[6] Espelhos

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“ Tudo bem[...]
Se for por amor às causas perdidas”
Humberto Gessinger / Paulinho Galvão / Gessinger

Lembrava de um tempo em que vir para o SM era divertido. Ela, For, Tenar e Aqua brincavam tanto. Nem percebeu quando tudo mudou, todos tomaram caminhos diferentes. Sentia saudades de quando viver era simples, sentia até mesmo falta das cantadas de Deon. Quando amava amarelo. De não precisar ver a escuridão. Pois quando era noite na Terra, estava no SM. Se questionou porque tanta lamentação, bem, era porque era seu aniversário, já era uma tradição ficar deprimida nesta data.

Durante três dias, as coisas se mantiveram tranquilas. No entanto, quando chegaram onde Paul deveria estar, tiveram que mudar o caminho.

Naquele ponto, algo tinha mudado.

Samanta, uma das seguidoras de Cairo, estava morta. 

Em uma casa abandonada, cuja metade das paredes não existia, o piso estava invadido por ervas daninhas, uma sobrevivente do ocorrido se recuperava. Ela tentava realocar sua perna direita, como se fosse uma prótese. 

— Laura…

— Não precisa — disse ao perceber que Bris procurava palavras para se dirigir a ela. — Sei que não é boa com palavras, e não estou triste.

Era a filha de Samanta, o rosto dela sempre pareceu estranho, não havia expressões. Foi impressionante, como só havia percebido agora, ela era uma boneca.

Na tarde, quando o mago chegou, Bris se escondeu longe da casa. Não estava pronta para encontrar Cairo ainda. Ele sabia que ela estava ali, mas não a importunou. Sua atenção era de Laura, e a história de como tudo havia acontecido. Então ela contou a todos os presentes.

“ Quando Samanta chegou em casa, um velho conhecido já estava ali. Havia se convidado para entrar, sentado em sua mesa, como se fosse velhos amigos. Laura estava do lado dele.

— Mãe, temos visitas.

 Samanta observou ao seu redor, havia mais uma pessoa ali. Não gostava daquele homem, sua presença lhe causava um frio na espinha. Não soltou a porta ainda aberta, que segurava ao abrir. 

— Qual o motivo da visita? 

— A Torre tinha pedido para você os ajudar, isso já tem um tempo, você não os ajudou. Estive me perguntando porquê?

— Há muito tempo não trabalho para a Grande Torre, você sabe muito bem o porquê.

— Sei, mesmo assim você esteve no reino do Vento. Quais suas intenções indo até lá? — Não havia nada além de um sorriso presunçoso em seu rosto. — Estava procurando alguém, quem sabe trazendo com sua presença a falsa sensação de está fazendo seu trabalho? Ocultando a presença do negado que deveria entregar ao Vento, não seria a primeira vez que faz isso.

Algo no olhar da mulher mudou, como se o titã tivesse tocado em uma ferida nunca sarada. 

— Você estava naquela confusão na floresta proibida. — Ele continuou.

— Não, eu não estava. — Sua voz nem tremeu.

— Engraçado — levou uma mão ao queixo, fingindo estar refletindo — Rebeca Kari jurou ter visto você lá. Então, se não estava do nosso lado — estalou os dedos — estava do outro lado.

Samanta logo entendeu o motivo dele estar ali, do ataque sem sentido e precipitado do reino do Vento. Nívea se aliou a um reni de recursos sem precedentes e caráter inescrupuloso.

— Laura, corra! 

A ordenou, e assim que a garota moveu um centímetro, Estearijor se levantou e usou a lâmina que descansava em suas pernas para atravessar o corpo de Laura, até fazê-la encostar na parede ao lado. Era um golpe fatal, mas nem sequer uma gota vermelha escorreu pela lâmina, o rosto de Laura parecia inabalado. 

Universo obscuro - Livro 3Onde histórias criam vida. Descubra agora