O MONSTRO DE 13 BRAÇOS
Minha nova rotina tinha se modificado completamente, antigamente eu tomava café com minha família em casa e ia direto para a sala de Munro, as vezes ele estava, as vezes não, as vezes voltava logo, as vezes nem voltava, mas sempre, depois voltávamos para a sala de estudos, isso quando ele não me levava para caminhar pelos arredores do castelo, mas sempre estava a me ensinar algo novo, eu nunca cansava de me impressionar em como aquele homem tinha tanto conhecimento e ao mesmo tempo era gentil e sempre disposto a dividir com quem quisesse aprender.
Agora eu e papai vínhamos de casa à cavalo e já que Suzannah tinha caído nas graças da princesa, todos os dias uma carruagem do castelo vinha busca-la pela manhã e trazê-la novamente à hora do almoço.
Eu ainda tomava café com minha família mas agora ao invés de ir direto para a sala de Munro, iria aos aposentos reais me inteirar da programação do rei para aquele dia e só quando sua majestade me liberava é que eu voltava aos meus estudos, minha prioridade agora era servir ao rei, registrando todas as suas decisões, reuniões do conselho real e muitas outras coisas.
Em minha primeira reunião com os conselheiros do rei fiquei bastante nervoso, a começar pelo fato de que eu era o único estrangeiro na sala.
− Meus amigos, nobres da corte e conselheiros, quero vos apresentar o jovem Aleksander Fraser, doravante será ele nosso novo cronista, é um moço inteligente e prestativo. Apesar de ser Irlandês, ele e sua família juraram fidelidade ao trono de Ethrionn.
− Há quanto tempo estás em Ethrionn, rapaz? – perguntou-me um dos nobres à mesa, um rapaz aparentemente na casa de seus 30 anos, embora estivesse sentado dava pra ver que era alto, cabelos pretos curtos e espetados e usava cavanhaque ao invés de barba.
− Quase 3 meses, milorde.
− E já compreendes gaélico?!
− Is urrainn dhomh, a dhuine uasal.
− Majestade, pelos céus, onde encontraste um Irlandês que fala gaélico?
− Indicação de um amigo, Lorde Müller.
− Derek Müller é um de meus conselheiros, Aleksander, ele lidera nossos exércitos além das fronteiras de Alban, todas as companhias espalhadas em todo o reino.
− Estás ciente dos riscos em guardar os assuntos desta sala, meu jovem? – perguntou-me outro dos lordes à mesa, dessa vez um homem forte de barba e cabelos ruivos.
− Estou sim, milorde, o senhor Munro tem me instruído em como proceder.
− Este é William Heslop, responsável pelas contas do reino, creio que já o conheças, mandei-te com Edward à sua casa a umas semanas atrás.
− Sim majestade.
− Este é o conselho dos mais altos nobres em todo meu reino. Considero cada um dos nobres desta sala como um braço a mais governando meu reino. Qualquer dúvida que tiveres, podes recorrer a qualquer um deles que serás bem atendido, dou-te minha palavra.
− Agradeço sua boa vontade, majestade.
− Pois bem, aquela pequena mesa no canto será onde irás trabalhar, ali tendes pena, papel e tinta, enquanto discutimos nossos assuntos aqui é normal que os ânimos se exaltem as vezes, mas não te preocupes, todos nesta sala temos pleno controle de nossos atos.
VOCÊ ESTÁ LENDO
ETHRIONN
RomanceHá muitos anos atrás, quando os reinos dos homens ainda estavam se desenvolvendo, na Grã-Bretanha do século XII, um mago fazia descobertas que não eram para o seu tempo, um jovem escondia de seus pais seu verdadeiro rosto e a despeito da diferença...