Prologue

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Karl Zor-El recostou-se na cadeira pensando sobre seu encontro marcado para a hora do almoço.

Precisava apenas cuidar daquela pequena tarefa e então estaria...

O toque do telefone interrompeu-lhe os
pensamentos.

— Karl Zor-El falando.
— Sr. Zor-El... Estou ligando para me desculpar com o senhor.

Uma voz masculina falou.

— Por que você está se desculpando? Quem está falando?
— A... a doação de esperma que o senhor fez foi acidentalmente desviada.

O homem respondeu depressa demais. Tão depressa que Karl levou alguns segundos para entender o que tinha acabado de ouvir. Karl empurrou a cadeira para trás e levantou-se num pulo quando entendeu o significado. Vagarosamente então, ele disse.

— Por "desviar" você quer dizer que alguma mulher... Alguma mulher está esperando um filho meu?

A voz dele aumentou de tom.

— Alguma... quem?
— Esta é uma informação que não podemos passar para o senhor. Só sabemos que isso aconteceu porque a mulher era uma funcionária da sua empresa e foi por isso que o atendente pensou que seu esperma era o que ela queria. E... Gostaríamos de informá-lo que sentimos muito pelo inconveniente.
— Inconveniente? Que absurdo! Dê-me o nome da mulher.
— Nós não podemos fazer isso, sr. Zor-El. Seríamos processados.

Karl não se importava se eles fossem processados. Droga!

Ele próprio poderia processá-los.

Ele doara o esperma porque seu melhor amigo Winn Schott Jr, descobrira que estava com câncer. Ele ia começar a fazer radioterapia e queria guardar o próprio esperma para o futuro.

Karl tinha ido com ele para dar um apoio moral e o orientador que eles tinham consultado, sugerira a Karl que também fizesse a doação.

Afinal, ninguém podia prever o futuro e no caso de acontecer algum problema com o sêmen de Winn, poderiam usar o de Karl. Ele acabara de saber que a esposa de seu amigo engravidara pelo processo natural, e então decidira que iria ligar para o banco de esperma e pedir que destruíssem seu donativo.

Tarde demais.

— Quando isso aconteceu? Acho que pelo menos isso vocês podem me dizer.
— Foi... foi recente, mas eu não posso lhe informar nada mais que isso. Até logo.

Então ele passou a escutar o sinal de ocupado ao telefone e desligou.

E agora?, pensou. O que ele faria?

Será que deveria pedir a Lena para... Não. Não queria expor aquele problema a ela.

Lena era a sua eficientíssima secretária e mostrava-se tão rígida com ele quanto com ela mesma. Karl não se via confessando a Lena que tinha sido desleixado com o próprio esperma!

Certo, então ele teria de lidar com aquilo sozinho. Ele... Sim, procuraria entre suas funcionárias qual estava grávida.

E perguntaria a elas quem era o pai?

De repente deu-se conta de que não poderia agir dessa maneira. Não, ele precisava de uma razão.

Depois de uma batida à sua porta, Lena entrou.

— Você vai sair para almoçar?
— Sim, humm, sim, mas eu...

Repentinamente ele teve uma inspiração.

— Eu tenho uma pergunta a lhe fazer. Nós temos algumas funcionárias que estão grávidas?

Ela o fitou e então assentiu, sem entender.

— Sim.
— Certo. E nós oferecemos alguns benefícios a elas?

Lena pestanejou, as faces corando.

— É. Eu estava me perguntando se deveríamos fazer mais em relação a isso. Como por exemplo... criar uma creche. Eu li um artigo sobre os benefícios advindos para as companhias que facilitam a vida de seus funcionários.
— Verdade?
— Sim, E resolvi que amanhã, vou fazer uma pesquisa entre nossas funcionárias para saber quantas estão grávidas. Por favor, providencie uma lista com o nome de todas funcionárias da empresa.
— Sim, senhor.
— Você pode me entregar a lista no final do expediente?

Perguntou ele.

— Farei o possível, senhor.

Ela depositou alguns papéis sobre a mesa dele e virou-se para sair.

Karl quase não conteve um sorriso. Afinal, no dia seguinte ele descobriria quem estava esperando um filho dele.

Touched On EyesOnde histórias criam vida. Descubra agora