chapter fifty-eight

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MEU ALEK


O dia amanheceu chuvoso em Donogal e meu tio não pode sair para vender seus produtos no mercado, tampouco trabalhar suas terras graças a chuvinha fina intermitente que caía o tempo todo.

No entanto, um tempo depois do almoço a chuva deu uma trégua e o céu permaneceu nublado, sem nenhuma chance de surgir sol.

– Luke meu filho, estamos ficando sem lenha, aproveite que a chuva parou para cortar um pouco.

– Deixe que eu vou, tia, estou precisando fazer alguma coisa útil.

– E desde quando um escriba sabe rachar lenha? – Meu primo perguntou sorrindo já com o machado na mão.

– Eu não fui escriba a vida inteira, esqueceu que meu pai era um ferreiro? – Sorri de volta para ele tomando o machado de suas mãos e fui para fora.

Luke colocou as duas mãos na boca imitando algo como se fosse a trombeta de um arauto e falou alto dentro da sala:

– Venham todos, venham ver o conselheiro do rei rachando lenha!

– Luke, deixe de tolices e vá ajudá-lo!

Embora o dia estivesse úmido, o tempo se firmou e alguns empregado de meu tio puderam sair de suas casas e trabalhar a terra, eu e Luke, meu primo mais velho nos alternávamos entre rachar lenha e contar histórias da corte de Ethrionn ou das donzelas com quem Luke se engraçava na rua do comércio quando saía com meu tio a venderem suas mercadorias.

Ambos tiramos a camisa pois apesar do clima meio frio, rachar lenhas é um trabalho que sempre aquece o corpo.

A casa de meus tios não era exatamente à beira da estrada mas também não ficava tão distante, de modo que vimos uma carroça surgir na linha do horizonte e vir aos portões, eu e Luke ignoramos e continuamos nosso trabalho, algum dos empregados de meu tio se encarregaria de receber quem quer que fosse que estivesse chegando.

De fato a carroça entrou pelos portões e parou logo em seguida e alguns trabalhadores aproximaram-se.

– Alek, vai cortando que eu vou lá ver quem chegou.

– Tudo bem. – Tomei o machado de suas mãos e recomecei quando instante depois Luke voltou com um sorriso no rosto.

– Parece que você tem visitas, primo, e vai logo porque ela é uma gracinha!

– Que conversa é essa, Luke?

Antes que ele respondesse, mal pude acreditar no que meus olhos puderam ver, logo atrás de meu primo, mancando, andando devagar e cambaleando e suja vinha Kaline Sheriddan, minha doce Kaline, vestida de camponesa, pálida, fraca e com alguns hematomas e ferimentos pelo rosto.

Larguei o machado no chão e corri ao seu encontro, no entanto, antes que eu me aproximasse ela tropeçou nos próprios pés e caiu de joelhos com as mãos no chão. Me joguei de joelhos abraçando-a impedindo que caísse com a cara no chão.

– Kaline? Pelos céus, o que aconteceu?

– Meu Alek... finalmente... eu te achei! – Fechou os olhos e desfaleceu com a cabeça caindo de lado.

– Kaline, não, por favor, não! TIA, LUKE, CATHERINE, SOCORRO! ME AJUDEM!

Tomei-a nos braços e corri para dentro da casa desesperado com meus tios e primos todos saindo no quintal para saber o que tinha acontecido.

Minhas primas menores brincavam de bordar com alguns panos e linhas diante da lareira mas rapidamente desocuparam um banco estofado grande onde a família se sentava para se aquecer diante do fogo nas noites frias.

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