bilhetes

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João

13 de março, segunda-feira.

Quando me dei conta, lá estava eu olhando para ela. Poliana era de longe a menina mais linda da escola, e eu estava apaixonado por ela a meses e não conseguia esconder. Ela mexia em seus cabelos escuros tingidos de loiros e isso só fazia eu me apaixonar mais. Fui tirado de meus pensamentos quando escutei a professora chamar minha atenção perguntando se já havia terminado a lição que ela tinha passado. Mesmo voltando a escrever não conseguia deixar de pensar em algo para me declarar a ela.

João: Ei macho... Luigi! - Disse em um tom quase sussurrando.

Luigi: Que foi João? - Fala ainda concentrado no caderno.

João: A gente pode conversar?

Luigi: Agora macho? A gente tem um monte de exercício para fazer.

João: Claro que não né, tu é besta?

Luigi: E sobre oque seria o assunto?

João: Depois te falo, vamos terminar a tarefa. - Continua a escrever.

[...]

A última aula chegou ao fim arrumei minhas coisas e fui ao pátio esperar o Luigi.

Luigi: Fala João! Oque você queria dizer? - Diz se aproximando.

João: Então macho, eu tô aperreado com uma coisa e preciso de uns conselhos de um amigo.

Luigi: Pode falar.

Minhas mãos suavam frio, era a primeira vez que falava sobre meus sentimentos para alguém a não ser os meus travesseiros e cobertores.

João: Eu estou gostando da Poliana, acho que estou apaixonado... - Disse enquanto coçava a nuca.

Luigi: E?

Luigi não parecia muito surpreso com a minha fala, fiquei confuso.

João: Você escutou oque eu disse? Eu estou gostando da Poliana. - Falava confuso.

Luigi: Sim eu escutei, mas oque tem isso?

João: Você não vai ficar surpreso?

Luigi: João, todo mundo sabe que você gosta da Poliana, e de um tempo para cá isso ficou muito mais nítido.

João: Arre-égua macho, tá tão na cara assim?

Luigi: Pior que sim, acho difícil ela não ter percebido ainda.

João: Como eu sei que ela percebeu, se é recíproco?

Luigi: Bom, se ela é mais carinhosa com você, se ela te olha com mais frequência ou até se você sente que deixa ela nervosa quando estão perto um do outro.

João: Esse é o problema má (cho), ela é carinhosa com todo mundo, me olha da mesma forma como sempre, e eu não sou vidente pra saber se ela fica nervosa quando está comigo.

Luigi: Então fica difícil João, acho que você pode tentar demonstrar mais que gosta dela, se ela retribuir, você se declara.

João: É isso que eu vou fazer, ou melhor, tentar, você tem alguma ideia de como posso mostrar que estou afim dela, sem que ela perceba?

Luigi: Aí já complica né, acho que você pode chamar-lá para sair a tarde, ir na padaria, tomar um sorvete talvez, chamar ela para ir na sua casa, recados fofos... Quer dizer, mensagens né, pareci um idoso falando recados.

João: Muito obrigado Luigi, foi ótimo conversar com você, com certeza vou usar suas dicas, só não conta para ninguém sobre essa conversa.

Luigi: Beleza, vamos indo?

João: Bora. - Disse saindo da escola junto com Luigi.

Quando o Luigi disse a palavra "recado" e em seguida "idosos", tive uma ideia perfeita, mandar bilhetes, assim como era antigamente no tempo dos "idosos". Eles mandavam cartas para se comunicar, e eu mandaria bilhetes anônimos para conseguir demonstrar um pouco do meu carinho por ela sem dizer que sou eu.

No dia seguinte eu cheguei na escola com minha tia e o Bento, fui direto para a sala e vi que a bolsa de Poliana já estava em sua carteira, escrevi um pequeno bilhete rapidamente e coloquei no meio de seu livro antes de ser visto, sai e fingi naturalidade para não perceberem.

Ela talvez ficaria muito confusa com o bilhete, e perguntaria a Kessya sobre isso, depois tentaria investigar quem colocou aquele pequeno pedaço de papel em suas coisas mas falharia miseravelmente pois ela não tomaria atitude de descobrir, e eu se...

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Ela talvez ficaria muito confusa com o bilhete, e perguntaria a Kessya sobre isso, depois tentaria investigar quem colocou aquele pequeno pedaço de papel em suas coisas mas falharia miseravelmente pois ela não tomaria atitude de descobrir, e eu sei disso tudo porque sou melhor amigo dela, e com certeza ela não desconfiaria de mim.

O sinal tocou e todos foram para a sala sentando-se em seus devidos lugares.

Poliana sentava nas primeiras carteiras ao lado de Kessya, eu ficava um pouco mais atrás perto de Luigi, não tirei os olhos da mochila dela nem por um segundo, quando percebi, ela estava pegando justamente o livro do bilhete, senti que iria desmaiar ali mesmo, mas lembrei que ela não saberia que sou eu, fiz uma letra completamente diferente da minha, que é um garrancho, então fiquei mais calmo.

O que me assustou ou confortou, (Ainda não sei distinguir esses sentimentos) foi a cara que ela fez assim que percebeu o papel ali.

JUNTOS E SEPARADOS || JolianaOnde histórias criam vida. Descubra agora