que pareça, isso tem funcionado muito bem.

Recordo-me dos dias que repassei falas
com ele em alguns momentos ou daqueles que Heeseung me ajudou a decorar com mais frequência. E como ele foi se tornando alguém famoso, o mesmo achou justo. Afinal, o que poderia resultar em produtor de peças que é um ator deste ramo e um ator de doramas super conhecido com direito a agente particular? Isso mesmo, fama e reconhecimento.

─ Por que só me avisou em cima da hora? ─ perguntei ao mais velho enquanto vestia uma blusa cor de vinho com mangas longas. Direcionei minha atenção para uma choker em cima da penteadeira e a coloquei em meu pescoço, e, em seguida, ele respondeu:

─ Eu esqueci, me desculpa mesmo. Mas,
bom, acho que o Heeseung não vai se irritar tanto. ─ parei no meio do quarto após escutar seu comentário. Embora eu soubesse que adversidades aconteciam, gostava de sempre honrar meus compromissos e atrasos são meio chatos. Ainda mais sabendo que o assunto que eu trataria com Heeseung pudesse ser sobre algum trabalho. Aí são outros assuntos, os quais gosto de deixar tudo certo.

─ Ele não vai. Mas, ainda sim, compromissos são compromissos. ─ termino de me arrumar, me olho espelho que residia no nosso quarto e sorrio com aquele resultado. Não importa o que eu use, eu realmente fico lindo de qualquer jeito. ─ Vou lá, até mais tarde.

( . . . )

Peguei o endereço com Sunghoon, dei um
último beijo nele e fui em direção até o
local que Heeseung havia marcado o nosso encontro. Lee adorava lugares mais amplos e confortáveis, e ele via essa descrição, aparentemente, em algumas cafeterias localizadas pelo centro da cidade.

Heeseung ama o sabor existente nas várias xícaras de café, as mais amargas, as mais doces, as mais perfeitas para seu paladar que sempre acaba pedindo por isso. Adentrei no local escolhido por ele, um sininho tocou indicando um novo cliente e antes de falar com meu amigo, fui pedir uma bebida e um doce para acompanhar.

Localizei Heeseung sentado em uma mesa mais afastado com diversos papéis ao redor de si, com uma extrema concentração nos mesmos enquanto tinha uma caneta em mãos. Após ter pagado meu pedido e pegado ele, segui até a mesa para onde ele se mantinha.

─ Desculpa pelo atrasado. Tudo culpa de Sunghoon. ─ organizei os papéis de Heeseung com extremo cuidado, afastei minha xícara de café para longe deles e provei da sobremesa que escolhi. Digeri a porção colocada na poca, e continuei: ─ Ele me avisou muito em cima da hora, quase não tive tempo de organizar tudo. Aconteceu alguma coisa?

Ele me lançou um longo olhar que até deu
um certo arrepio na nuca, jamais tinha
presenciado tal coisa dele - não com tamanha intensidade como agora - e ele mexeu mais uma vez naquelas folhas. Pegou uma de dentre todas elas, e para mim parecia normal e comum. Assumiu uma postura totalmente diferente da que estava antes, e cada vez mais eu me sentia encolhido por aquela aura assustadora que ele começou a ter.

─ Acho melhor você mesmo ler o que há
escrito. ─ cedeu-me o papel lentamente, como se temesse qual seria minha reação diante dele.

( . . . )

Final de ano se resumia, antigamente, a
momentos com a minha família onde eu
escutava uma tia específica falar sobre
as conquistas do filho. E faz algum tempo
desde que minha mãe mandou essa tia tomar naquele canto, pois ninguém mais aguentava aquela mesma ladainha.

Então passar a transição de um ano para
o outro em meio às águas de uma praia na
companhia de todos aqueles que eu amo, é meio surreal. Ainda mais sabendo que quando o ano começasse, eu poderia montar uma peça e exibi-la nos palcos da Broadway. Desde a notícia dada por Heeseung que venho pensando nas várias possibilidades e nos vários roteiros que posso montar para esse evento.

─ Ei, vem cá vocês dois. ─ Heeseung chama nossa atenção em meio a toda aquela comemoração na praia. Lá estavam
conhecidos nossos - meus, deles e alguns
poucos de Sunghoon - e era uma espécie de luau mais íntimo. Ele desejava tirar uma foto conosco para eternizar aquele momento. ─ Obrigado. Querem alguma bebida? Jake faz umas ótimas.

Encontrei meu olhar com o de Sunghoon e
nós dois concordamos com a indagação
feita por nosso amigo. Eu usava um conjunto branco totalmente adorável - um short e uma blusa de botões - enquanto o mais velho optara por uma roupa em tons de rosa mais claro. Caminhei até o início de onde as ondas vinham sentindo a textura da areia molhada ao mesmo tempo que tinha o corpo ao lado do de Sunghoon.

─ Obrigado. ─ ele agradeceu ao meu lado esquerdo afastando meus pensamentos por alguns instantes. Observei o brilho existente em seu olhar, mesmo que tivesse uma pitada de curiosidade mesclada a confusão no meu.

─ Pelo que?

─ Se eu não tivesse conseguido o papel
naquela nossa velha escola e a gente não tivesse conversado, nada disso teria acontecido. Então eu sou grato por tudo que conquistamos. ─ disse ele se referindo as suas recentes conquistas também. Trabalhava como compositor, além de que recentemente montou um trio com Jungwon e um novo garoto, Niki. O qual é uma boa companhia, cozinha muito bem ele. ─ Por isso, muito obrigado.

Depositei um selar por sob sua testa com a maior delicadeza existente. Estávamos com os braços dados, apenas vendo aquele escuro reinando na infinidade do mar. Tudo estava bem quando acabava bem.

Não gostaria de fechar tão cedo as cortinas desse teatro, entrementes, tudo que seja taxado como bom se acaba. E éramos tão jovens quando nos demos as mãos e vimos os fogos, os quais brilhavam acima de nossa cabeça enquanto toda aquela água levava o que de mal havia ficado, deixando apenas dois
garotos apaixonados em meio a carícias e
beijos.

Pois, apesar tudo ter se iniciado em um teatro de colégio, aquele roteiro havia sido o melhor que o destino poderia ter projetado a minha vida.

teatro ✧ sunsun.Onde histórias criam vida. Descubra agora