Luiza sentiu as pernas cederem, ela se apoiou na mesa, um enjoo súbito tomando conta de seu corpo, as meninas se aproximaram, Gabriela acariciou seu ombro e sussurrou para ela ficar calma, o que não adiantara merda alguma, a amiga se dobrou ao meio colocando as tripas para fora.
Luiza se apoiou no canto da parede, de costas para ninguém a ver, seu medo era irracional, daqueles que faziam acelerar o coração e doer o estomago, ela teve um passado e tanto com psicólogas, a mãe notara quando criança que o medo dela era extremo demais para ignorar, ela dormia de luz acesa, tinha medo de insetos, animais, até mesmo gato, achava que ele viraria um monstro a noite e a comeria viva.
— Luiza! — Yuna sibilou ao se aproximar. — Não precisa fazer isso, é só um jogo idiota.
— Exato, é só um jogo idiota, não precisa ter medo — Yara validou, mas o semblante não estava cem por cento de acordo com suas palavras. — Vamos lá! Você consegue!
Gabriela estudou a pequena amiga de soslaio, algo na voz dela estava diferente.
Luiza levantou o olhar com dificuldade para a morena e sua feição de desacreditada era a máscara perfeita para aquele momento, ela gargalhou descrente e tombou a cabeça para o lado, Yara engoliu em seco.
— Você mais que ninguém sabe das coisas que eu passei, Yara! — A voz de Luiza vacilou em uma palavra e outra, ela espremeu o corpo ao sentir outra onda de enjoo vir à tona.
— É só um jogo, eu quero ir embora logo — Yara sustentou um olhar severo, mesmo que tal atitude lhe doesse como um soco no estômago, a voz de Lorenzo ainda lhe ressoava a mente. — Por favor! — Ela uniu as mãos em frente ao peito. — Vamos embora logo!
Gabriela espremeu os lábios, concluindo que de fato, algo havia acontecido com Yara, a voz distorcida da amiga, a fala severa não era de seu feitio, ela queria passar algum sinal para as outras, não era surpresa alguma que Yara pudesse ter descoberto algo, depois de Gabriela ela era a mais inteligente do grupo, tinha olhos ágeis para perceber as coisas.
— Ela tem razão — Gabriela entrou na onda. — De todas nós você foi a que mais detestou a ideia de vir aqui — Sua voz soou serena na tentativa de persuadir Luiza. — Então vamos terminar com isso logo.
O semblante de Luiza congelou, a risada de vitória do Rei surgiu de novo.
— Até suas amigas estão te chamando de covarde! — Ele zombou, passos soaram atrás dele, ele não está sozinho, Gabriela fez uma nota mental. — Você tem dez minutos para sair desse galpão.
— Ou? — Gabriela questionou apressadamente.
— Ou — O Rei repetiu, a voz ornamentada com toda sua arrogância, dessa vez não foi só Luiza que se encolheu, todas elas sentiram o corpo se arrepiar.
—Não, queremos ir embora, não pode nos manter aqui! — Gabriela elevou a voz o mais alto que pode. — Devolva nossos celulares e deixe-nos irmos embora! — Ela se virou na direção da porta, a mesma não abriu, Yuna e Yara correram para ajudar, mas estavam trancadas ali.
— Isso é crime! — Yuna gritou para as paredes. — Não pode nos manter aqui, é cárcere privado seu doente de merda!
— Droga! — Luiza esfregou a barriga. — E agora?
— Quem é você?! Por que não vem aqui?! — Gabriela ordenou, sua voz era delicada, mas sólida e fria como gelo.
O Rei riu, mas não parecia sincero, um respiro profundo foi dado antes dele murmurar algo para alguém, elas não conseguiram ouvir.
— Oito minutos Luiza! — Ele disse seco, elas puderam ouvir passos do lado de fora do cômodo, Gaby tentou abrir a porta novamente, mas não conseguiu. — Termine o jogo, vieram aqui para isso, não vão sair sem terminar.
— Deixe-me ir no lugar dela — Yara se ofereceu, Luiza piscou atônita na direção dela.
— Admiro sua bravura — A voz do Rei soou briosa, sim, pela primeira vez ele deixou seu ego de lado ao falar com elas, Gabriela semicerrou os olhos. — Mas isso é contra as regras, cada uma tem que fazer seu próprio jogo.
—Tá bom! Eu vou! Merda! — Luiza jogou as mãos para o ar, seu coração batia tão rápido que ela achou que fosse morrer ali mesmo, bom, pelo menos não precisaria fazer o maldito jogo.
A porta se abriu, Gabriela e Yuna deram de cara com dois mascarados, usavam máscaras de porco e estavam parados lado a lado, parecendo dois seguranças.
— Coloque sua máscara peão preto! — O Rei pediu para Luiza, ela obedeceu depressa, antes que sua valentia evaporasse feito álcool. — Nós lhe garantimos um caixão de ébano ou um sarcófago cravejado de jadeite, ou que tal, uma urna cinerária feita em porcelana chinesa, um vaso caro da dinastia Ming?
As meninas fizeram uma cara de interrogação, o que diabos ele está falando? Pensou Gabriela. Um terceiro mascarado surgiu, era o primeiro que elas tinham visto, Cavalo, ele tomou o meio da porta, estendeu a mão na direção de Luiza, ela sentiu a respiração parar.
— Chegou sua vez Hannibal Lecter — O Rei articulou teatralmente, com a voz computadorizada soando grave.
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Xeque-mate
Mystery / Thriller(Conto) Uma mensagem estranha é enviada para quatro amigas. Yara, Luiza, Yuna e Gabriela são estudantes do colégio Prime e, em um dia normal na vida pacata das alunas, uma delas recebe uma mensagem enigmática, logo mais, as outras vão recebendo suce...