CAPÍTULO 26

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CHRISTOPHER UCKERMANN

Paro em frente ao portão da casa de Dulce e toco o interfone. Espero que ela esteja em casa e que me atenda. Para a minha sorte, alguns segundos depois escuto sua voz.

— Oi, Christopher.

— Podemos conversar, por favor? — pergunto e ela nada responde.

O som do portão sendo destravado me faz suspirar aliviado. Assim que entro e fecho o portão, ela abre a porta e eu vou até ela, que abre espaço para que eu entre.

— Sente-se — ela diz quando fecha a porta e eu a encaro.

— Acho melhor você se sentar — digo e ela franze o cenho.

— O que aconteceu?

— O que você sente por mim, Dulce? — sou direto e ela arregala os olhos.

— Christopher, você sabe que eu… — a interrompo.

— Esqueça o Diego ou qualquer outra coisa. O que você sente por mim? Quero sinceridade, Dulce. — Insisto.

Ela coça a nuca, visivelmente nervosa.

— Qual é o seu medo? Parece estar esperando a aprovação de alguém.

Dulce arregala os olhos.

— É a aprovação do CV que você quer?

— O que? — sua voz quase não sai e percebo que sua respiração acelera.

— Eu sei que você gosta de mim, Dulce. Sei que não está com Diego realmente, sei de absolutamente tudo — acabo rindo de nervoso — Sei há um tempo e nem imaginava.

— Do que você está falando? — ela morde o lábio.

— Eu sou o CV, conselheiro amoroso.

— Eu ainda não sei do que você está falando — ela continua se fazendo de desentendida, mas seus olhos arregalados a entrega.

Pego meu celular, abro o app e nossa conversa, entrego para ela que lê as coisas com o cenho franzido. Quando termina, Dulce me olha com lágrimas nos olhos.

— Você sabe esse tempo todo e está me fazendo de palhaça?

— O que? Não! — arregalo os olhos — Dulce, pelo amor de Deus, eu jamais faria isso. Eu descobri hoje, quando você contou sobre a festa em detalhes. Eu não tinha percebido, nem imaginava que você sentia algo por mim. Nunca tive sua identidade, é tudo no anonimato, você sabe.

— Então eu não preciso dizer, não é? Você já sabe o que eu sinto.

— Não, não sei. Não ouvi da sua boca. Eu falei tudo o que estou sentindo olhando em seus olhos.

— Christopher — ela suspira — Eu gosto de você há quase dois anos. Não sei explicar quando comecei a sentir algo além de amizade, acho que foi porque você cuidava muito de mim. Comecei a vê-lo com outros olhos e no começo me senti muito assustada, mas depois aprendi a lidar.

— E por que você nunca me falou? Você sempre teve liberdade comigo.

— Você está de brincadeira, né? — ela riu — Christopher, você vivia dizendo que não queria nada sério com ninguém, que não se apaixonaria tão cedo. Como é que você disse aquele dia que estávamos na sorveteria mesmo? — ela finge estar pensando, mas sei que está tudo na ponta de sua língua. Ela engrossa a voz para me imitar — Eu acho que para isso acontecer tem que aparecer alguém que realmente mexe comigo e me faça mudar meus pensamentos. Eu acredito que essa pessoa ainda não apareceu e parece estar longe de aparecer. — ela me encara e cruza os braços, voltando a falar com seu tom de voz normal — Encorajador, não?

— Tudo bem. — suspiro — Você tem razão. Mas você sabe que não fiz por mal, não é? Nunca passou pela minha cabeça que você sente algo por mim e eu também não tinha conhecimento sobre meus sentimentos por você.

— Eu sei.

— Isso de recorrer ao CV foi ideia de Anahi, não é? Você jamais faria isso.

— Sim — ela ri — E que história é essa de dar conselhos amorosos?

— Me descobri muito bom nisso e pensei, por que não?  — sorrio.

— Realmente, você é muito bom nisso. — ela pisca — Tão bom que se tornou o próprio alvo.

— E o alvo foi atingido com sucesso — me aproximo e ela descruza os braços, me olhando nos olhos. Colo nossos corpos, envolvendo sua cintura com meus braços e roço nossos narizes, em seguida colo nossos lábios e a beijo. Dulce coloca a mão em minha nuca e aprofundamos o beijo. Nossas línguas se encontram em perfeita sintonia e eu sinto meu corpo inteiro aquecer, algo que vai além do desejo e que nunca senti antes. A aperto mais contra meu corpo e levo uma de minhas mãos até seu cabelo, enroscando meus dedos nele.

Quando partimos o beijo, nos olhamos e sorrimos, ainda com nossos corpos grudados. Nos mantivemos assim por alguns minutos, apenas nos olhando e não sei se é loucura da minha cabeça, mas senti que dizíamos muito um para outro apenas no olhar.

— Quer sair comigo hoje a noite? — pergunto.

— Está me convidando para um encontro? — ela arqueia a sobrancelha.

— Estou e você pode escolher onde quer jantar.

— Hum — ela parece pensar e sorri — Na sua casa e que você prepare o jantar para nós.

— Adorei essa escolha — sorrio — Venho te buscar às oito e meia. Adoraria ficar, mas tenho um encontro para organizar — pisco.

— Estarei esperando. — Nos beijamos mais uma vez e eu quase desisto de tudo para passar a tarde com ela. Entretanto, quero que seja especial, quero que ela sinta o quanto é especial para mim e o quanto eu quero que dê certo.

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