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- A mesma coisa de sempre, me levar para o lado deles! -ela diz e eu a encarei-

- E o que você disse? -perguntei engolindo em seco-

- Não, nunca aceitaria ficar com eles depois do que fizeram! -ela deixou claro-

Um clima tenso se formou entre nós, ela ficou calada novamente e eu suspirei fundo.

- Se eles voltarem a incomodar você me avise! -disse sério e ela sorriu-

- Prometo que sempre vou contar as coisas para você. -ela disse erguendo seu dedinho mindinho-

- E eu também! -sorri segurando o seu dedinho com o meu- Agora me conte tudo sobre suas viagens! -pedi-

- Claro. -ela diz e engatamos em uma conversa agradável-

Ela me contou que ficou alguns meses no exército, que fez trilhas e conheceu muitas pessoas pelo mundo.

- E eu também... -ela fez uma pausa-

- Também? -incentivo ela a continuar-

- Reencontrei nossa mãe. -ela diz baixo e eu me engasgo com o vinho-

- O que? -perguntei olhando para ela e ela desviou o olhar- Olha para mim! -mandei-

- Reencontrei ela, como nosso pai ficou com a nossa guarda e nunca deixou a gente ver ela quando éramos menores eu pensei que... -ela faz uma pausa- pensei que talvez ela gostaria de falar comigo pelo menos uma vez.

Minha garganta secou e eu fiquei com medo de perguntar, eu tinha nove anos quando nossa mãe foi embora e a Carol só sete.

- E como foi? -tomei coragem para perguntar-

- Incrível! Eu quase não lembrava dela, mas quando a gente conversou foi como se a gente se conhecesse à anos. -ela disse empolgada-

- Foi bom mesmo? -sorri fraco enquanto dava um último gole no meu vinho-

- Sim e ela quer ver você! -ela disse sorrindo e eu encarei ela-

- Não obrigada! -disse colocando a taça na mesa-

- Por quê? -ela pergunta sem entender-

- Eu e ela não tivemos uma boa despedida, não sei se consigo falar com ela novamente. -disse triste-

- Vai por mim, ela quer muito ver você. Um dia nós vamos ir ver ela novamente! -ela disse sorridente-

- Você não conhece ela tão bem Carol... -disse e ela me olhou séria-

- Claro porque o nosso pai odeia nossa mãe com todo coração e quer a cabeça dela em uma bandeja se caso ela queira se aproximar da gente novamente! -ela disse se levantando-

- Carol não fala assim... -pedi indo atrás dela-

- Assim como? É a verdade Willou! -ela diz parando no balcão da atendente e pagando nosso jantar-

- Deixa que eu pago. -disse e ela nem me olhou-

- Pode ficar com o troco! -ela diz saindo do estabelecimento-

- Carol. -chamei e ela parou na porta do restaurante-

- Que porra só chove nessa cidade? -ela pergunta com raiva e eu suspiro-

- Carol sabe que eu não quis dizer que ela mentiu né? -perguntei e ela me olhou-

- Sei, mas as coisas que ela me contou... Só me fez ter mais raiva do nosso pai! -ela diz e eu puxo ela para um abraço-

- Eu sei o quanto é difícil para você. Me desculpa! -pedi e ela tentou me empurrar-

- Me solta. -ela pediu-

- Não, você tem que entender que eu sou seu irmão mais velho e sempre vou estar aqui por você! -disse e ela revirou os olhos-

- Ok já entendi. -ela disse se soltando de mim- Agora vamos para os dormitórios, já está chovendo.

Concordei e seguimos até o dormitório dela, estávamos encharcados e ela estava rindo que nem uma hiena de tudo que falávamos, talvez já estivesse um pouco bêbada.

- Eu te amo tá? -disse assim que deixei ela no quarto dela-

- Eu também. -ela sorriu e entrou para o quarto dela-

Segui até o meu que ficava em outra ala, eu estava muito cansado então apenas tomei um banho e dormi sem roupa mesmo.

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