[10] Achou

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A esposa do capitão extravasou sua raiva.

Depois de muitos tapas, socos e pontapés, foi que afastaram Undo Lysis dela. O homem foi jogado então em uma pequena prisão abaixo do casarão.

Depois de tudo, Eliseo notou o suor e a respiração pesada de M. Se juntou a ele, batendo seu corpo no ombro do rapaz.

— Nem foi complicado, mesmo assim você está aí morrendo. — Estalou a língua em desaprovação, mas havia diversão em seu tom de voz.

Diferente do habitual, M não reagiu ficando irritado. Eliseo riu com um traço de irritação:

— Que foi? — Perguntou batendo mais forte, mas não teve resposta da outra parte.

Eliseo não se preocupou, não estava com ânimo para insistir. Resolveu ir cuidar de seus próprios assuntos, se dirigindo para o casarão.

Ainda era cedo, o capitão subiu para resolver as questões pendentes em seu escritório. Os outros piratas cuidavam de suas tarefas diárias, e alguns se mobilizaram para reparar qualquer dano causado pelo ataque. Tudo correu bem.

Os visitantes, a pedido de Eliseo, ficaram pelo restante do dia. Ele já tinha acertado com eles, não estava disposto a jogar dinheiro fora. Logo aproveitou aquela mão de obra e descansou o restante do dia.

A noite chegou como um bater de asas. Eliseo já estava entediado de não fazer nada, ou ficar conversando com os outros. Os piratas começaram a tomar rua para suas cabanas ou cômodos simples ao redor do acampamento. Os que iriam ficar de guarda na madrugada se dirigiam para pegar seu posto e deixar os da manhã descansar.

Não havia mais quase ninguém pelas redondezas, ainda assim, Eliseo não viu M passar para o casarão. Ele foi até alguém, que voltava de seu posto da manhã.

— Ei, viu o M?

— Ele tomou um posto, chefe*.

— Aquela pimenta ambulante!

Eliseo saiu pisando irritado. Que M colocasse Yuri ou Enako, eles estavam ali para isso, pensava Eliseo. M insistia em trabalhar sem descanso, claro que energia era bem vinda, mas as pessoas precisavam saber seus limites e agarrar as oportunidades ociosas. E esse tempo era um tempo que poderiam passar juntos. M podia não ser a pessoa mais divertida do mundo, mas ainda era seu amigo, que deveria arrastar por aí.

Eliseo errou alguns postos antes de finalmente descobrir onde M estava. Era uma das rotas no norte. Procurou M por toda a área, e nem um sinal dele. Nem passou pela cabeça de Eliseo retornar e ver se ele tinha voltado, M nunca deixaria o posto sem aviso. A aflição começou a crescer em seu coração. Undo ainda estava na prisão, sem tirar que ele era um fracassado louco, não havia nada que ele pudesse fazer.

O rapaz percorreu o caminho para fora do acampamento, buscando indícios de para onde ele poderia ter ido, ou se mais alguém esteve por ali. Eliseo não se preocupou em avisar no acampamento, desta vez o único motivo era sua impulsividade. Agir sem pensar era uma de suas características marcantes, uma das quais o capitão estava tendo dificuldade em mudar.

☆☆☆

A pessoa que Eliseo procurava não estava, fisicamente, muito longe dali. Sua mente, no entanto, percorria caminhos formando círculos. Tanto que sua cabeça doía. M vagava sozinho, como "um fantasma de branco em meio a escuridão da noite"**. Não era um dia sem satélites, mas nuvens cheias passavam e jogava sombras sobre a superfície do Segundo mundo.

Duas respirações profundas podiam ser ouvidas no calar da noite. Aquela figura de branco se esgueirou pelas paredes de rochas, podia não ouvir, mas sabia que estavam lá. Mesmo que sua visão tenha se adaptado, ainda estava muito escuro. Não conseguia ver onde as pessoas estavam.

Universo obscuro - Livro 3Onde histórias criam vida. Descubra agora